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Os bons, os maus e os feios do futebol

Futebol anormal também é bom, mau e feio, assim como o clássico de Sergio Leone. Veja algumas histórias do esporte que vão do exagero ao lamentável.
Imagem: Reprodução/Wikimedia Commons

O futebol é uma representação da realidade, raramente controlada, porque há pessoas e variáveis demais. Neste seu domingo, enriqueça seu repertório conhecendo, sabendo ou lembrando de momentos que desafiaram a normalidade com a mesma facilidade do que políticos e seus influencers de estimação evitam qualquer tipo de conhecimento. Divirta-se (se você não torcer para o Minerul Aninoasa ou Southampton…)

  1. Mais Gols em um Ano Calendário: Lionel Messi estabeleceu o recorde de mais gols em um ano calendário em 2012, marcando 91 gols pelo Barcelona e Argentina. Esta façanha quebrou o recorde anterior de Gerd Müller de 85 gols em 1972. O anormal argentino marcou gols de todos os modos possíveis: com ambas as pernas, de cabeça, falta, pênalti, jogada individual, tabela e qualquer outra coisa que você imaginar. Nenhum dos jogos foi contra os Amigos de Romário.

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  2. Cartão Vermelho Mais Rápido: Lee Todd detém o recorde do cartão vermelho mais rápido na história do futebol, sendo expulso apenas dois segundos após o início de uma partida pelo Cross Farm Park Celtic em 2000. Todd foi dispensado por linguagem obscena após reagir ao apito do árbitro que iniciava o jogo, dizendo que era muito alto e o assustou, mostrando uma das expulsões mais bizarras do esporte. Vai saber que cazzo o Todd não falou para o juiz.

  3. Gol Mais Longo já Marcado: Em 2013, Asmir Begović, goleiro do Stoke City, marcou contra o Southampton a partir de sua própria área. O gol foi oficialmente medido em 91,9 metros, tornando-se o gol mais longo já registrado na história do futebol. Este gol resultou de um chute longo que quicou sobre o goleiro adversário, que foi surpreendido pelo vento e pela trajetória.

  4. Jogo com Maior Placar: A partida de futebol profissional com maior pontuação reconhecida pela FIFA ocorreu em 1960, quando o AS Adema derrotou o l’Emyrne por 149-0 em Madagascar. Essa pontuação bizarra foi resultado do l’Emyrne deliberadamente marcando gols contra em protesto contra decisões de arbitragem percebidas como injustas em partidas anteriores. O time melgaxe é o detentor do troféu “Várzea de Ouro”.

  5. Mais Cartões Amarelos em uma Única Partida: A “Batalha de Nuremberg” entre Portugal e Holanda na Copa do Mundo da FIFA de 2006 viu um recorde de 16 cartões amarelos e 4 cartões vermelhos emitidos pelo árbitro. Esta partida é infame por seu jogo agressivo e interrupções frequentes, refletindo as altas tensões e apostas do futebol de eliminação. A cada 4 minutos, o homem de preto pôs a mão no bolso. Não se sabe de nenhum apostador que tenha ficado milionário acertando a quantidade de cartões do jogo.

  6. O Jogador de Futebol Desaparecido – Ali Dia (1996): Ali Dia é um nome que se tornou famoso por um dos mais bizarros golpes no futebol. Você sabe quem é? Então, o escocês Graeme Souness, aparentemente também não. Em 1996, Souness, então técnico do Southampton, recebeu uma ligação supostamente de George Weah, Jogador do Ano da FIFA, recomendando seu primo Ali Dia, alegando que ele havia jogado pelo Paris Saint-Germain e tinha 13 jogos internacionais por Senegal. Com base nessa recomendação, Dia foi contratado por um curto período. Dia jogou apenas uma partida, entrando como substituto e estava tão claramente fora de seu nível que foi substituído depois de apenas 53 minutos. Adivinhe: Weah tinha mais o que fazer do que se preocupar com o Southampton.

  7. A Partida do Nevoeiro – Copa da UEFA 1984 (Anderlecht vs Nottingham Forest): Esta partida ficou famosa não pela habilidade em exibição, mas pela neblina tão densa que a visibilidade era quase zero. O árbitro decidiu continuar a partida, mas as condições eram tão ruins que os jogadores mal conseguiam ver a bola. Fãs e comentaristas não tinham ideia do que estava acontecendo no campo. A partida terminou 3-0 para o Anderlecht.  Nível Várzea de Prata. Podia perfeitamente ser um jogo do Paulistão.

  8. A Maldição do Feiticeiro – Copa do Mundo de 1970 (RD Congo): Antes da Copa do Mundo de 1970, a RD Congo (então Zaire) teria sido amaldiçoada por um feiticeiro local depois que a equipe se recusou a pagar por seus serviços. O que se seguiu foi uma das performances mais desanimadoras em uma Copa do Mundo, onde os jogadores do Zaire pareciam confusos e jogaram mal durante todo o torneio. Isso culminou no infame momento em que Mwepu Ilunga saiu da barreira para chutar a bola para longe durante uma cobrança de falta contra o Brasil antes que a falta fosse cobrada, visivelmente sob a influência da maldição, posteriormente confirmada pelo LIT (Lamentável Institute of Technology) e benzida com água vendida por uma igreja genérica.

  9. Coréia do Norte campeã mundial: no país mais desconectado do mundo, a Copa de 2014 não foi vencida pela Alemanha, mas pela seleção local. O governo do ditador Kim-Jong-un noticiou na rede estatal de televisão um vídeo sobre a campanha norte-coreana na Copa. O esquadrão norte-coreano, segundo a matéria, teria batido Japão, EUA e China antes de se sagrar campeão contra Cristiano Ronaldo e Portugal. Não se sabe ao certo se o vídeo foi ao ar mesmo, assim como não se sabe ao certo nada sobre Pyongyang, mas a CBF devia fazer como quando distribuiu títulos nacionais aos compadres de Ricardo Teixeira e fazer valer o título norte-coreano. O 7 a 1, nesta versão, não teria acontecido.

  10. O campeonato mais duro (1984): Campeonato parelho não é absolutamente prova de campeonato bom. Fosse assim, a terceira divisão da Romênia seria a Premier League. Na sua edição 1983-84, dois pontos separavam o vice-campeão do primeiro time rebaixado numa liga de 16 clubes. O último colocado, o glorioso Minerul Aninoasa, com seus 28 pontos, foi rebaixado, mas se tivesse vencido uma partida a mais, terminaria em sexto.

Point Blank

Difícil Confissão: é difícil encontrar assunto no futebol num momento em que se tem a enésima prova que mudança climática é um inimigo muito maior do que o PCC, ou do que os desocupados de férias até 2026 em Brasília. O país que você vai deixar para seus filhos é um de tragédia uma vez por mês?

Lembrete No próximo verão, quando você meter o ar-condicionado no talo, lembre-se que você pode estar na próxima capital mergulhada no rio. Lembre-se disso também quando seu candidato não der bola para desmatamento e coisas do gênero. 

Cassiano Gobbet

Cassiano Gobbet

Jornalista, vive na trilogia futebol, tecnologia e (anti) desinformação. Criador da Trivela, ex-BBC, Yahoo e freelancer em três continentes. Você o encontra no Twitter, Bluesky ou por aí.

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