Os quiosques touchscreen “indestrutíveis” do futuro que vão tomar o metrô de Nova York

O metrô de Nova York vai ganhar quiosques de informação ultrafuturistas: é coisa de ficção científica, completamente modernizando as artérias da metrópole onde for necessário. E nós fomos ao distrito financeiro de Nova York para conferir um protótipo em funcionamento. No terceiro trimestre, as telas sensíveis ao toque de 47 polegadas vão invadir as estações […]

O metrô de Nova York vai ganhar quiosques de informação ultrafuturistas: é coisa de ficção científica, completamente modernizando as artérias da metrópole onde for necessário. E nós fomos ao distrito financeiro de Nova York para conferir um protótipo em funcionamento.

No terceiro trimestre, as telas sensíveis ao toque de 47 polegadas vão invadir as estações de metrô mais movimentadas de Nova York, incluindo a Grand Central, Union Square e Jackson Heights, Queens. E, embora em alguns aspectos eles sejam apenas mapas digitais de metrô, os quiosques novos podem mudar a maneira como se viaja de metrô.

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Os quiosques de metrô foram criados pelo Control Group, uma “consultoria de tecnologia e design” com sede em um escritório minimalista-chic no 21º andar de um arranha-céu em frente à prefeitura.

Mas como o metrô de Nova York, que lida com problemas de falta de dinheiro, está esbanjando com brinquedos touchscreen caros? Na verdade, é o Control Group que vai pagar a conta inteira: para conceber e instalar os quiosques, a MTA não vai gastar nada. Com isso, a firma recebe o controle criativo sobre os quiosques, e controle sobre o possa gerar receita para eles.

A fase piloto de 30 meses é uma versão beta do projeto, e muito do papo sobre as instalações recai no jargão sobre otimizar as “jornadas do usuário” com informações infinitamente adaptáveis. Isso não é bem o que estes quiosques entregam por enquanto. Mas quando forem lançados, eles ainda serão bem impressionantes. Eis um rápido resumo de como eles funcionam, e que vão fazer.

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Isto não é um smartphone

Estas não são as touchscreens capacitivas que você encontra em smartphones. O pinch-to-zoom não funciona nesses quiosques, porque eles usam uma tecnologia completamente diferente. Tal como acontece com as touchscreens nas atuais máquinas de venda automática no metrô, interagir com a tela vai exigir mais uma cutucada firme do que um toque de leve com o dedo.

O princípio é o mesmo que no smartphone: uma tela LCD com uma camada sensível ao toque. Mas a diferença está na camada de toque, que neste caso usa uma tecnologia da 3M de sinal dispersivo. Em vez de utilizar uma camada que conduz eletricidade, como touchscreens capacitivas, o quiosque tem sensores nos cantos que calculam a posição do toque com base em vibrações que seu dedo causa na superfície.

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Como ela usa vibrações para calcular a posição, a frequência das ondas faz uma grande diferença no desempenho da tela. Cutucar a tela com uma caneta ou com a unha funciona melhor do que a ponta do seu dedo. E quando você toca a tela, não há uma resposta instantânea como você esperaria: há um pequeno lag enquanto a tela calcula a posição do toque e traz a informação que você quer.

Claro, nós estávamos testando um protótipo, e o Control Group diz que os problemas em interagir com a tela serão resolvidos consideravelmente até o lançamento. Mas de um jeito ou de outro, isso nunca vai ser uma experiência ótima como a que você está acostumado a ter no seu smartphone. Nem deveria ser: estes quiosques são hardware com resistência industrial, que precisam ser tão duráveis quanto catracas.

E este é um ponto importante: as telas são quase indestrutíveis. Colin O’Donnell, parceiro do Control Group, até nos contou como uma gangue com bastões poderia atacar um desses quiosques sem quebrá-los. Mas outra pessoa da empresa nos disse que isso pode ser um exagero. Ou, pelo menos, disse que é melhor se as pessoas não tentarem destruir um equipamento caro no metrô. Mas você pode até socá-lo sem quebrar, como O’Donnell faz neste GIF:

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Se alguém estiver preocupado que as telas começariam a ficarem cheias de suor e germes, isto deve amenizar (um pouco) o problema: elas podem ser lavadas com as mesmas mangueiras de alta pressão utilizadas nas plataformas de concreto. Isso é possível pois o quiosque foi projetado de forma que seus componentes eletrônicos internos ficam completamente isolados do mundo exterior. Mesmo assim, você não quero tocar a tela com sua mão? Então use uma caneta ou uma moeda – ela também funciona com objetos.

E o que essas telas podem fazer por nós? É aí que fica bom.

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O único objetivo de qualquer viajante de metrô é ir do ponto A ao ponto B da forma menos incômoda possível. Como em Nova York há muitas linhas de metrô, nem sempre isso é óbvio. Assim, na estação de partida, você pode tocar seu destino no quiosque e ele mostra o caminho mais rápido até lá, informando o tempo previsto de viagem. Quando você chegar a uma estação com um desses quiosques, você poderá acessar um mapa do bairro com informações sobre pontos de interesse locais.

Sim, já existe um app para isso. Há muitos, na verdade! Mas frequentemente, esses apps exigem uma conexão à Internet – que nem sempre está disponível no subsolo – e eles quase nunca levam em conta mudanças na operação dos trens. Enquanto isso, no quiosque, as informações devem estar sempre 100% atualizadas o tempo todo.

Por enquanto, o Control Group vai se concentrar em previsão do tempo das viagens a partir das estações que tenham quiosques. Outras estações poderiam ser úteis – às vezes é melhor andar algumas quadras para começar a viagem – porém o uso mais provável será começar de onde você está.

Mas como guardar as informações que o quiosque mostra na tela? Curiosamente, os testes do Control Group mostraram que recursos como NFC e conectividade Wi-Fi não eram realmente a melhor maneira de resolver o problema. A primeira coisa que as pessoas fazem quando veem um mapa com instruções é tirar uma foto dele com o celular. Por isso, as dimensões da tela do quiosque são perfeitas para se fotografar.

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Notificações úteis

O sistema atual da MTA para alertar os clientes sobre manutenção programada e interrupções em linhas não funciona muito bem. Houve algumas melhorias no último ano com serviços online como o retrofantástico mapa Weekender, mas a melhor informação em estações ainda é um mural de avisos impressos colocados em plataformas:

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Não só isto é difícil de decifrar, como não pode responder em tempo real. Imagine receber notificações instantâneas sobre incidentes em uma tela fácil de ler. Ou melhor ainda, imagine uma tela que imediatamente ofereça opções alternativas de transporte. É isso que o quiosque oferece – melhor que um aviso meia-boca saído de um alto-falante.

Aumento de receita

Na superfície, esse lançamento inicial pode parecer apenas como uma tecnologia pela própria tecnologia. Claro, o que temos não é incrível, mas funciona. Ninguém gostaria de pagar mais caro pelas passagens para ter isso, certo?

Na verdade, o objetivo deste sistema é conter o aumento das passagens. Há todo um idealismo sobre fazer as pessoas se deslocarem de forma eficiente pela cidade, mas o que realmente temos aqui é uma plataforma de publicidade mais sofisticada.

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Atualmente, a CBS tem monopólio sobre a publicidade de metrô, mas seu contrato expira em breve. O Control Group está convencido (ou pelo menos convenceu a MTA) de que a publicidade pode valer até cinco vezes mais do que os US$ 100 milhões que a MTA já ganha – basta ter um alvo melhor. Idealmente, a maior receita em propaganda ajudaria a evitar aumentos na tarifa.

O MTA e o Control Group querem trazer a sofisticação da publicidade na web para estações de metrô. No curto prazo, é mais fácil falar do que fazer. Sim, anúncios eletrônicos são mais fáceis de mudar do que os de papel. Utilizando a tecnologia existente, os quiosques e displays semelhantes poderiam imediatamente jogar fora pôsteres e anúncios velhos.

Mas o Control Group quer oferecer na vida real o tipo de publicidade contextual que, na web, vem de empresas como o Facebook ou o Google. Os anúncios não serão adaptados para você, especificamente, mas mesmo anúncios baseados em localização são mais eficazes do que cartazes genéricos. Com esse sistema, por exemplo, você não verá anúncios sobre Brooklyn quando você estiver no Bronx. Ou talvez você veja anúncios diferentes dependendo se o Yankees ganhar ou perder algum jogo de beisebol.

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Esta publicidade contextual, como nós aprendemos na web, é muito mais valiosa do que os anúncios genéricos que vemos todos os dias. E, em um esforço para tornar os anúncios ainda mais lucrativos, o Control Group pode implementar uma tecnologia de rastreamento por vídeo (que levanta questões de privacidade). A empresa possui tecnologia proprietária que pode rastrear informações demográficas sobre as pessoas, bem como informações sobre o seu humor. Má notícia: isso é meio assustador. Boa notícia: talvez as tarifas do metrô fiquem mais baixas?

Mas, para o lançamento beta ao longo dos próximos seis meses, o Control Group estará focado em acertar a funcionalidade básica das telas. Com isso acontece daqui a pouco tempo, a empresa ainda não aperfeiçoou a tecnologia de toque, de modo a torná-la transparente o bastante para as pessoas comuns que estão acostumadas com a velocidade de smartphones. E eles ainda não decidiram os detalhes dos componentes internos dos quiosques, nem mesmo os patrocinadores para o programa. Mesmo assim, você pode olhar para a tela e ver um futuro tão próximo que você quase pode tocá-lo.

Fotos, vídeo, gifs, e tudo de bom por Michael Hession

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