Os ursos polares conseguem se comunicar pelo cheiro das suas pegadas
Ursos polares são criaturas solitárias. Eles vagueiam em seus habitats, procurando por comida e amor. Comida é simples, mas eles precisam farejar por amor. Digo, literalmente. Os ursos polares cheiram as pegadas de seus pares para saber se podem segui-los a fim de encontrar um parceiro adequado. Que romântico!
Há tempos os cientistas desconfiam de que os ursos polares seguem mais do que as pegadas em si. Agora, uma equipe de pesquisadores do Zoológico de San Diego e outras instituições descobriram mais detalhes sobre isso. Para tanto, eles coletaram amostras de cheiros das patas de 203 ursos polares selvagens e montaram um experimento que deu a outros ursos, em cativeiro, a oportunidade de cheirar aqueles odores. A equipe de pesquisadores foi cuidadosa na separação entre ursos machos e fêmeas, e para detectar quais fêmeas estavam em período fértil.
O experimento foi bem simples, na real. Os pesquisadores pincelaram os cheiros dos vários ursos polares em pedaços de papelão, colocaram esses em uma caixa próxima dos ursos polares em cativeiro e observaram as reações. Eles ficaram atentos a uma de três coisas: a aproximação da caixa, a cheirada nela e o reflexo flehmen (um comportamento dos mamíferos que significa cheirar enquanto enrola o lábio superior para cima, de modo que parte do cheiro entre pela boca também.)
Sem surpresa, os cientistas descobriram que os ursos polares ficaram em média duas vezes mais interessados no cheirinho das patas de ursos do sexo oposto. O mais interessante, porém, é que os ursos machos ficaram duas vezes mais interessados no cheiro das fêmeas que estavam em período fértil comparado às que não estavam. Essas descobertas levaram a equipe à conclusão de que os ursos devem reagir a uma diferença química no cheiro das pegadas que permite à espécie trocar informações básicas sobre sexo e fertilidade.
O ritual de cheirar o chulé, digo, a pegada é apenas o começo. Em certo ponto, os ursos polares selvagens encontram seu amor perdido e aí você já sabe: um pequeno ursinho polar é feito. Agora só nos resta, enquanto humanidade, descobrir um modo de pararmos de destruir o habitat desses animais.