Ozempic, remédio para diabetes, viralizou como emagrecedor; quais os perigos
No final de 2022, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou no Brasil o uso do medicamento Wegovy — da farmacêutica Novo Nordisk –, para a perda de peso. O composto tem como princípio ativo a molécula semaglutida, que também está presente no Ozempic, usado por pessoas com diabetes tipo 2.
Esse segundo, no entanto, não tem registro para o tratamento de pessoas com obesidade, mas tem sido usado para emagrecimento há tempos. Em 2021, a Interfarma (Associação de Indústria Farmacêutica de Pesquisa) registrou o Ozempic como o medicamento mais vendido do ano no Brasil.
A semaglutida induz a saciedade, retarda o esvaziamento do estômago e estimula o pâncreas a produzir mais insulina após a ingestão de carboidratos. Seu uso para o emagrecimento sem acompanhamento médico pode gerar efeitos colaterais como enjoos, vômitos, desidratação, constipação e perda de massa muscular.
O medicamento também foi associado a tumores da tireoide. Por conta disso, pessoas que possuam histórico familiar de carcinoma medular de tireoide (CMT) ou de síndrome de neoplasia endócrina múltipla tipo 2 (NEM2) devem tomar cuidado com o medicamento. Os médicos também não recomendam o Ozempic para pacientes com diabetes tipo 1 e cetoacidose diabética.
O emagrecimento rápido causado pelo uso do remédio pode gerar a perda de gordura do rosto e de sua musculatura. Consequentemente, a face dos usuários acaba ficando flácida. Esse efeito adverso está sendo chamado de “rosto de Ozempic”.
A Novo Nordisk, farmacêutica responsável pelo Ozempic, publicou uma carta no início de março esclarecendo que não recomendam o uso do Ozempic para o emagrecimento.
“É importante ressaltar que a companhia não endossa ou apoia a promoção de informações de caráter off label [uso para outra indicação que não a aprovada pela Anvisa], ou seja, em desacordo com a bula de seus produtos. O Ozempic, aprovado e comercializado no Brasil para diabetes tipo 2, não possui indicação aprovada pelas agências regulatórias nacionais e internacionais para obesidade”.
Mesmo com a exigência de receita médica, muitas pessoas conseguem adquirir o produto nas farmácias nacionais sem apresentar o documento. Então, usam o medicamento sem indicação ou acompanhamento, realizam progressões de dose de forma errada e acabam sofrendo as consequências.
Além dos efeitos adversos, o uso do medicamento sem uma real mudança de hábitos faz com que o peso volte após a interrupção do uso. O ideal é realizar um acompanhamento com médicos e nutricionistas, que poderão mostrar o caminho correto para um emagrecimento saudável e individualizado.