Cientistas brasileiros correm contra o tempo para salvar fósseis de dinossauros conforme a previsão de chuva ameaça a integridade dos materiais expostos.
As recentes chuvas intensas no sul do Brasil, embora devastadoras para a população, revelaram-se um evento sem precedentes para a paleontologia.
Em maio deste ano, as chuvas expuseram fósseis de pelo menos 35 dinossauros, incluindo um raro esqueleto de dinossauro de 233 milhões de anos.
Agora, equipe do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica Quarta Colônia (CAPPA), da Universidade de Santa Maria (RS), trabalha incansavelmente para recuperar esses materiais.
Isso inclui o fóssil de um dinossauro carnívoro da família Herrerasauridae, que pode ser o segundo mais completo já encontrado.
Os paleontólogos brasileiros, desde a descoberta do herrerassaurídeo, levaram os fósseis de dinossauros e pedaços de rochas para extração em laboratórios.
Desde as chuvas de maio, o cientista Rodrigo Temp Müller e seus colegas do CAPPA intensificaram o monitoramento dos locais de escavação perto de São João do Polêsine, que fica cerca de 280 km a oeste de Porto Alegre.
“Se os paleontólogos não conseguirem coletar os materiais quando eles começam a ficar expostos, corremos o risco de perder alguns fósseis para sempre”, afirmou Leonardo Kerbel, coordenador do CAPPA.
Os herrerassaurídeos foram um dos primeiros predadores a aparecer entre os dinossauros. A espécie surgiu há 200 milhões de anos, mas sumiram há 145 milhões de anos, dando lugar para os terópodes.
Outros fósseis de dinossauros menores encontrados após a chuva
A alegria da descoberta, no entanto, é ofuscada pela tristeza e pelas perdas sofridas pela população local. As enchentes afetaram milhões de pessoas, deixando um rastro de destruição e sofrimento.
Além do dinossauro, a equipe de cientistas se dedica a salvar fósseis de dinossauros menores, como o crânio de um bebê rincossauro e os restos de um cinodonte, ancestral dos mamíferos.
Esses fósseis, embora menos chamativos que os de grandes dinossauros, são igualmente importantes para a compreensão da evolução da vida na Terra.
Aliás, os cientistas descobriram esses fósseis há uma semana, de acordo com a revista Nature.
A região das escavações é rica em fósseis, com 29 sítios paleontológicos, sendo 21 acessíveis pelos cientistas desde o fim das enchentes. Os quatro locais ainda submersos representam um risco para a preservação de outros fósseis.
No entanto, a proximidade do CAPPA facilita o trabalho de campo, permitindo que a equipe esteja presente sempre que necessário para monitorar os sítios e realizar escavações de emergência.
Por outro lado, os cientistas afirmam que o principal desafio é a falta de um museu local para armazenar e exibir os fósseis encontrados no Rio Grande do Sul.