Companhias precisam voar com aviões vazios para manter rotas e espaços nos aeroportos alocados, mas nos últimos 2 anos, devido à pandemia, o número de aviões voando vazios aumentou muito e principalmente na Europa, vem causando discussões sobre o clima e a necessidade desses voos.
Diversas companhias aéreas precisam manter os aviões em funcionamento para garantir um espaço nos aeroportos que trafegam, mas nem sempre esses voos carregam muitos passageiros, em alguns, por exemplo, a aeronave decola sem ninguém a bordo.
Em momento de queda na procura por passagens e cancelamentos devido à pandemia da covid, a companhia aérea alemã Lufthansa, por exemplo, realizou 18 mil voos com aviões vazios, o que despertou críticas de ambientalistas em toda a Europa.
Embora muitas companhias aéreas façam esses voos, até agora, a Lufthansa é a única empresa a divulgar seus próprios números de viagens sem passageiros. A ativista Greta Thunberg, já falou sobre o seu descontentamento com a situação e fez um alerta para o problema.
Porque esses voos não são cancelados
De acordo com representantes das companhias aéreas, os voos fantasmas estão acontecendo porque as empresas são obrigadas a realizar uma certa quantidade de seus voos planejados para manter slots em aeroportos de alto tráfego. Ou seja: são voos que as transportadoras precisam fazer se quiserem manter suas rotas e portões de aeroportos alocados.
Uma das maiores preocupações entre as grandes companhias tradicionais é a falta de demanda, pois essas empresas detêm muitos dos slots nos principais aeroportos. Segundo a Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO), o tráfego aéreo global caiu 60% em 2020 em comparação a 2019.
Em 2021, esse número bateu 49% a menos que a era pré-pandemia. Essa falta de demanda é reflexo da longa ressaca da pandemia de Covid-19 e o efeito de amortecimento que teve nas viagens aéreas globais.
Regras aeroportuárias
A regulamentação europeia prevê que as empresas devem utilizar pelo menos 80% dos direitos de decolagem e aterrissagem que lhes são atribuídos nos aeroportos, sob pena de perder os seus direitos na temporada seguinte, caso não cumpram esse número.
Entretanto, devido à pandemia e as restrições de viagens, essa regra foi alterada baixando para 50% a obrigatoriedade que as empresas têm de utilizar seus slots de decolagem e pouso. Mas ainda sim, ambientalistas e até representantes das empresas aéreas defendem que esse número poderia ser ainda menor.
“Essas companhias aéreas provavelmente não querem fazer isso, mas estão encurraladas”, diz James Pearson, analista de desenvolvimento de rotas.
Um relatório feito pelo Greenpeace, apontou que se as companhias continuarem realizando voos sem passageiros, em breve, a Europa pode bater mais de 100 mil “voos fantasma”, o equivalente a emissões anuais de mais de 1,4 milhões de carros.
Ou seja: um alerta ainda maior referente aos danos ambientais.