Para alugar tablets, governo municipal de São Paulo gasta R$14.000 por unidade
Este ano, a Polícia Militar do Estado de São Paulo ganhou tablets nas viaturas, comprados a R$1.400 cada. Pelo visto, o governo da capital quis entrar nessa onda também, então agentes da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e fiscais da Vigilância Sanitária, entre outros, vão receber 10.421 tablets. O problema é que, por cada tablet, o governo gastou R$14.000 para alugar – e não comprar – e o dono da empresa que vai fornecê-los é foragido da Justiça. Atualizado
Como explica o Estadão, o custo total de R$138,9 milhões inclui não só o aluguel dos tablets por três anos, como “assistência técnica 24 horas e substituição em caso de mau funcionamento ou quebra por acidente.” Mas R$14.000 por tablet obviamente está caro demais: no caso da Polícia Militar, mesmo levando em conta os altos custos técnicos, cada tablet sai a R$5.000 – e eles não alugaram, eles compraram.
E para que servirão esses tablets caros com Windows? Segundo o governo, eles devem agilizar o trabalho de agentes da CET e Vigilância Sanitária, que poderão registrar infrações direto no aparelho. (Parece que a CET deixou mesmo aqueles aparelhos com Windows Mobile de lado.) Os tablets serão distribuídos em várias secretarias do município, como Saúde, Esporte e Assistência Social.
Como se não bastasse o preço alto, o dono da empresa Neel Brasil – que ganhou a licitação dos tablets – é foragido da Justiça. Carlos Alberto Zafred Marcelino é acusado pelo Ministério Público de envolvimento em fraude de inspeção veicular no Rio Grande do Norte. Detalhe: o consórcio do qual ele era sócio ganhou a licitação para inspeção veicular no Estado. Há um mandado de prisão preventiva para Marcelino mas ele sumiu, “encontrando-se em local incerto e não sabido” segundo o MP.
O contrato da prefeitura com a Neel Brasil já foi homologado pela Prodam (Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Município), e os tablets devem chegar em 30 dias. [Estadão]
Atualização: o contrato foi suspenso pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Segundo ele, “o prosseguimento da contratação ficará paralisado até que tudo seja esclarecido”.
Foto por Dornicke/Wikimedia