Para que serve o sal-gema, material que pode gerar buraco gigante em Maceió
A população de Maceió (AL) tem vivido dias de tensão, já que, na última semana, o iminente colapso em uma das minas de sal-gema no bairro do Mustange colocou a cidade em estado de emergência.
Uma cratera gigante pode se abrir na superfície em uma área desabitada da região. As minas são exploradas pela empresa Braskem, a mesma responsável pelo afundamento de pelo menos cinco bairros na cidade anos atrás.
Mas afinal de contas, o que é o sal-gema?
Enquanto o sal comum, aquele que usamos no dia a dia na cozinha, é retirado do mar, o sal-gema existe em jazidas na superfície terrestre. Por esta razão, o cloreto de sódio é acompanhado de uma variedade de minerais.
Normalmente, o sal-gema é o cloreto de sódio, acompanhado de cloreto de potássio e de cloreto de magnésio.
O principal uso do sal-gema é a indústria química. Por isso ele é tão extraído pela Braskem.
Ele é empregado, por exemplo, na produção de soda cáustica, ácido clorídrico, bicarbonato de sódio, sabão, detergente e pasta de dente.
Para a Braskem, ele é usado especialmente para a produção de dicloroetano, substância empregada na fabricação de PVC. Atualmente, a Braskem é tornou a maior produtora de PVC do continente americano.
No caso de Maceió, a exploração foi desenfreada: a Braskem abriu 35 minas no subsolo para extrair sal-gema durante os últimos 40 anos.
Importante lembrar que o sal-gema pode ficar até mil metros de profundidade e demanda escavações pesadas para ser alcançado. Ou seja, a atividade pode desestabilizar o solo.
Exploração em Maceió
Em Maceió, a exploração das minas teve início em 1976 pela empresa Salgema Indústrias Químicas, que logo foi estatizada e mais tarde novamente privatizada.
Em 1996, mudou de nome para Trikem e, em 2002, funde-se com outras empresas menores tornando-se finalmente Braskem, com controle majoritário do Grupo Novonor, antigo Grupo Odebrecht.
Por causa dos tremores de terra e o afundamento dos bairros que começou em 2018, essas cavernas estavam sendo fechadas desde 2019. Nesta época, o Serviço Geológico do Brasil (SGB) confirmou que a atividade realizada havia provocado o fenômeno de afundamento do solo na região. Isso obrigou a interdição de uma série de bairros da capital.
Em julho de 2023, a prefeitura da cidade fechou um acordo com a empresa. Assim, assegurando ao município uma indenização de R$ 1,7 bilhão em razão do afundamento dos bairros.
Juntamente com isso, a administração municipal afirmou que os recursos serão destinados à realização de obras estruturantes na cidade e à criação do Fundo de Amparo aos Moradores (FAM).