Ciência

Passar raiva pode realmente te matar, revela estudo

Estudo mapeou a maneira como passar raiva pode afetar a saúde cardiovascular e identificou riscos aumentados para ataques cardíacos
Imagem: Nsey Benajah/ Unsplash/ Reprodução

Não é raro ouvir falar que uma pessoa que sofreu de um ataque cardíaco passava por um momento de grande estresse ou raiva. O sentimento vem acompanhado de uma série de mudanças no organismo que, segundo novo estudo, aumentam a chance de que isso aconteça.

De acordo com a pesquisa, passar raiva mesmo que por apenas alguns minutos pode alterar o funcionamento dos seus vasos sanguíneos.

“Isso sugere que emoções intensas podem contribuir para eventos cardíacos em pessoas que já têm saúde precária”, afirmou Daichi Shimbo, autor do estudo e pesquisador da Universidade de Columbia em Nova York, à revista New Scientist.

Entenda a pesquisa

Para investigar, os pesquisadores selecionaram 280 adultos jovens e que pareciam saudáveis. Esses participantes passaram por uma entre três experiências diferentes. Duas delas eram situações que induziram à raiva, à ansiedade ou à tristeza.

Uma das situações incluía pensar em experiências passadas que os fizeram sentir especificamente a raiva. Além disso, o terceiro grupo ficou livre dessas sensações, tendo apenas que contar de forma crescente até o final do experimento — um total de oito minutos. 

Enquanto os participantes passavam pelo experimento, os cientistas coletaram sangue, analisaram a pressão sanguínea e mediram a capacidade dos seus vasos sanguíneos de se dilatarem.

Por fim, aquelas pessoas que pensaram em uma experiência em que passaram raiva tiveram uma queda na capacidade de dilatação dos seus vasos sanguíneos. A condição durou cerca de 40 minutos.

Entre aqueles participantes induzidos a sentir tristeza ou ansiedade, não apareceram mudanças nos índices de análise.

Riscos para a saúde do coração

Esses momentos que levam alguém a passar raiva acontecem diversas vezes na vida. Dependendo do indivíduo, eles podem ocorrer com mais frequência, semanalmente ou mais de uma vez ao longo do dia. No entanto, a recorrência também pode gerar consequências a longo prazo.

“Episódios repetidos de uma emoção negativa podem afetar a fisiologia cardiovascular ao longo do tempo, causando danos irreversíveis”, escreveram no artigo que descreve o estudo, publicado na revista da Associação Americana do Coração.

Em geral, a capacidade de dilatação dos vasos sanguíneos é uma medida para mensurar a saúde desses canais que transportam o sangue. Uma capacidade menor de dilatação tem relação com um aumento do risco de uma pessoa sofrer ataques cardíacos.

Durante a pesquisa, nenhum dos participantes afetados pela raiva sofreram problemas graves. Contudo, entre pessoas que já têm condições cardiovasculares, esses momentos oferecem maior risco.

Os resultados corroboram achados de pesquisas anteriores. Por exemplo, um estudo descobriu que na hora antes de um ataque cardíaco, as pessoas tinham mais que o dobro de chances de terem experimentado raiva ou agitação emocional do que durante o mesmo período de uma hora no dia anterior.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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