Pesquisadores da Unesp propõem condições para maximizar o emaranhamento quântico
Estudo realizado no Departamento de Física do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) no campus de Rio Claro (IGCE-Unesp) propôs um novo método para quantificar o emaranhamento, bem como as condições nas quais o emaranhamento é maximizado, visando otimizar a construção de um computador quântico. O trabalho foi publicado em formato “letter” no periódico Physical Review B: “Grüneisen parameter as an entanglement compass and the breakdown of the Hellmann-Feynman theorem”.
No estudo, os pesquisadores demonstraram também que, em condições particulares, ocorre a quebra do teorema de Hellmann-Feynman da física quântica. Esse teorema descreve a dependência da energia própria do sistema em relação a um parâmetro de controle.
“Dito de forma muito resumida, nós propusemos um parâmetro de Grüneisen quântico em analogia com o parâmetro de Grüneisen da termodinâmica, amplamente utilizado na literatura para explorar pontos críticos a temperatura finita e nas vizinhanças de pontos críticos quânticos. Em nossa proposta, o parâmetro de Grüneisen quântico quantifica o emaranhamento, ou seja, a entropia de von Neumann, em relação a um parâmetro de controle, que pode ser o campo magnético ou a pressão, por exemplo”, conta Valdeci Mariano de Souza, professor do IGCE-Unesp e coordenador do estudo, à Agência FAPESP.
“Utilizando nossa proposta, demonstramos que o emaranhamento será maximizado na vizinhança de pontos críticos quânticos e que ocorre a quebra do teorema de Hellmann-Feynman no ponto crítico”, acrescenta o pesquisador. Além da contribuição à física fundamental, os resultados obtidos podem ter impacto direto na área de computação quântica.
Souza lembra que, em 1965, o químico Gordon Moore, cofundador da Intel, publicou um estudo mostrando que o número de transistores utilizados nos computadores convencionais dobraria a cada dois anos. Com os avanços tecnológicos dos últimos anos, ficou evidente que a capacidade de expansão da computação clássica estava com seus dias contados, mobilizando um grande esforço de pesquisa para a viabilização da computação quântica, liderada por empresas gigantes no ramo, como Google e IBM.
“Enquanto na computação convencional o processamento de informação utiliza a linguagem binária, construída em termos de 0 e 1, a mecânica quântica possibilita a chamada superposição de estados, o que permite que a capacidade de processamento seja expressivamente aumentada. Daí o forte interesse pelo estudo de temas como o do emaranhamento quântico”, explica Souza.
O estudo em pauta, proposto e idealizado por Souza, teve contribuições importantes de seu pós-doutorando Lucas Squillante. Participaram os pesquisadores Antonio Seridonio (Unesp – Campus de Ilha Solteira), Roberto Lagos-Monaco (Unesp – Campus de Rio Claro), Luciano Ricco (University of Iceland, Islândia) e Aniekan Magnus Ukpong (University of KwaZulu-Natal, África do Sul).
As pesquisas que levaram à produção do artigo receberam apoio da FAPESP por meio dos projetos 11/22050-4 e 18/09413-0.
O artigo Grüneisen parameter as an entanglement compass and the breakdown of the Hellmann-Feynman theorem pode ser acessado em https://journals.aps.org/prb/abstract/10.1103/PhysRevB.108.L140403.