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Pesquisas apontam relação entre renda e vacinação: pobres têm até 4 vezes menos acesso

No Brasil, todas as taxas de cobertura vacinal estão abaixo de metas. Duas em cada 3 mortes de bebês poderiam ser evitadas com vacinação

Imagem: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

A pobreza tem um impacto profundo no acesso das crianças às vacinas. É o que afirma o recente relatório “Situação Mundial da Infância 2023: Para Cada Criança, Vacinação” do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).

O estudo revela que uma em cada cinco crianças de famílias pobres não recebeu nenhuma dose da vacina tríplice bacteriana. Em famílias ricas, essa proporção é de uma para 20.

No Brasil, desde 2013, as regiões Norte e Nordeste têm ficado abaixo da média nacional de cobertura vacinal para imunizantes aplicados em crianças menores de 4 anos. A exceção foi apenas em 2022, quando o Nordeste conseguiu superar a média.

A falta de vacinação deixa as crianças mais suscetíveis a doenças graves como sarampo, poliomielite, coqueluche, meningite e hepatite. Isso contribui para o aumento do número de mortes infantis.

No Brasil, todas as taxas de cobertura vacinal infantil estão abaixo das metas estabelecidas pelo Ministério da Saúde desde 2016, apontou um levantamento do Instituto Butantan.

Uma análise do Observatório de Saúde na Infância, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) mostrou que duas em cada três mortes de bebês com até 1 ano poderiam ser evitadas com ações como vacinação, amamentação e acesso à atenção básica de saúde.

De acordo com dados compilados pelo Observatório da Criança e do Adolescente, em 2021, o país registrou 21.052 óbitos por causas evitáveis nessa faixa etária. Deste total, cerca de 10 mil – quase a metade – ocorreram nas regiões Norte e Nordeste.

Como as vacinas podem reduzir desigualdades

O relatório da Unicef destaca que a vacinação das crianças tem amplos impactos além do ambiente familiar. Quando as crianças são imunizadas, suas famílias enfrentam menos dias perdidos de trabalho devido a doenças, o que contribui para a estabilidade financeira.

Além disso, as crianças que não faltam à escola têm a oportunidade de aprender e se desenvolver melhor. Um estudo na Índia mostrou que crianças totalmente vacinadas apresentaram melhoria de 6% a 12% em habilidades básicas de leitura, escrita e matemática.

Finalmente, quando as crianças crescem saudáveis, têm maior probabilidade de se tornarem adultos produtivos, contribuindo para o desenvolvimento econômico do país.

A Unicef aponta ainda que a imunização gera 26 dólares de retorno para cada dólar gasto com vacinas. Por isso, investir nas vantagens das vacinas é uma das melhores decisões que um país pode tomar para o futuro das crianças, conclui o relatório.

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