Em um novo estudo desta semana, pesquisadores do Japão descobriram uma ligação entre beber durante toda a vida e um maior risco de câncer – e essa é apenas a pesquisa mais recente a sugerir que mesmo beber pouco durante a vida toda pode ser ruim para nós.
O estudo, publicado segunda-feira (9) no periódico Cancer, baseia-se em dados de um projeto de pesquisa de décadas, que monitora a saúde de pacientes ao entrar em um hospital em todo o Japão. Além de ter seu histórico médico documentado, os voluntários foram questionados sobre seus hábitos de bebida, incluindo quanto eles bebiam diariamente e há quanto tempo bebiam.
Usando esses dados, os autores do estudo compararam aproximadamente 63 mil pacientes adultos diagnosticados com câncer com o mesmo número de pacientes sem câncer, com idade, sexo e data de internação semelhantes, um tipo de estudo conhecido como caso-controle.
Comparados com aqueles que relataram nunca beber, os autores descobriram um risco aumentado de câncer entre pessoas que seriam consideradas consumidores leves a moderados de álcool. Aqueles que bebiam um drinque padrão por dia (definido como uma dose de uísque de 59 ml, um copo de vinho de 177 ml ou um copo de cerveja de 502 ml), por exemplo, tinham 5% mais chances de desenvolver câncer, mesmo depois de considerar fatores como tabagismo, pressão alta, obesidade e outros fatores de risco conhecidos.
Outra pesquisa apontou para um que beber aumenta o risco de câncer principalmente de mama, cabeça e pescoço e fígado, mas os autores dizem que o estudo deles é um dos primeiros a se concentrar nas pessoas que vivem no Japão.
“No Japão, mesmo o consumo de álcool leve a moderado parece estar associado a riscos elevados de câncer”, eles escreveram.
No geral, um aumento relativo de 5% no risco de câncer não é algo devastador. Os autores observaram, por exemplo, que coisas como tabagismo e infecções por hepatites B e C apresentam um risco associado muito maior de câncer. E é possível que esses resultados possam não ser aplicáveis a outras populações, uma vez que os residentes japoneses nativos são mais propensos a apresentar variações genéticas que dificultam a decomposição do álcool por seus corpos. Esses tipos de estudos podem apenas sugerir indiretamente que algo causa câncer, não provar diretamente a conexão.
Mas este é apenas o mais recente estudo a mostrar que o uso leve de álcool não é necessariamente inofensivo, ao contrário do que a indústria do álcool e até alguns médicos dizem há anos. Embora alguns estudos tenham sugerido que o álcool, em pequenas quantidades, pode melhorar a saúde do coração, outras pesquisas lançaram dúvidas sobre essa suposição. E é provável que a maioria das pessoas nem conheça a relação entre álcool e câncer em primeiro lugar.
Um estudo realizado no Reino Unido no início deste ano, por exemplo, descobriu que apenas 20% das mulheres que foram examinadas ou tratadas para câncer de mama sabiam que o consumo de álcool era um fator de risco para essa doença. Talvez o mais chocante tenha sido o fato de apenas 49% da equipe de saúde entrevistada estar ciente desse vínculo.
De qualquer forma, ninguém vai impedir de tomar umas neste Natal. Mesmo assim, todos nós provavelmente poderíamos nos beneficiar de um pouco mais de moderação.