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Pisa brasileira: por que Santos tem mais de 300 prédios tortos?

Entenda por que existem e por que não são consertados os prédios tortos em Santos (SP), que já viraram atração turística na cidade

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Imagem: Reprodução

Quem passa pela orla de Santos, no litoral de São Paulo, com certeza já viu algum dos prédios tortos da cidade. Assim como o “Bar do Torto”, que permaneceu aberto de 1984 a 2017 (e virou tema de exposição em agosto deste ano), os edifícios são uma espécie de ponto turístico na cidade.

Em dezembro passado, eles viralizaram na internet, surpreendendo alguns internautas. E sim, apesar da inclinação, abrigam diversos moradores.

Um levantamento da Siedi (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Edificações), de Santos, no litoral de São Paulo, revelou que existem 319 prédios tortos na cidade. Em entrevista ao portal  g1, publicada na quinta-feira (21), o engenheiro civil Franco Pagani disse que nenhum prédio inclinado na cidade apresenta risco de queda, apesar de exigirem “maior atenção”.

Segundo a prefeitura de Santos, a cada dois anos os edifícios apresentam laudos sobre sua inclinação, a fim de detectar riscos à segurança dos moradores. As medições são acompanhadas pelo Programa dos Prédios Inclinados de Santos. Além disso, a prefeitura afirma que a responsabilidade pela execução das obras é dos condomínios, sob fiscalização do município.

Por que Santos tem prédios tortos?

Com o processo de urbanização de Santos entre as décadas de 1940 e 1950, grandes edifícios passaram a ser construídos, principalmente na orla da praia. Mas foi somente nos anos 1970 que eles começaram a afundar, resultando em inclinações de até 120 cm.

De acordo com o Instituto de Geociências da Unicamp, o problema se deve ao solo da cidade, formado por uma camada de areia fina compacta, de 6 a 20 m de espessura, acima de uma camada de argila mole de até 40 m de espessura. O mesmo acontece com a Torre de Pisa, na Itália, erguida sobre uma camada de areia acima de outra, argilosa.

Além disso, os edifícios da época têm fundações rasas, mais acessíveis financeiramente, que devido ao solo mole debaixo da areia, afundaram. Para completar, a grande quantidade de edifícios muito próximos ajudou a tensionar e, consequentemente, comprimir a camada de argila.

Prédio torto em Santos já foi consertado

Um dos prédios tortos da cidade, o edifício Nuncio Malzoni, de 17 andares, já chegou a ser corrigido, em 2000. Foi a primeira vez que a técnica de reaprumo foi utilizada no Brasil, aliás. O investimento foi de R$ 1,5 milhão, R$ 90 mil para cada apartamento, segundo a FAPESP ( Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

“Fizemos uma fundação nova, colocamos o prédio em cima de 18 macacos hidráulicos tipo de carro, só que um pouquinho maiores, e colocamos o prédio de pé novamente, no prumo. Hoje os apartamentos valem o dobro do que valiam”, explicou o engenheiro Paulo de Mattos Pimenta, à Folha de S. Paulo, no ano passado.

Ele ainda acrescentou que donos de apartamentos nos edifícios tortos precisam juntar dinheiro para as reformas. “Alguns prédios estão bastante ativos nisso, fazendo poupança”, completou.

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