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Planta nativa do Brasil, jaborandi em ambiente natural tem nível três vezes maior de substância que trata glaucoma

O teor de pilocarpina, substância encontrada no jaborandi e usada para tratar doenças oculares, é muito maior em condições naturais do que em áreas de cultivo

Jaborandi

Foto: João Marcos Rosa / ICMBio

Agência Bori

O jaborandi (Pilocarpus microphyllus) é a única fonte natural de pilocarpina, substância utilizada no tratamento de doenças oculares como o glaucoma. Apesar de cultivada pela indústria farmacêutica, a substância é encontrada em concentrações três vezes maiores em condições naturais, provavelmente por conta dos níveis de ferro, manganês e compostos nitrogenados no solo. A conclusão é de pesquisadores do Instituto Tecnológico Vale e da Universidade Federal Rural da Amazônia e, a partir de estudo publicado na revista “Journal of Plant Nutrition” em dezembro.

Este é dos poucos estudos de campo a analisar as características do solo que podem influenciar a produção da pilocarpina na espécie, endêmica no Brasil e ameaçada de extinção. Cientistas coletaram amostras de 82 plantas na Floresta Nacional de Carajás, no Pará e analisaram os níveis de pilocarpina, nutrientes das folhas (de onde é extraída a substância) e atributos químicos do solo.

As conclusões sugerem que o manejo nutricional da espécie necessita de teores maiores de nitrogênio, ferro e manganês no solo e isso pode refletir em benéfico para a indústria farmacêutica, visto que o teor encontrado de pilocarpina foi muito maior do que nas áreas de cultivo. “O resultado surpreendeu porque encontrar 2,2% de pilocarpina é um teor bem considerável, três vezes mais do que é encontrado na indústria química quando cultiva essa espécie”, explicam os coautores Silvio Ramos e Cecílio Caldeira.

O manejo do jaborandi também tem impacto social, com a cooperativa formada por comunidades da região realizando a colheita das folhas e comercialização com empresas farmacêuticas, que então extraem a pilocarpina para produzir medicamentos. Uma destas empresas, a alemã Merck, acompanha de perto as pesquisas. “A empresa está próxima da gente para entender o que há de especial nestas populações estudadas em condições naturais. Será que é o solo em si, ou a condição genética por trás dela que é diferente. Então estamos muito animados neste sentido, é o início de vários estudos que virão pela frente”, concluem os pesquisadores.

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