Não é de hoje que muitos internautas reclamam do excesso de anúncios no YouTube, a principal plataforma de vídeos do planeta. Além da publicidade exibida no início dos vídeos, a experiência dos usuários corre risco de ser interrompida mais de uma vez para a exibição de conteúdos patrocinados. O que inventaram desta vez?
Cadê o botão?
É verdade que os anúncios na plataforma são os grandes responsáveis por mantê-la gratuita para todos que queiram utilizá-la. No entanto, as práticas adotadas recentemente pela administração têm deixado os usuários cada vez mais irritados.
Recentemente, alguns usuários da versão para desktop notaram que o tradicional botão dedicado a pular anúncios vinha sendo ocultado por um retângulo acinzentado. Isso gerou muitas reclamações em redes sociais e fóruns de internet. Agora, um movimento parecido está acontecendo também nas versões para Android e iOS.
Nas versões para smartphone, o app deixou de exibir o botão de saltar anúncios nos segundos iniciais do conteúdo publicitário. Ele aparece após o trecho de visualização obrigatória no canto inferior direito. Porém, isso pode induzir os usuários a imaginar que não há possibilidade de ignorar a publicidade.
A plataforma ainda exibe um cronômetro a fim de mostrar em quanto tempo será possível pular o anúncio. Entretanto, a ausência do botão pode ser confusa. A mudança mais recente no aplicativo da plataforma de vídeos tem sido percebida como uma tentativa intencional de confundir o público.
Especialistas explicam os anúncios no YouTube
A pedido do Giz Brasil, duas advogadas especialistas opinaram sobre a decisão do YouTube. A advogada especializada em direito digital Marina Lucena argumenta: como é uma informação pública que a maior fonte de receita do YouTube são anúncios, o botão “Pular” é, na verdade, útil para os interesses comerciais da plataforma.
“O botão de pular um anúncio no YouTube é uma funcionalidade oferecida pela plataforma por seu próprio interesse, pois visa reter o usuário naquele vídeo, a fim de que ele continue utilizando a plataforma, e que ela continue sendo um local atrativo para as empresas anunciarem seus produtos”, afirmou Lucena.
Já para, Luiza de Almeida Wanderley, advogada especialista em direito digital e direito para startup, o movimento do YouTube é uma tentativa de conciliar dois interesses essenciais para a sobrevivência da plataforma: a retenção de usuários e as receitas provenientes de publicidade. Porém, a advogada acredita que a transparência é fundamental para o relacionamento com a base de usuários. Ela disse ao Giz Brasil:
“É importante que, nessa mudança, o YouTube permaneça transparente com o usuário de que ele tem a opção de pular o anúncio e siga informando-o sobre seu modelo de negócios, garantindo o respeito ao dever de transparência e de informação ao consumidor. Dessa maneira, o interesse comercial do YouTube pode ser resguardado, sem deixar de lado a boa-fé que deve reger a relação de consumo“.
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