Polícia na Coreia do Sul quer adesivos nos celulares para inibir pornô de câmera escondida
Milhares sul-coreanas protestaram contra a pornografia de câmera escondida/espiã na região — em que câmeras são instaladas de maneira escondida para gravar mulheres em locais íntimos —, e agora a polícia pede que as pessoas coloquem protetores de câmera em seus telefones.
A polícia da província de Gyeonggi Bukbu criou quase 50 mil protetores de câmeras e está distribuindo as capas gratuitas em resposta a um aumento nos crimes relacionados à pornografia com câmeras escondidas, de acordo com uma reportagem do Korea Herald. Isso faz parte da campanha “Ilegal Filming OFF” da polícia.
• Mark Zuckerberg usa fita adesiva no laptop para não ser espionado pela webcam
• Não caia nesse novo golpe que diz ter te filmado enquanto via filme pornô na internet
A polícia da província de Gyeonggi afirmou que essa campanha incluía informações do departamento de comunicação da agência, de sua divisão de mulheres e jovens e de algumas pessoas da indústria de marketing.
Modelo de adesivo proposto pela polícia da província de Gyeonggi. Crédito: polícia da província de Gyeonggi
“As reações foram mistas, mas também tivemos reações positivas, já que a campanha foi planejada para evitar mal-entendidos em espaços públicos”, informou um porta-voz do departamento de polícia, segundo o Korea Herald.
Essa não é a primeira vez que funcionários do governo intervêm para ajudar a lidar com essa questão problemática e desenfreada. Em agosto, o governo da Coreia do Sul anunciou que os locais de transporte público agora precisam ter equipes dedicadas para procurar câmeras escondidas. Isso inclui banheiros públicos, que serão caracterizados como uma “zona limpa” se forem inspecionados regularmente e “por um período de tempo significativo”. Os centros que não obrigam esse regulamento relativamente novo podem ser multados.
O governo também anunciou que colocaria pôsteres em quase mil organizações de direitos das mulheres e crianças, além de 254 delegacias de polícia, para informar ao público que é ilegal gravar alguém sem consentimento e compartilhar o vídeo online.
Campanhas de conscientização com capas adesivas de câmeras e cartazes são certamente boas medidas para educar as pessoas sobre a seriedade e a ilicitude do problema, mas elas não devem ser propostas como soluções. Como exigiram as milhares de mulheres durante os protestos contra o tipo de ação no país, os principais problemas incluem a incapacidade do governo de processar homens que, sem consentimento, gravam e compartilham esses vídeos online, assim como, mais amplamente, as investigações que discriminam por gênero.
E embora as capas de câmeras provavelmente devam conscientizar um pouco, elas podem distrair do fato de que a maioria dos vídeos não consensuais na internet não são filmados por um transeunte em seu telefone; mas, sim, câmeras escondidas em ônibus, táxis, piscinas, supermercados e banheiros, com alguns perpetradores as instalando até mesmo em sapatos e nos parafusos de banheiros públicos.
Imagem do topo: Getty