Segundo a OMM (Organização Meteorológica Mundial), as altas temperaturas do verão do hemisfério norte alcançaram novos patamares. Além das ondas de calor e dos incêndios que têm acontecido, o fenômeno também trouxe mudanças em outro aspecto: o ponto de congelamento.
O ponto em que a água congela na atmosfera, nível de congelamento ou isoterma de zero graus é a altura na qual a temperatura do ar chega a 0°C e a água passa do estado líquido para o sólido. Nesta semana, ele atingiu 5.298 metros de altitude em relação ao nível do mar.
Desde quando a medição do ponto de congelamento começou a ser feita, em 1954, não era preciso subir tão alto para alcançar os 0°C.
Le radionsondage de Payerne de cette nuit du 20 au 21 août 2023 a mesuré l'isotherme du 0 °C à 5298 m ce qui constitue un record depuis le début des mesures en 1954. Le précédent #record datait seulement du 25 juillet de l'année dernière avec 5184 m. #meteosuisse #canicule pic.twitter.com/dWjnKIRQ7r
— MétéoSuisse (@meteosuisse) August 21, 2023
“A radiossondagem de Payerne na noite de 20 a 21 de agosto de 2023 mediu a isoterma de 0°C em 5298 m, o que é um recorde desde o início das medições em 1954. A anterior #record datava apenas de 25 de julho de 2023. ano com 5184m. #meteosuisse #canicule“
A informação preocupa porque o recorde supera em 115 metros o registro anterior, de julho de 2022. O número também ultrapassa a altura dos picos mais altos da Europa, incluindo o Mont Blanc, que tem 4.811 metros de altitude.
O continente europeu já registrou no ano passado a maior perda de gelo desde que os registros começaram. O aumento do ponto de congelamento coloca a OMM em alerta sobre a região – sistemas de alto risco de nível três ou vermelho foram ativados.
O risco dos glaciares
Temperaturas mais altas que o comum e a descaracterização das estações do ano tem causado prejuízos às regiões de glaciares. E não só no extremo norte do planeta – no sul também.
Em setembro de 2022, uma geleira suspensa se rompeu em um parque na Patagônia, no Sul do Chile. Já na Oceania, a cada ano os glaciares da Nova Zelândia também têm derretido de maneira surpreendente.
Neste ano, o inverno do hemisfério sul registrou temperaturas recorde. E, ao que tudo indica, as ondas de calor devem continuar ainda mais longas.
Embora diversos fatores influenciem o clima, as mudanças climáticas intensificam cada vez mais eventos extremos. Sem as consequências da ação humana que levam ao aquecimento do planeta, altas temperaturas teriam ocorrido uma vez a cada dez anos. Já sob a influência das mudanças climáticas, elas são hoje três vezes mais frequentes.