Por dentro da mente obsessiva de um fanboy

Você é um Mac? Ou um PC? Você adora o iPhone ou é um soldado no Exército Android? Acha que o Wii é para crianças, ou que o PS3 é o verdadeiro e único console para o jogador hardcore? Se você tem uma opinião muito forte a respeito de qualquer uma destas questões, você provavelmente é um fanboy.

Você é um Mac? Ou um PC? Você adora o iPhone ou é um soldado no Exército Android? Acha que o Wii é para crianças, ou que o PS3 é o verdadeiro e único console para o jogador hardcore? Se você tem uma opinião muito forte a respeito de qualquer uma destas questões, você provavelmente é um fanboy.

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O que é um fanboy?

Parece estranho pensar que a definição de fanboy não é óbvia ou autoexplicativa. Mas na verdade é um termo denso e complicado, com um histórico e em constante evolução.

É um insulto utilizado em discussões na internet como uma bomba. É uma medalha de orgulho, uma tatuagem virtual que proclama "eu amo isso, mas, mais importante, isso é parte de mim e eu sou parte disso". Ah, e fanboy também é uma maneira quase neutra de dizer que você prefere uma coisa a outra.

As origens do termo na sua encarnação moderna remetem à cultura dos quadrinhos (quando usado pela primeira vez, em 1919, significava literalmente um jovem fã), especificamente à um fanzine em quadrinhos chamado Fanboy, criado em 1973 por Jay Lynch e Glenn Bray sobre uma dupla de… fanboys. Segundo o histórico da frase por Harry McCracken, era uma junção de "fan" e "funboy", cujo propósito era ser "depreciativo… mas de modo amistoso". Assim, o termo se popularizou além da cultura de quadrinhos e ficção científica, eventualmente se infiltrando na cultura dos games e tecnologia.

Qual a diferença entre um fã ardoroso e um fanboy? A diferença é que fanboy é vergonhoso, é uma acusação. O que eu quero dizer é que você pode ser fã do Corinthians. Fã roxo. Fanático, até. Mas não existe fanboy do Corinthians. Por outro lado, você pode ser fã de Star Wars, ou um fanboy (ou fangirl) de Star Wars. Um fã da Apple, ou um fanboy da Apple. A diferença, em outras palavras, é que fanboys são geeks, não necessariamente no bom sentido. Um fã de esportes não pode ser um fanboy. Ser fã de sportes é visto como algo legal (exceto bocha).

Também depende da pessoa para quem você pergunta. Pegue o John Gruber, do Daring Fireball, a quem o Business Insider costuma chamar de "Rei dos Geeks da Apple", ou o Leander Kahney, do Cult of Mac. Gruber diz que "a diferença entre fã e fanboy é que as pessoas usam o termo fanboy para descrever alguém de quem discordam e cuja opinião querem desmerecer". Kahney diz que "é um termo carregado com uma associação de irracionalidade". Mas Steven Smith — conhecido como "Zune Guy" — diz que "um fã é alguém que gosta de alguma coisa, e um fanboy é alguém que ama alguma coisa". Ele se considera um fanboy. Assim como muitas outras pessoas. Resultados da enquete super informal à parte — onde 60% das pessoas disseram ser fanboys — o interessante é o modo como o termo é usado em comentários na internet. Ele é tanto um termo simples para descrever uma afinidade por um marca ou produto quanto um rótulo para alguém cuja devoção o rebaixa à irracionalidade.

O que motiva um fanboy?

Se você perguntar para um fanboy assumido por que ele é um fanboy, ele vai te dar uma explicação razoável. Do seu ponto de vista, ao menos. Eu perguntei para o Steven Smith por que ele tem uma tatuagem do Zune, e ele respondeu:

Eu sou um grande fã de música. Eu ouço todos os gêneros musicais, e o Zune Pass me prendeu. Por US$ 15 dólares mensais eu posso baixar qualquer CD que eu quiser ouvir e, se não gostar, deletar sem preocupações. Eu senti que a Microsoft teria forte concorrência, então eu sabia que as minhas tatuagens chamariam atenção ao meu redor e seriam um bom assunto para começar conversas.

O Zune é ótimo. Ele queria ajudar o Zune. Em outras palavras, é sobre o relacionamento entre o fanboy e aquilo que ele ama, algo que tem uma grandeza inerente.

Mas vai além disso. Psicólogos de consumo explicam que o fanboyismo é uma extensão da identidade de alguém. Um fanboy é parte de um coletivo, algo maior do que ele. O Dr. Lars Perner, professor de psicologia do consumo na Universidade de Southern California disse ao GamePro que "existe um fenômeno no qual um objeto se torna parte do ‘eu extendido’ de alguém. Se um indivíduo realmente curte videogame, por exemplo, o console dele pode se tornar uma parte importante da sua identidade". E Alina Wheeler, autora do livro Designing Brand Indentity (Design de Identidade da Marca, em português), disse ao Kotaku que "marcas fortes fazem você se sentir parte de uma tribo muito especial de indivíduos que pensam de forma igual em suas paixões e experiências".

O que está conectando esta "tribo muito especial de indivíduos" não é necessariamente uma experiência coletiva ou um passado compartilhado, as coisas que normalmente conectam grupos de pessoas. São "marcas fortes". Nintendo, Batman, Star Trek, Xbox, Apple, Linux, Naruto — as coisas que os fanboys tendem a amar — são quase inteiramente marcas ou objetos de cultura de massa que carregam apenas um respingo de significância sub-cultural. O valor de algo que um fanboy ama deriva-se quase inteiramente do fato de ser uma marca, e de que ela projeta uma imagem ou símbolo atual, que alimenta o processo de criação de identidade do fanboy. Em outras palavras, o sentido de ser um fanboy de Star Wars não é apenas o fato de que Star Wars é uma ótima série, mas precisamente o fato de que outras pessoas sabem o que é Star Wars e que ser um fanboy de Star Wars diz algo sobre quem é aquela pessoa. Ser um fanboy de Star Wars significaria muito menos se ninguém soubesse o que é Star Wars.

Basta ir até algum perfil do Facebook para ver como nós todos somos definidos pelas marcas e coisas que "curtimos", quase literalmente agrupados com "as tribos muito especiais de indivíduos" que também curtem Android ou iPhone. Onde você literalmente não consegue gostar de algo ou se definir a não ser que seja uma quantidade ou marca conhecida. Onde um dia todos poderemos ser fanboys.

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