Ciência

Por que algumas músicas fazem a gente querer dançar?

Analisando ritmos e o cérebro das pessoas ouvindo o som, cientistas descobriram o porquê algumas músicas fazem a gente querer dançar
Imagem: Forest Simon/ Unsplash/ Reprodução

Às vezes, tudo o que você precisa são os primeiros acordes de uma música para querer dançar e seu corpo começar a se mexer. Essa sensação, chamada na ciência de “experiência de groove”, depende de uma característica da canção: sua sincopação.

whatsapp invite banner

É o que descobriu um estudo recente, publicado na revista Science Advances. De acordo com pesquisadores franceses, não é possível resistir aos movimentos do corpo em sincronia com o ritmo quando ouvimos música com um nível ótimo de sincopação.

Em geral, a sincopação é um padrão rítmico de uma música – mas não qualquer um. Nela, as batidas surpreendem, ou seja, aparecem em lugares não previsíveis em relação à batida padrão. Dessa forma, quanto mais sincopações uma música tem, menos você consegue adivinhar o ritmo das próximas batidas na primeira vez que escuta. 

Entenda a pesquisa

Para o estudo, o neurocientista cognitivo Benjamin Morillon e uma equipe de pesquisadores da Universidade Aix-Marseille, na França, realizaram uma série de experimentos. A ideia era analisar como a sincopação se relaciona com a experiência de groove.

Em um dos testes, os participantes tiveram que avaliar 12 melodias diferentes. Todas elas tinham a batida principal de dois hertz, ou seja, duas batidas por segundo. Contudo, em cada música os ritmos das batidas variavam, de forma que havia três graus diferentes de sincopação.

Para a avaliação, os participantes consideraram o quanto cada canção fazia com que eles quisessem dançar. Como resultado, o grau médio de sincopação desencadeou um forte desejo de se mover com a música. Já aqueles níveis mais altos e baixos não tiveram o mesmo efeito.

Para os pesquisadores, isso significa que tanto as músicas com um ritmo totalmente previsível quanto aquelas altamente surpreendente, que não tem padrão, não geram tanta vontade de danças nas pessoas.

Da música ao movimento

Em outro experimento, os pesquisadores pediram aos participantes para bater os dedos das mãos seguindo a música tocada. De acordo com o artigo, eles fizeram isso quase exclusivamente no ritmo básico de 2 Hz, e não no ritmo da melodia ouvida.

Então, os cientistas mediram a atividade cerebral desses participantes. Assim, descobriram que o córtex auditivo do cérebro, que é a principal região para processar estímulos de som, segue principalmente o ritmo da melodia.

Enquanto isso, a via auditiva dorsal, a área do cérebro que conecta o córtex auditivo com as áreas de movimento, é onde o ritmo aparentemente corresponde à batida básica. Dessa forma, os pesquisadores concluíram que a vontade de dançar surja por essa via.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

fique por dentro
das novidades giz Inscreva-se agora para receber em primeira mão todas as notícias sobre tecnologia, ciência e cultura, reviews e comparativos exclusivos de produtos, além de descontos imperdíveis em ofertas exclusivas