Quem está por trás do WeChat, app de mensagens que faz propaganda com Lionel Messi no horário nobre
Você provavelmente já ouviu falar sobre o WeChat: lançado há um mês no Brasil, não foram poupados recursos para promovê-lo. Ele aparece em comerciais no horário nobre da SBT, Record e Globo que estrelam Lionel Messi, o melhor jogador de futebol do mundo – cujo cachê está longe de ser barato.
Quem está por trás do app? Como revela a Folha, esta é a ofensiva dos chineses contra o WhatsApp.
O WeChat pertence à Tencent Holdings, que é dona do QQ.com (um dos maiores portais da China) e do QQ, o segundo maior serviço de mensagens instantâneas do mundo – ele só fica atrás do Skype.
Até então, os serviços da empresa estavam restritos aos chineses. Com o WeChat, no entanto, isso deve mudar: ele tem 300 milhões de usuários, e desses, 70 milhões estão fora da China. A empresa está veiculando a propaganda com Messi em vários locais do mundo, como Índia, Rússia e América Latina.
Mas por que Messi? Poshu Yeung, gerente de negócios internacionais da Tencent, explica à Folha:
Queríamos Messi para mostrar a utilidade do app de maneira autêntica. Como ele acabou de ter um filho, pensamos que isso humanizaria bastante as peças [publicitárias]… Se o Messi usa [o WeChat], deve haver algo nele.
A estratégia, no entanto, não é barata. Estima-se que 30 segundos no intervalo da novela das nove na Globo custem R$ 500 mil. E Thomas Prufer, responsável pela operação brasileira do WeChat, diz ao jornal que o app ainda não dá lucro à empresa.
“No momento, estamos focando em conquistar o usuário”, diz ele. Isso deu resultado: o WeChat já aparece entre os cinco apps mais baixados para Android e iOS no Brasil. Mas o dinheiro, uma hora ou outra, chegará: “A monetização pode vir depois, por meio de jogos e de contas oficiais”, diz Prufer.
Sim, há jogos e contas patrocinadas no WeChat. Na verdade, o app se gaba por fazer de tudo: além das mensagens em texto, voz e vídeo, há o “Olhar ao Redor” (para bater papo com pessoas próximas de você), o “Agitar” (para conversar com outra pessoa no mundo que também sacudir o celular), “Garrafa à Deriva” (para responder a uma mensagem deixada por outro usuário), e assim vai. Ele está disponível em diversas plataformas móveis (iOS, Android, Windows Phone, BlackBerry, S40) e também permite bater papo através da web – isso o WhatsApp não oferece.
O acesso via web também está presente em concorrentes como o sino-coreano Line, e o coreano KakaoTalk. Ambos também oferecem uma plataforma de jogos e apps. Segundo Maurílio Uemura Shintati, responsável pelo KakaoTalk no Brasil, o app pode ganhar dinheiro através da venda de jogos.
O WhatsApp, por sua vez, ganha dinheiro cobrando diretamente dos usuários: o app é gratuito, mas o serviço custa R$ 2 por ano. O primeiro ano é gratuito, e muitos usuários relatam que o período gratuito pode ser estendido. Os criadores do app são contra anúncios: eles explicam que, dessa forma, podem se concentrar em tornar o WhatsApp melhor – em vez de coletar seus dados para oferecer anúncios mais relevantes.
As opções de apps para mensagem instantânea explodiram nos últimos tempos, e disputam espaço com os já estabelecidos Viber, Facebook Messenger e Google Hangouts, além do próprio WhatsApp. E, obviamente, se você usa um app, não poderá acessar os contatos do outro app, o que só dificulta as coisas. No meio dessa disputa, fica o usuário. Qual é a sua escolha para mensagens instantâneas? [Folha]