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Porque você deveria (ou não) se importar com a CES

É uma orgia consumista. Uma vitrine dos mais novos modelos para 2011. Onde silício encontra o silicone. Las Vegas sem as apostas, bebidas ou sexo. É a Consumer Eletronics Show, e pode ser impressionante. Até mesmo relevante! Não deixe o “consumidor” no título te enganar – CES é um show de negócios entre iguais, onde […]

É uma orgia consumista. Uma vitrine dos mais novos modelos para 2011. Onde silício encontra o silicone. Las Vegas sem as apostas, bebidas ou sexo. É a Consumer Eletronics Show, e pode ser impressionante. Até mesmo relevante!

Não deixe o “consumidor” no título te enganar – CES é um show de negócios entre iguais, onde compradores de grandes redes trocam saliva com executivos das fabricantes de eletrônicos, disputando ofertas e conspirando para desenvolver produtos com alta margem de lucro. Não me surpreenderia ouvir que muitas discussões estão acontecendo para planejar as maiores ofertas do próximo natal – os itens que serão mais pedidos no natal ao redor do mundo.

Mas também é um lugar para darmos uma espiada nos produtos eletrônicos que ainda estão por vir e ficar cativados por produtos que podem não estar disponíveis nos próximos meses – isso se eles conseguirem chegar às prateleiras. (Há uma tendência engraçada nos últimos anos onde um CEO faz um pronunciamento exaltado, em frente a milhares de pessoas da imprensa e da indústria durante os keynotes da CES, apenas para sair de fininho nos meses seguintes e abandonar o projeto caso tudo não aconteça de acordo com seu plano.)

Mas o que acontece é que, apesar dos milhares de SKU’s que aparecem por aqui, nós não conseguimos lembrar a última vez que algo realmente revolucionário foi anunciado na CES. Tudo aqui é derivativo, e qualquer coisa que seja realmente relevante para o mundo tem o seu próprio evento de lançamento – o Google, a Apple e a Microsoft sabem disso. Nós também.

Mas os eletrônicos mais básicos estão aqui. Às vezes até algumas evoluções inteligentes. As TVs que as pessoas irão comprar melhoram a cada ano, mesmo se elas forem derivativas demais para conseguir que apenas o consumidor mais obcecado faça a atualização do modelo a cada um ou dois anos. A melhor maneira de apreciar a CES – e através dela, o próximo ano em termos de gadgets – é obtido ao perceber que o melhor da CES de 10 anos atrás ficaria envergonhado pelos gadgets que serão lançados em 2011. Pequenos passos tornam-se então milhas de distância.

Além disso, mais do que qualquer outra coisa, o que faz a CES valer a pena são os pequenos empresários; os empreendedores que ainda não foram descobertos, que vêm de todas as partes do mundo depois de juntar todas as suas moedinhas e alugam um estande minúsculo em um dos centros de convenções menos badalados de Las Vegas e literalmente vociferam seus produtos para os transeuntes. Seu meio de vida vale um minuto de nossa atenção. Esse é o tipo de produto e pessoa pelo qual vivemos: uma pessoa com uma grande idéia que precisa apenas de um pouco de exposição para vender o próximo produto que precisaremos ter.

Las Vegas é uma cidade construída em cima do mito de fortunas ganhas e perdidas em uma noite; esse é o sonho que atrai os turistas, as dançarinas curvilíneas e os chefs renomados. Há uma razão para a Consumer Eletronics Association fazer o CES em Las Vegas ano após ano, e não é apenas por causa das ofertas que o condado de Clark oferece para garantir milhões de dólares em lucro para os hotéis. É porque os chefões da indústria de eletrônicos de fato fazem e perdem uma fortuna em uma noite por uma semana a cada janeiro. E não há melhor cenário do que Las Vegas para dar coragem a eles para rolar os dados.

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