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Possível surto do vírus Nipah é a nova preocupação da Índia; doença também é transmitida por morcegos

188 pessoas que supostamente tiveram contato com o menino estão sendo monitoradas e isoladas

Foto: STR / AFP (Getty Images)

Autoridades de saúde na Índia estão tentando impedir a disseminação de mais uma doença infecciosa grave. No fim de semana, um menino de 12 anos morreu por conta de complicações causadas pelo vírus Nipah, germe altamente letal transmitido por morcegos ou comida contaminada, que também pode se espalhar entre humanos. Centenas de pessoas potencialmente expostas ao menino foram acionadas, monitoradas e colocadas em quarentena, incluindo a família.

De acordo com a CBS News, o menino – residente no estado de Kerala, no sul do país – havia sido hospitalizado com febre alta uma semana antes. Sua condição piorou rapidamente e ele desenvolveu encefalite, inchaço grave no cérebro. Os exames de sangue confirmaram que ele tinha Nipah e, ​​no domingo, ele faleceu.

Nipah é uma zoonose (causada por animais) que se espalha principalmente a partir de certas espécies de morcegos frugívoros (que se alimentam de frutas). Isso pode acontecer por meio do contato íntimo de humanos com morcegos infectados, mas também por meio de alimentos, geralmente frutas, contaminados com sua urina ou saliva. O vírus também pode infectar porcos que podem transmitir para humanos. O contágio de pessoa para pessoa por meio do contato próximo com os fluidos corporais de um infectado também é possível (assim como a Covid-19). O vírus é um parente distante dos vírus responsáveis ​​pelo Ebola e outras febres hemorrágicas.

O Nipah, além de letal, tem outro agravante. Ele pode ser difícil no momento do diagnóstico porque os sintomas iniciais tendem a ser fracos, muitas vezes parecidos com um resfriado, enquanto em alguns casos, eles podem nem se manifestar. Esses sintomas podem aparecer alguns dias após a exposição e incluem febre, dores de cabeça e no corpo. Em casos graves, como no caso do menino, a infecção pode, eventualmente, prejudicar o cérebro, levando à encefalite e sintomas de desenvolvimento rápido, como convulsões, desorientação e coma. Não há nenhum tratamento específico ou vacina para o Nipah, e a taxa de mortalidade em surtos anteriores variou entre 40% a pouco mais de 90%. Os sobreviventes também podem ter sintomas de longo prazo e há evidências de que a infecção pode permanecer latente meses, e até anos após a exposição inicial.

O primeiro surto conhecido de Nipah ocorreu em Sungai Nipah, um vilarejo da Malásia, em 1998 (a fonte de lá eram porcos infectados). Ao contrário da Covid-19, o Nipah não se espalhou muito além de onde foi descoberto pela primeira vez, e alguns de casos foram relatados. Apesar disso, surtos parecidos têm surgido periodicamente em toda a Malásia, Bangladesh, Cingapura e Índia, e especialistas em saúde pública se preocupam com o potencial de causar grandes epidemias no futuro, especialmente se algum dia o microorganismo sofrer mutação em uma cepa mais transmissível entre as pessoas (algo que um vírus pode muito bem fazer, como aprendemos nesse último ano e meio). Em 2018, um surto de Nipah em Kerala, na Índia, deixou pelo menos 17 mortos.

A preocupação com Nipah levou as autoridades de saúde locais a contratarem o rastreamento de 188 pessoas suspeitas de terem entrado em contato com o menino, desde segunda-feira (06). Pelo menos 20 desses contatos são considerados de alto risco e estão atualmente em quarentena. De acordo com a CBS News, foram identificadas infecções adicionais, embora nenhum outro detalhe tenha sido disponibilizado ainda.

A maioria dos surtos de Nipah foram pequenos, com o maior até agora sendo o primeiro que deixou mais de 300 pessoas doentes e matou cerca de 100. Em 2019, o governo Kerela conteve com sucesso um surto potencial antes que atingisse qualquer outra pessoa além do caso inicial. Mas Kerala ainda está lidando com a pandemia de coronavírus, o que pode complicar seus esforços. Infelizmente, este caso também é um lembrete de que a Covid-19 está longe de ser a única ameaça viral potencial que existe.

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