Pesquisadores da Universidade de Valladolid, na Espanha, encontraram a evidência mais antiga de uma cirurgia de ouvido bem sucedida. As marcas da operação estavam em um crânio encontrado no sítio arqueológico El Pendón, no norte do país.
O esqueleto foi desenterrado junto a outras ossadas em um dólmen – monumento megalítico utilizado como túmulo coletivo. De acordo com os pesquisadores, a câmara funerária foi usada entre 3.800 e 3.000 a.C. O estudo que descreve a descoberta foi publicado na revista Scientific Reports.
A pessoa submetida a cirurgia de ouvido era uma mulher, que tinha algo entre 35 e 50 anos. Seu crânio contava com duas perfurações bilaterais nos ossos mastoides, localizados atrás da orelha.
Provavelmente, a mulher estava com uma infecção causada por bactéria ou outros patógenos, e foi submetida ao procedimento para aliviar a dor. A paciente sobreviveu à cirurgia por pelo menos alguns meses, o que prova o sucesso da operação.
Imagem: Scientific Reports/Reprodução
Os cientistas explicam que a área infeccionada inchou, o que facilitou para o pseudo cirurgião realizar o procedimento. Durante a operação, a mulher pode ter sido segurada por outros membros da comunidade, ou ter recebido substâncias psicotrópicas para aliviar a dor. O corte parece ter sido feito com um instrumento afiado, em movimentos circulares.
Quando não tratada, esse tipo de infecção pode causar complicações graves, como perda auditiva, coágulo sanguíneo, meningite ou abscesso cerebral. A boa notícia é que, há alguns milhares de anos, já havia gente corajosa o suficiente para tentar revertê-la.