Cientistas se aproximam da vida artificial com o primeiro cromossomo sintético
Uma equipe internacional de cientistas fez um grande avanço na biologia sintética: eles foram capazes de inserir um cromossomo personalizado em levedura de cerveja. Isso criou um organismo vivo que transmite genes artificiais para seus descendentes. Ou seja, estamos mais perto de criar vida artificial.
O cromossomo é uma estrutura composta principalmente por DNA. Cientistas já haviam criado cromossomos para bactérias e vírus, mas esta é a primeira vez que um organismo mais complexo (com núcleo em cada célula) recebe um deles.
O cromossomo artificial, chamado de synIII, foi criado através de computador por uma equipe de cientistas ao longo de sete anos. 60 graduandos uniram diversos filamentos pequenos de DNA para montar cadeias maiores de 750 a 1.000 “peças”. E as células de levedura com os cromossomos artificiais se comportaram normalmente.
Mas, em tese, elas poderiam ser melhoradas e fazer coisas que células normais de levedura não conseguem. Jef Boeke, do NYU Langone Medical Center, liderou o estudo e diz que é possível “embaralhar os genes deste cromossomo como um baralho de cartas”. Isso permitiria criar novas versões da levedura para produzir remédios ou até mesmo produtos industriais.
Além disso, os cientistas poderiam criar, no futuro, versões artificiais de todos os cromossomos em um organismo, criando assim a vida artificial. Patrick Yizhi Cai, da Universidade de Edimburgo, também participou do estudo e diz ao Guardian: “daqui a dez anos, poderemos sintetizar genomas todo dia”. Isso começaria com organismos mais simples, e poderia evoluir: um terço da sequência genética da levedura é igual ao DNA humano.
O estudo foi publicado na revista Science. [National Geographic e The Guardian]
Imagem por Lawrence Livermore National Lab