Em tempos de polêmicas sobre doações para transplantes de órgãos, pesquisadores da Universidade Northwestern, nos EUA, desenvolveram o primeiro dispositivo eletrônico que consegue monitorar continuamente – e em tempo real – a condição de órgãos transplantados.
Menor que uma unha do dedo mindinho, ele fica diretamente em um rim transplantado. A tecnologia detecta irregularidades na temperatura que se associam com inflamações e outras respostas que surgem quando há rejeição no transplante.
O dispositivo implantado no órgão alerta o paciente ou o médico a partir de dados enviados por conexão sem fio para celulares ou tablets próximos.
Pode durar dias ou anos, mas o corpo humano pode rejeitar transplantes de órgãos em qualquer momento após a operação, resultando em riscos à vida do paciente. Além disso, infelizmente, os sintomas visíveis da rejeição do transplante de órgão costumam aparecer mais tarde.
Novo dispositivo também ajuda a preservar órgãos
Em um novo estudo, publicado na revista Science, última quinta-feira (8), os pesquisadores testaram o pequeno dispositivo em um animal com rins transplantados, descobrindo que é possível detectar sinais de alerta de rejeição três semanas antes dos métodos convencionais.
Esse tempo extra pode permitir que os médicos intervenham bem antes, aumentando as chances de sobrevivência e bem estar dos pacientes, bem como as chances de preservar os órgãos doados.
Com 0,3 cm de largura, 0,7 cm de altura e apenas 0,22 cm de espessura, o dispositivo é mais fino que um fio de cabelo humano, menor que a unha do dedo mindinho, mas com tamanho crucial para sua função.
O quase invisível dispositivo possui tais dimensões para melhor adesão, ficando abaixo da cápsula renal do fígado para se encaixar diretamente de frente ao órgão. Assim que encaixado, o termômetro extremamente sensível do dispositivo mede as flutuações da temperatura do rim a 0,004 ºC. Uma célula de bateria em miniatura alimenta a energia do dispositivo com o bluetooth para enviar os dados aos pesquisadores sem a necessidade de fios.
Um dos principais sinais de rejeição ao transplante é a inflamação do tecido do fígado. Contudo, graças à transmissão de dados veloz, os pesquisadores conseguiram receber alertas de potenciais problemas.
Com o sucesso inicial do pequeno dispositivo em detectar rejeições em transplantes, os pesquisadores pretendem fazer testes em animais maiores. O grupo também pretende migrar para outros órgãos, como fígados e pulmões.
Além disso, os médicos esperam integrar novas fontes de energia capazes de recarregar a bateria do dispositivo de maneira externa. Essa medida fornecerá, portanto, uma solução de monitoramento mais permanente.