O Google anunciou ontem uma versão do Android voltada para dispositivos vestíveis: é o Android Wear, que traz notificações do Google Now e de apps para seu pulso. Dois dispositivos já foram anunciados, mas os detalhes ainda são escassos. Felizmente, o Google explica em mais detalhes como as notificações vão funcionar – e como seu smartwatch não será inundado por elas.
Basicamente, o Android Wear é um Google Now no seu pulso: ele reúne as notificações do smartphone em um fluxo de informações. Você pode se engajar com uma delas – respondendo uma mensagem, por exemplo – ou apenas passar por elas deslizando o dedo.
Ontem, foi lançada uma prévia do Android Wear para desenvolvedores, e o Google lançou os “princípios de design” para seus apps. Não são regras que todo mundo precisa obedecer – o Android é livre, afinal – e sim um guia para moldar as experiências do smartwatch. As diretrizes seguem abaixo.
Informação certa na hora certa
Seu smartwatch sabe onde você está e, graças a uma API lançada no último evento Google I/O, o acelerômetro sabe quando você está andando, correndo, dirigindo ou andando de bicicleta.
Por isso, “dispositivos Android Wear são conscientes de sua situação e estado, e exibem a informação certa na hora certa”. Por exemplo, um app pode enviar notificações apenas quando o usuário estiver em casa, ou só quando estiver pedalando de bike.
E graças a outra API lançada no Google I/O, se você dispensar uma notificação no Android Wear, ela também será eliminada no smartphone.
Contra o excesso de informação
Como o Google quer evitar um excesso de notificações no Android Wear – em especial aquelas desnecessárias, só esperando para serem apagadas?
Em primeiro lugar, só notificações que vibram (ou emitem som) no smartphone farão o relógio vibrar também. O Google avisa que, caso o app gere muitas notificações – como chat ou e-mail – o usuário deve ter controle de quantas notificações ele receberá no pulso.
Além disso, o Jelly Bean e KitKat possuem algo chamado de “prioridade de notificação“: o app pode emitir avisos de importância máxima, alta, padrão, baixa e mínima. Isso ajuda a regular o que você verá primeiro no smartphone – e no seu pulso. O Google explica:
Notificações ativas – ou seja, aquelas que fazem o dispositivo vibrar – só devem ser usadas em casos que precisam de atenção ou ação urgente do usuário (por exemplo, um lembrete baseado em tempo, uma mensagem de um amigo). Notificações não-urgentes (por exemplo, um card sobre trânsito, contagem diária de pedômetro, atualizações de redes sociais) deve ser silenciosamente adicionadas ao fluxo de cards.
O objetivo também é “fornecer uma carga máxima de informações úteis com um mínimo de esforço”. Isso envolve omitir texto desnecessário: tudo é feito para ser visto de relance, não lido por completo.
O Google ainda recomenda complementar a notificação com ícones e imagens; e agrupar notificações de um mesmo app – elas se tornam “cartas empilhadas” na interface.
Interações simples
Digitar no smartwatch? Tocar botões pequenos na interface? O Google não quer isso: no máximo, deslizar com o dedo ou usar a voz – o Android Wear “requer interação do usuário apenas quando absolutamente necessário”.
Há dois tipos principais de interação. O primeiro são as “ações”, que ficam à direita da notificação; o Android Wear permite três delas, no máximo. Por exemplo, se você recebeu um e-mail, pode haver opções para responder ou arquivar, tudo direto do pulso. Mas o Google lembra: “ações são opcionais; muitas notificações úteis não precisarão incluí-las”.
O segundo tipo de interação é por voz. O Google não quer que você dite um texto inteiro no pulso: a ideia é falar uma resposta rápida para uma mensagem ou e-mail. E quanto aos comandos? O app pode fornecer respostas “enlatadas” automáticas – como sim/não ou “Estou chegando/Estou atrasado”, por exemplo.
Eficiência
Este é um lembrete de que o Android Wear move um assistente pessoal. “Ele conhece você e suas preferências, só interrompe quando absolutamente necessário, e está sempre à disposição para fornecer uma resposta pronta”, diz o guia.
Tanto a interface como os princípios de design lembram bastante as regras que o Google exige dos apps para Google Glass. Temos os cards, comandos com pouca interação – com foco para voz e swipes – e uma padronização da interface.
Isso faz bastante sentido: afinal, o Android Wear tem foco em smartwatches, mas foi feito para outros dispositivos vestíveis também. Então é de se esperar que o Google aplique no Android sua expertise nesta área de wearables.
Tudo isto é apenas o começo, tanto para os apps como para os smartwatches em si. Teremos uma ideia melhor no Google I/O, que acontece no final de junho. [Design Principles of Android Wear via Android Developers/YouTube]