Procuradores chamam de ‘esmola’ iPhone de R$ 3,6 mil oferecido de graça pelo governo

Mensagens vazadas divulgadas pela Folha de S.Paulo mostram procuradores insatisfeitos com o aparelho, chamando-o de "defasado".
Imagem: Daniel Romero/Unsplash
Imagem: Daniel Romero/Unsplash

Não deve ser segredo para ninguém que os iPhones vendidos nos Brasil figuram no topo da lista de mais caros do mundo. O que muita gente não sabe é que dezenas de funcionários do governo ganham o aparelho da Apple para trabalhar — mais especificamente, o iPhone SE (2020). Só que eles não estão satisfeitos com os “mimos” garantidos pelo governo, e agora chamam o dispositivo de “esmola”.

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Na internet, o iPhone SE custa entre R$ 2,6 mil a R$ 3,6 mil.

A informação vem de uma reportagem desta segunda-feira (1°) do jornal Folha de S.Paulo, que apurou conversas vazadas na rede interna de comunicação dos procuradores da Procuradoria-Geral da República (PGR). A pasta firmou um contrato com a operadora Claro para fornecer unidades do iPhone SE para 1,2 mil procuradores. Outros 650 servidores comissionados também seriam contemplados com os smartphones.

O contrato teria sido assinado no fim do ano passado pela PGR e garantiria ainda linhas telefônicas a um custo individual de R$ 219,90 mensais. Além do celular, os procuradores do Ministério Público Federal têm direito a um tablet funcional e a um notebook no valor máximo de R$ 4,5 mil, sendo que a troca mais recente do notebook aconteceu em 2020.

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Marco Tulio Lustosa Caminha, procurador da República no Piauí, é o responsável por liderar o “protesto”. Em uma mensagem enviada a Darlan Ailton Dias, secretário de Tecnologia da Informação e Comunicação da PGR, Caminha classifica a compra dos aparelhos como “um insulto” e que “ninguém aqui quer esmola”, uma vez que, ao fechar o contrato, o órgão só poderia fechar a compra de novos aparelhos daqui 30 meses.

“É isso mesmo, Darlan??!!! Você acha mesmo que depois de mais de três anos com um iPhone 7, já ultrapassado, processador lento, bateria ruim, tela pequena, vamos aceitar por mais outros 30 meses um iPhone SE?? Acho que ninguém aqui é moleque, Darlan!! Isso é um insulto!! Não quero esmola! Acho que ninguém aqui quer esmola!! Estamos há quase um ano trabalhando de casa, celular, notebook, internet, energia… Que bagunça é essa?? Estão querendo nos humilhar??!! Não aceito humilhação, Darlan. Acho que devemos ser respeitado!!!” (sic), diz a mensagem vazada.

Outras mensagens apuradas pela Folha mostram que os procuradores dizem que o iPhone SE não tem capacidade para atender suas exigências devido à tela pequena e falta de tecnologias mais recentes, uma delas o 5G. Lembrando que as redes de quinta geração só devem chegar para valer a partir de julho de 2022 – isso e os planos da Anatel com o leilão, previsto para acontecer este ano, não atrasarem novamente.

Além disso, a Folha verificou que o procurador Caminha recebeu contracheques, abonos pecuniários e gratificações que, juntos, somaram R$ 102 mil em janeiro de 2021.

Em nota enviada ao jornal, a Procuradoria no Piauí disse que a fala na rede interna foi “retirada de um contexto de ampla discussão sobre a necessidade de troca dos celulares, sobretudo neste período de home office, por celulares com telas maiores e sistema operacional seguro, como bem já recomendou a Secretaria de Tecnologia da PGR”.

[Folha de S.Paulo, MacMagazine, Metrópoles]

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