Proibir eletrônicos em voos faz sentido?

Nós não podemos usar produtos eletrônicos durante decolagem e pouso do avião. A justificativa de agências de aviação é que eles podem interferir no funcionamento da aeronave – o que não é comprovado. Então a proibição faz sentido? Durante a decolagem e pouso a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) exige que os dispositivos eletrônicos […]

Nós não podemos usar produtos eletrônicos durante decolagem e pouso do avião. A justificativa de agências de aviação é que eles podem interferir no funcionamento da aeronave – o que não é comprovado. Então a proibição faz sentido?

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Durante a decolagem e pouso a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) exige que os dispositivos eletrônicos fiquem desligados e, durante o voo, eles podem ficar ligados, contanto que não emitam ondas eletromagnéticas (um smartphone no modo avião pode ser usado). Nos Estados Unidos, a coisa é mais complicada: a FAA (agência responsável pela aviação dos EUA) mantém a dura proibição e já teve caso de gente sendo presa por não desligar o telefone, ou outros que chegaram a ser socados por causa do aparelho ligado.

Nick Bilton, do The New York Times, é praticamente um ativista pró-eletrônicos em voos. E em um artigo recente (traduzido pela Folha de S. Paulo) ele mostra algumas contradições da proibição da FAA:

A agência não tem nenhuma prova de que os dispositivos eletrônicos podem prejudicar a operação de um avião, mas ainda perpetua tais alegações, espalhando medo irracional entre milhões de viajantes.

Um ano atrás, quando perguntei a Les Dorr, porta-voz da FAA, por que a regra existia, ele disse que a agência estava sendo cautelosa, já que não havia provas de que o uso de eletrônicos fosse completamente seguro. Ele também disse que era porque os passageiros precisavam prestar atenção durante a decolagem.

Quando eu perguntei por que eu posso ler um livro impresso, mas não um digital, a agência mudou seu raciocínio. Outro representante da FAA me disse que era porque um iPad ou um Kindle poderia produzir emissões eletromagnéticas suficientes para interromper o voo. No entanto, algumas semanas depois, a FAA anunciou orgulhosamente que os pilotos podiam agora usar iPads no cockpit em vez de manuais de voo de papel.

Um Kindle, além de poder armazenar milhares de livros, também é mais leve que um livro físico. Mas você não pode ler em um Kindle durante o pouso ou a decolagem do avião, mas pode ler um livro físico. Isso baseado em uma proibição baseada em algo de que não se tem provas – não podemos falar com certeza que um iPad interfere no sistema de comunicação do avião.

Mas, se dá pra entender que pode ser que ele cause interferência sim e que isso poderia colocar a vida de centenas de pessoas em risco e por isso a proibição é justificável, outras pessoas estão entrando na mesma briga de Bilton. A FCC, a Comissão Federal de Comunicação dos Estados Unidos, enviou uma carta para a FAA no fim de 2012 pedindo que a proibição dos eletrônicos seja revista. A senadora democrata Claire McCaskill também se posicionou a favor dos eletrônicos: ela disse que o público estava “”cada vez mais cético quanto às proibições”. Ou seja, há uma movimentação para que isso seja revisto. Nos Estados Unidos, por enquanto, mas se eles passarem a permitir o uso de eletrônicos em voos, não deve demorar muito para outros países tomarem decisões parecidas. Até lá, carregue todo o peso seu livro de 700 páginas no voo em vez do Kindle de apenas 170 gramas. [Folha]

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