Finalmente sabemos as especificações do Xbox One tunado, o Project Scorpio. Elas são impressionantes. A GPU tem quase quatro vezes mais unidades computacionais que o Xbox One original, e a memória do console será 108GB/s mais rápida do que a memória presente no Xbox One S e no principal concorrente, o PS4 Pro. No papel, essas coisas são, de fato, incríveis.
Mas na prática não é bem assim.
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Já foi provado em diversas guerras de consoles que as especificações por si só não são o suficiente para se ganhar a corrida. Um sistema precisa de muito mais se quer desbancar um competidor. De acordo com o Superdata, existe o dobro de PS4 do que Xbox One. Um relatório do começo deste ano sugere que a Sony vendeu 55 milhões de unidades do seu videogame, enquanto a Microsoft atingiu 26 milhões de vendas. Essa não é apenas uma vitória em uma perspectiva de vendas. Os números tornam os consoles atraentes para novos consumidores. Se uma pessoa vai investir em um videogame para jogar Overwatch ou Destiny 2, ou qualquer outro jogo multiplayer disponível, ela terá uma base de jogadores duas vezes maior em um PS4. A Sony está ganhando, e não é só porque lançou um console melhorado no mercado quase um ano antes que a Microsoft.
De fato, a Microsoft, tecnicamente, tinha um console 4K UHD disponível antes da chegada do PS4 Pro. O Xbox One S chegou há pouco menos de um ano e, embora conseguisse reproduzir conteúdo 4K de forma admirável, não tinha as habilidades de upscaling do PS4 Pro. A Sony sabiamente permitiu que os jogos rodassem em 4K HDR com um mero update de software, enquanto a Microsoft exigiu que os games fossem construídos do zero – limitando severamente o número de títulos que tiravam todo o proveito das capacidades do Xbox One S.
Isso destaca o problema fundamental do console da Microsoft. A companhia sabe como fazer seu produto brilhar. Bater o PS4 Pro no mercado com um console que funciona como um player UHD Blu-ray foi inteligente. E anunciar as especificações para o seu novo competidor melhorado dois meses antes de ele ser revelado oficialmente na E3 é uma boa maneira de se chamar atenção. Mas todo esse brilho no Xbox One, One S e Scorpio não consegue ofuscar o maior problema: os jogos.
A Microsoft mandou bem no começo do ciclo de vida do Xbox One, com o Sunset Overdrive, e gerenciou algumas vitórias inteligentes com o início de exclusividade do Rise of the Tomb Raider em 2015 (o jogo só se tornou disponível para Windows e Ps4 em 2016). As franquias exclusivas da Microsoft, Halo e Gears of War, são boas ideias, mas não possuem o mesmo encanto que os blockbusters exclusivos da Sony.
A Sony tem o excelente Uncharted 4, da Naughty Dog, o belíssimo remake de Last of Us (bem como a sequência que está chegando). Esses não são apenas jogos aclamados pela crítica para essa geração do console, eles são considerados obras-primas definitivas. O mesmo pode ser dito de Horizon: Zero Dawn ou do Bloodborne do ano passado.
A Nintendo também mandou mal nos games de lançamento do Switch, mas pelo menos a companhia se assegurou de que teria um jogo exclusivo tão bom que valeria o preço do console, que foi Zelda: Breath of the Wild. A Microsoft não tem um jogo tão bom e, apesar de ter o Rise of the Tomb Raider, esse não era um exclusivo forte o suficiente para segurar a concorrência.
A Microsoft também não tem alguns truques como a Sony. O Xbox One S tem um tocador UHD Blu-ray embutido, assim como terá o Project Scorpio. Mas a reprodução Blu-ray não ajudou o PS3 em nada e é ainda mais desnecessária nos dias de hoje, com o streaming.
A Microsoft também tentou fazer o Xbox One mais atraente para os usuários de PC ao permitir que alguns jogos, como o Gears of War 4, pudessem ser jogados tanto no computador quanto no console. Você pode até transmitir jogos do videogame para o PC, ou vice-versa, e o Game Center do Windows 10 é visualmente similar ao painel do Xbox One. Mas isso é muito pouco para conquistar donos de PS4. Por que deveriam se importar quando já podem transmitir seus jogos do PS4 para o computador?
Sabe o que anima os gamers de console? VR. A Microsoft prometeu que isso virá com o Project Scorpio, mas a versão da Sony já tem o sistema VR mais bem vendido do mercado (sem contar com soluções mobile). Isso exigirá que a companhia corra atrás do prejuízo, superando não apenas 915 mil sistemas PSVR vendidos, mas também 243 mil sistemas Oculus Rift e 420 mil sistemas HTC Vive.
Então, e as especificações incríveis anunciadas pela Microsoft? Não serão o suficiente para levar a empresa ao topo da briga dos consoles. Mas certamente é um começo.