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Os projetos para tornar realidade o Hyperloop, transporte do futuro

As quatro organizações a seguir vêm construindo componentes que provavelmente farão a ideia do Hyperloop saltar do conceito à realidade - e rápido.

O Hyperloop é um meio de transporte ultrarrápido proposto pelo bilionário Elon Musk, no qual vagões de alumínio levariam pessoas e carga a altas velocidades por tubos de aço. Pouco a pouco, este projeto está caminhando para se tornar algo real. Mas qual empresa está na frente? E que tipo de tecnologia está sendo usada? Ela funciona? E o mais importante, quando veremos isso na prática? Temos todas as respostas para você.

Eis um guia para os avanços recentes sobre o hyperloop. Há muito mais universidades e mais startups menores trabalhando em tecnologias semelhantes, mas as quatro organizações abaixo estão em destaque na mídia e vêm construindo componentes que provavelmente farão esta ideia saltar do conceito à realidade – e rápido.

>>> Os desafios por trás do Hyperloop
>>> Assista à primeira demonstração em plena escala da tecnologia Hyperloop


Hyperloop Transportation Technologies

Ano de início: 2013. Em agosto de 2013, Elon Musk publicou sua famosa proposta sobre um trem de levitação em um tubo de vácuo que pode atingir velocidades de até 1.200 km/h. A internet imaginou fantasias sobre viajar de San Francisco a Los Angeles em 30 minutos. Em outubro, a Hyperloop Transportation Technologies (HTT) foi incorporada, comprometendo-se em tornar real a proposta de Musk.

Fundadores: o projeto começou como um esforço coletivo do JumpStartFund. O CEO da Jumpstarter, Dirk Ahlborn, também se tornou CEO da HTT.

Localização: Playa Vista, Califórnia – e em todo o mundo, tecnicamente, porque é um esforço coletivo.

Funcionários: nenhum, mas 520 pessoas estão “trabalhando” para a companhia em troca de participação acionária.

Financiadores: ninguém ainda, tecnicamente, mas ao se inscrever, você pode prometer trazer capital para o projeto. Você poderia ser um investidor.

Parceiros notáveis: a empresa de engenharia AECOM; a Oerlikon Leybold Vacuum, que faz bombas a vácuo; e a escola de arquitetura da UCLA, que dedicou um semestre de seu currículo para projetar a experiência de passageiros do hyperloop.

Notícia recente mais importante: a HTT licenciou uma tecnologia conhecida como Inductrack que foi desenvolvida por Richard F. Post do Lawrence Livermore National Laboratory. (Ele faleceu no ano passado.) Elementos desta tecnologia – incluindo o design da pista, condutores, e várias configurações de trem – foram patenteados por Post, e a HTT agora detém direitos exclusivos para eles.

Vantagem tecnológica: levitação magnética passiva. O Inductrack usa uma configuração de ímãs chamada matriz Halbach, o mesmo conceito de propulsão utilizado em aceleradores de partículas. Ele não foi usado para transporte, mas deve funcionar – Post calculou que os ímãs podem levantar 50 vezes o seu peso e irão fornecer uma viagem fluida. É algo desejável, porque a HTT está focando especificamente na visão original de Musk para transporte de passageiros (em vez de carga).

Prova de que é real: foram adquiridas licenças para uma pista de testes de 8 km que está sendo planejada em Quay Valley, no norte da Califórnia. Quanto à tecnologia de levitação, versões de teste da tecnologia Inductrack foram construídas há uma década.

Onde você poderá vê-lo primeiro: Eslováquia. A HTT tem um acordo com o governo eslovaco para levar o hyperloop de passageiros a várias cidades no país europeu.

A opinião de um físico: “O sistema que o HTT está usando é realmente inteligente”, segundo Stephen Granade, físico que anteriormente explicou os maiores problemas da tecnologia hyperloop ao Jalopnik.

“Há uma série de coisas ótimas sobre este sistema. A primeira é que o sistema de levitação não consome qualquer energia. O veículo usa ímãs permanentes, não ímãs supercondutores super-resfriados como o sistema SCMaglev do Japão. A pista só tem condutores passivos incorporados. Como o sistema não consome energia para levitar o veículo, é muito mais fácil construir versões maiores do sistema, conforme necessário.”


Hyperloop One

Ano de início: 2014 como Hyperloop Technologies, Inc.; virou Hyperloop One em 2016.

Fundadores: Shervin Pishevar e Brogan BamBrogan, ex-engenheiro da Space X, começaram a empresa na garagem de Pishevar em Los Angeles. O CEO Rob Lloyd, ex-presidente de vendas da Cisco, se juntou à empresa no ano passado.

Localização: Los Angeles e norte de Las Vegas

Funcionários: 160

Financiadores: a Hyperloop One recebeu US$ 37 milhões em financiamento para a construção da pista de testes. Uma recente rodada de US$ 80 milhões incluiu a SNCF, que cuida do sistema ferroviário da França.

Parceiros notáveis: as empresas de engenharia AECOM e Arup, bem como os parceiros de transporte e tunelamento Amberg Group (Suíça), Deutsche Bahn (Alemanha) e Systra (França). Além disso, temos o famoso arquiteto Bjarke Ingels. Membros do conselho incluem Jim Messina, ex-chefe de gabinete da Casa Branca; e Peter Diamandis, fundador do XPRIZE.

Notícia recente mais importante: a Hyperloop One fez o primeiro teste aberto ao público e em plena escala de sua tecnologia de propulsão, um motor linear elétrico que vai acelerar um pod (vagão) do hyperloop a velocidades superiores a 1.000 km/h em um tubo de vácuo. O “trenó” em uma pista de teste gerou uma força de 2,5G antes de parar em uma pilha de areia no final, porque a empresa ainda não projetou os freios.

Vantagem tecnológica: velocidade, pelo menos quanto ao ritmo de desenvolvimento. Mesmo que a Hyperloop One tenha aparecido depois da HTT, ela já vem projetando seus protótipos e construiu sua primeira pista de testes em cerca de 16 meses. Além do local de teste em Las Vegas, a startup tem uma instalação de engenharia em Los Angeles, onde ela está trabalhando na produção de tubos. E em 2015, a Hyperloop One anunciou que iria se concentrar inicialmente em transporte de carga, depois de pessoas.

Prova de que é real: segue abaixo.

Onde você poderá vê-lo primeiro: estudos de viabilidade estão em andamento em Estocolmo, Helsinque, porto de Los Angeles, e na Suíça.

A opinião de um físico: até que Stephen Granade saiba qual tecnologia de levitação a Hyperloop One vai usar, é difícil analisar o sistema como um todo. “Logo no início, parecia que eles iriam usar rolamentos pneumáticos”, diz ele. “Um artigo na Engineering.com menciona que eles também estavam investigando sistemas de levitação magnética. Eu estou apostando que eles devem seguir nessa direção também. Há uma série de benefícios para um sistema maglev passivo em vez de rolamento pneumático”.

Granade também tem perguntas para a Hyperloop One após o seu grande teste público: “eles estão testando os motores de aceleração linear, mas como estão os outros subsistemas? Onde eles se encaixam no subsistema de levitação?”


MIT Hyperloop

Ano de início: 2015. A MIT Hyperloop foi a equipe que ganhou a competição promovida pela Universidade Texas A&M e pela SpaceX no início deste ano para projetar conceitos de veículos.

Fundadores: orientadores dos departamentos da Faculdade de Engenharia Mecânica, Aeronáutica e Astronáutica.

Localização: Cambridge, Massachusetts

Funcionários: nenhum, mas 28 estudantes do MIT estão na equipe

Financiadores:uma longa lista de patrocinadores, incluindo a Hyperloop One.

Parceiros notáveis: os orientadores incluem Bruce Montgomery, CEO da Magplane Technology; e Tracy Clark, vice-presidente de tecnologia da Magnemotion.

Notícia recente mais importante: a equipe revelou o design do pod para passageiros.

Vantagem tecnológica: pelo MIT, passaram 85 vencedores do Prêmio Nobel, 19 vencedores do Prêmio Turing, 6 ganhadores da Medalha Fields e 34 astronautas. Acho que eles sabem o que estão fazendo.

Prova de que é real: como parte da competição, o MIT promete testar seus pods numa pista da SpaceX ainda este ano.

Onde você poderá vê-lo primeiro: como o MIT está trabalhando em conjunto com a SpaceX, o design do pod provavelmente será incorporado ao conceito da SpaceX. Mas não há nenhuma aplicação para o mundo real no horizonte por enquanto.

A opinião de um físico: este é apenas um conceito de pod por enquanto, mas a equipe do MIT também está usando ímãs de matriz Halbach para o vagão flutuar, e isso tem muitos benefícios, de acordo com Stephen Granade.

“Na década de 1980, o físico Klaus Halbach criou uma configuração para usar em aceleradores de partículas, mas as matrizes Halbach estão por toda parte agora, principalmente presas em geladeiras”, diz ele. “Ímãs de geladeira usam uma configuração de matriz Halbach pela mesma razão que o hyperloop: porque você tem quase duas vezes o campo magnético que se você usasse uma fileira de ímãs apontando na mesma direção, e porque você tem um lado que não tem quase nenhum campo magnético.”


SpaceX

Ano de início: 2002

Fundador: Elon Musk

Localização: Hawthorne, Califórnia

Funcionários: 5.000, embora a maioria deles não esteja trabalhando em projetos de hyperloop.

Financiadores: Google e Fidelity são investidores da SpaceX, mas o dinheiro do Hyperloop provavelmente vem do próprio Musk.

Parceiros notáveis: a AECOM estará bem ocupada construindo pistas de teste para a SpaceX.

Vantagem tecnológica: a SpaceX consegue pousar em barcas, reutilizar foguetes e planeja ir a Marte – talvez este know-how possa ser aplicado em terra também.

Prova de que é real, e onde você poderá vê-lo primeiro: em 2015, Musk anunciou que a SpaceX iria construir uma pista de teste, talvez no Texas; e em seguida, uma “pista de testes de 1,5 km adjacente à sede em Hawthorne, Califórnia”.

A opinião de um físico: Stephen Granade está principalmente preocupado com a ideia original de Musk de usar rolamentos pneumáticos para levitar o pod, o que requer ar comprimido para funcionar.

“A versão dele sugava ar a partir da frente do carro, mas não haverá tanto ar dentro do tubo; e para tornar o veículo o mais aerodinâmico possível, é melhor não ter ar colidindo com ele”, diz Granade. “Você provavelmente teria que transportar contêineres de ar comprimido para manter os rolamentos pneumáticos, que seria um peso adicional e também seria muito mais ruidoso do que o sistema magnético passivo.”

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