Provedores de internet na Nova Zelândia dizem estar bloqueando sites que não removeram vídeos do atentado a mesquitas
Na semana passada, um homem de 28 anos, fortemente armado, entrou em duas mesquitas em Christchurch, na Nova Zelândia, e abriu fogo, matando pelo menos 50 pessoas no pior massacre da história moderna do país. Antes de atacar dezenas de fiéis muçulmanos, o assassino publicou um manifesto, descrevendo por que planejava cometer um assassinato em massa, e então transmitiu parte do horrível ato no Facebook.
O vídeo foi republicado centenas de milhares de vezes. Como resultado, três dos maiores provedores de serviços de internet móvel da Nova Zelândia optaram por bloquear temporariamente alguns dos sites onde o vídeo permanece disponível.
Clientes de Spark, Vocus ou Vodaphone podem ter dificuldade em acessar sites conhecidos por hospedar material questionável e que ajudaram ativamente a espalhar os 17 minutos de filmagens de assassinato em tempo real depois que eles foram retirados do Facebook. Os sites bloqueados incluem os fóruns 4chan e 8chan. Este último, um site que existe em grande parte para aqueles que acreditam que o próprio 4chan é censurado demais, foi onde o atirador inicialmente publicou seu manifesto.
O Gizmodo não conseguiu verificar independentemente as alegações de que outros sites, como o serviço de compartilhamento de arquivos Mega, os de hospedagem de vídeos LiveLeak e BitChute, o de cache Archive.is e o Kiwifarms também foram desativados para os clientes na Nova Zelândia. De qualquer forma, acredita-se que os bloqueios sejam temporários.
“Onde o material é identificado, o site é temporariamente bloqueado e notificado, solicitando que removam o material”, disse Meera Kaushik, membro da equipe de comunicação da Vodafone, ao Bleeping Computer.
“Essa é uma medida sem precedentes da indústria de telecomunicações, mas que todos concordam ser necessária”, disse Geoff Thorn, diretor-executivo do Fórum de Telecomunicações da Nova Zelândia, ao CIO. “O atirador queria claramente que suas ações fossem vistas, mas não acreditamos que isso seja desejável e estamos fazendo o máximo que podemos para evitar que isso aconteça.”
As leis da Nova Zelândia sobre censura e conteúdo indecente diferem significativamente daquelas dos EUA, por exemplo. O Departamento de Relações Internas da Nova Zelândia mantém uma lista de sites banidos, principalmente para impedir a disseminação de imagens de abuso e exploração de crianças, que são bloqueadas no nível de DNS pelos provedores de internet participantes.
Ainda assim, a resposta é uma oportunidade de comparar com as tentativas das plataformas de redes sociais americanas, como Facebook, Twitter e Reddit, de impedir que os usuários compartilhem imagens do massacre de Christchurch. O Reddit, por exemplo, baniu a comunidade r/watchpeopledie, que era focada em imagens e vídeos de incidentes fatais da vida real. Só o Facebook afirma que derrubou um milhão e meio de cópias do massacre em um único dia, e aposto que ainda existem muitos mais hospedadas por lá.
Muitos fóruns — o 8chan entre eles — hospedam links alternativos na deepweb acessíveis por meio do navegador Tor, e os sites bloqueados ainda podem estar disponíveis para os neozelandeses por meio do uso de um VPN. O vídeo foi inicialmente transmitido ao vivo por meio do Facebook, se espalhando via YouTube, Twitter e Reddit, nenhum dos quais foi supostamente bloqueado, então não está claro o quão eficaz esse bloqueio será para impedir que os neozelandeses vejam as filmagens.
Mais eficaz na prevenção de futuros imitadores do que outras nações, a Nova Zelândia já está considerando uma proibição de fuzis de assalto em todo o país. A internet é global, no entanto, e enquanto a conselheira da Casa Branca, Kellyanne Conway, pedia aos telespectadores da Fox que lessem o manifesto do atirador em sua totalidade, três pessoas foram mortas por um atirador nesta manhã em Utrecht, na Holanda. A BBC informou que “mesquitas em toda a cidade foram supostamente fechadas devido a preocupações de segurança”.