Quando a ciência tentou explicar o fenômeno Lionel Messi

Talento é um conceito difícil de se medir a partir do método científico. Veja o que a ciência (e os dados) dizem sobre o jogo do argentino

Quer você seja um brasileiro que está torcendo pela vitória da Argentina na final da Copa ou não, uma coisa não dá para negar. Messi é um gênio da bola e já tem cadeira reservada entre os melhores de todos os tempos. A posição ele ocupa nesse ranking é o de menos. Para mim, está atrás apenas de Pelé. Mas uma coisa é fato: prestes a se tornar uma divindade na Argentina, como é Maradona, Lionel às vezes parece não ser humano.

Ainda que o futebol não seja uma ciência exata, há diversos exemplos de pesquisas e levantamentos de dados que já se propuseram a tentar investigar o que torna o argentino especial.

Há pesquisas que foram pelo caminho genética: esta aqui, liderada por universidades inglesas, por exemplo, sinaliza que boleiros canhotos têm vantagem em relação aos seus pares destros por serem mais criativos e inventivos.

Ainda que diminua a vantagem natural na hora de disputar bolas de cabeça, a baixa estatura também favorece o jogo de Messi. Um estudo mostrou que jogadores tem passadas mais curtas e centro de gravidade mais baixo são capazes de desacelerar rapidamente, antecipar mudanças no movimento e, então, acelerar a grandes velocidades de novo.

A genialidade de Messi, no entanto, pode estar também em entender suas limitações e fazer jogo condicionar seu desgaste físico, e não o contrário. Na atual edição da Liga dos Campeões, o argentino jogou 5 partidas — e correu, em média, 7.55 quilômetros por jogo. É (bem) comum que jogadores de meio-campo passem dos 10 quilômetros de média. INão correr o tempo inteiro não significa se omitir do jogo, claro.

Um levantamento feito entre a temporada 2013-2018 concluiu que Messi tinha mais contato com a bola, gerava mais situações de gol e tinha mais influência no resultado final do que Cristiano Ronaldo. Tudo isso justamente na época em que o português ganhou mais prêmios individuais e marcou mais gols do que em qualquer outro momento da carreira.

Um outro estudo se dedicou a analisar o gol do argentino que ganhou o prêmio Puskas em 2015 — dedicado a eleger o gol mais incrível do ano. Na jogada em questão, durante um jogo da Copa do Rey contra o Athletic Bilbao, Messi correu 55 metros em 11.4 segundos, acelerando a 32 km/h em apenas 2.7 segundos.

Com três toques, ele tira três oponentes da jogada e, no intervalo de 1.2 segundo, tira da cartola um chute de 77 km/h. Segundos os cálculos, a margem de erro da bola era de 1.5 mm. A genialidade está nos detalhes, como você pode ver na jogada abaixo.

 

Este vídeo da ESPN americana analisou o mesmo lance, comparando também Messi a atletas de outros esportes — e atestando a sua genialidade com números. Algo interessante é que, durante todo o lance, a bola ficou a mais que 60 centímetros do seu pé apenas duas vezes. Vale a pena conferir a análise.

Ainda que a ciência tente quantificar os feitos do argentino, há um outro ingrediente extra na mistura que é difícil de se medir em números: talento. No fim das contas, melhor do que tentar entendê-lo é vê-lo jogar. Viva, Messi.

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Guilherme Eler

Guilherme Eler

Editor-assistente do Giz Brasil, são-carlense e vascaíno. Passou pelas redações de Superinteressante, Guia do Estudante e Nexo Jornal.

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