Quando os smartphones pequenos viraram smartphones ruins?
Houve um tempo onde você podia comprar algo que fosse compacto, rápido e bonito. Esse tempo acabou. “Menor” é só uma forma educada de dizer “esta é a versão ruim e mais barata.” E isso é revoltante.
O HTC 8X de 4,3″ parece ser um smartphone e tanto — o ultramoderno e ultrafuncional Windows Phone 8 junto com um hardware animal: LTE, tela super densa, fino, rápido. E ele tem um irmãozinho: o 8S, de 4″. Mas em vez de ser apenas a versão encolhida do que parece ser um celular muito bacana, ele é só bom o bastante. A versão acessível. A versão mal tratada: câmera pior, menos espaço interno, um processador mais lento — e uma óbvia qualidade de construção inferior. O 8X é um sedã de luxo, o 8S é um popular sem opcionais.
Não é que não deveriam existir opções de smartphones baixo custo que, claro, precisam ter características piores — os smartphones devem ser acessíveis para todos, independentemente de quanto ganham. Mas a HTC está dizendo que o dispositivo menor é aquele que você pega se não tem dinheiro ou se simplesmente não se importa. E ela não está só.
Recentemente a Nokia fez a mesma manobra com seu Lumia 920, uma obra de arte do design industrial de 4,5″. A sua contraparte, o 820? Não muito. Ele será um aparelho decente, mas obviamente inferior em todos os aspectos, por dentro e por fora, a menos que você curta aquele negócio de trocar capinha da época em que a Nokia era líder mundial de celulares. Ele parece um celular para adolescentes ou idosos, relegado à mediocridade e sem tantos atributos apenas porque é menor.
Em ambos os casos, cada empresa nos dá duas opções óbvias: você pode ter um smartphone grandalhão e poderoso, ou um pequeno e pior. Não existe um esportivo compacto. Não existe uma opção poderosa que caiba com folga no bolso. Existe sempre a questão de espaço, de engenharia, claro — às vezes não dá para colocar tanta tecnologia em um corpo menor, especialmente quando a autonomia/bateria é uma grande preocupação. Mas isso não vale, por exemplo, para a qualidade do acabamento e a atenção aos detalhes externos. Não mesmo.
Não precisa ser desse jeito. A Motorola provou no mesmo dia em que a Nokia apresentou seu falso dilema dizendo, incisivamente, que “algumas pessoas querem apenas celulares menores.” Essas pessoas não querem um celular mais lento, ou mais fraco, ou um de plástico barato — apenas um que não seja tão grande. Elas querem o mesmo poder e as mesmas capacidades sem todo o tamanho dos modelos topo de linha. E a Motorola agora vende o esperto Razr M, um dispositivo de 4,3″ (tão “pequeno” quanto o termo significa hoje, infelizmente) que ainda traz conectividade LTE, processador e memória do seu irmão maior, o Razr HD. Ele é sólido, parece algo premium, não uma falsificação barata. É possível. Se a Motorola pode criar um compacto poderoso sem comprometer nada, não há razão para que Nokia e HTC não consigam (e não possam) fazer o mesmo.