Kwabena Boahen, especialista em ciência da computação da Universidade de Stanford, acredita que seriam necessários 10 megawatts para fazer funcionar um processador tão inteligente quanto o cérebro humano. O "Neurogrid", novo computador de Boahen, poderia fazer o mesmo com apenas 20 watts.
Para colocar os números em prespectiva, 10 megawatts é a potência produzida por uma usina hidrelétrica pequena, enquanto 20 watts mal alimentam uma lâmpada incandescente. Mas o seu cérebro usa só uns 20 watts mesmo, e nem usa de forma muito eficiente. No entanto, introduzir essa ineficiência no processador pode ser a chave para criar computadores que imitem o cérebro humano.
Parece bobagem, mas é verdade. Cientistas descobriram que os 100 bilhões de neurônios do cérebro, surpreendentemente, não são confiáveis. As sinapses falham em disparar [impulsos elétricos] de 30 a 90 por cento das vezes. Mas de alguma forma o cérebro funciona. Alguns cientistas até veem o ruído neural como a chave para a criatividade humana. Boahen e um grupo pequeno de cientistas ao redor do mundo esperam copiar os cálculos com ruídos do cérebro e inaugurar uma nova era de computação inteligente e eficiente no uso de energia. O Neurogrid é o teste para ver se essa abordagem pode obter sucesso.
A maioria dos supercomputadores modernos têm o tamanho de uma geladeira e devoram de 100.000 a 1 milhão de dólares em energia elétrica por ano. O Neurogrid irá caber em uma maleta, funcionar com o equivalente de algumas pilhas D [grandes], e no entanto, se tudo correr bem, vai chegar perto [do poder de computação] desses gigantes.
Por enquanto, Boahen conseguiu espremer um milhão de neurônios em seu novo supercomputador; ano passado ele conseguiu só 45.000. Até 2011, ele espera ter 64 milhões de neurônios funcionando, levando o projeto ao equivalente de um cérebro de um rato.
Abandonar a confiabilidade e eficiência para adotar um caos organizado é tudo o que um engenheiro não quer, mas a abordagem faz sentido — e reduzir o consumo de energia é a chave para se manter a Lei de Moore. Mas essa ideia deve ser levada para o ramo da inteligência artificial — e o que esperar dos futuros robôs com AI? Em vez de uma máquina fria e lógica que pensa por si só, a gente talvez crie robôs tão burros e defeituosos como nós. Em outras palavras, poderia ser um robô aparecendo na TV depois de ter dirigido bêbado e causado um acidente bizarro com um cavalo na pista. E aí, como fica? [Discover Magazine via PopSci]