Quão problemática é a antena do iPhone 4 no Brasil?
Há 10 dias temos usado iPhone 4 de uma maneira pouco convencional: segurando-o de todos os jeitos, apertando-o quando alguém liga e rodando testes de velocidade 3G por onde passamos. Tudo para verificar qual o tamanho do problema que uma antena mal planejada causa aos donos do último celular da Apple no Brasil. É o suficiente para fazer interessados reconsiderarem a compra?
Antennagate
Antes, para quem não se lembra do que ficou conhecido como Antennagate, aqui vai um breve resumo: assim que o iPhone 4 começou a chegar na casa das pessoas que o compraram nos EUA, pipocaram pela internet reclamações e vídeos de gente que perdia barrinhas de sinal segurando o aparelho de determinada maneira. Pouco depois descobriu-se onde era o ponto fraco: a estrutura de metal que envolve o iPhone 4 na verdade é formada por duas antenas. Se você colocar o dedo na brecha que une as duas, na parte inferior esquerda, as barrinhas caem. Isso é automático e indiscutível. Quanto, exatamente? Isso depende de uma série de fatores, mas a medição científica mais completa feita pelo pessoal da Anandtech diz o seguinte:
(da esquerda para a direita: apertando forte, segurando naturalmente, na palma da mão, aberta, segurando naturalmente com o aparelho em um case e as respectivas atenuações de sinal em decibéis – quanto menor o número, melhor o sinal).
Provado o problema, Steve Jobs fez a bobagem de recomendar às pessoas que segurassem o telefone da Apple da maneira "certa". Depois, foi convocada uma coletiva onde foi anunciado um programa de distribuição de bumper cases, uma proteção de plástico/silicone que elimina o problema, já que ele só aparece quando a antena entra em contato com a pele. O Brasil, como sabemos, foi o único país a ficar de fora do programa e aparentemente quem tem um iPhone e quiser a capinha tem de comprá-la.
Na prática
Como já havíamos adiantado anteriormente, a gravidade do problema é bastante variável – ela depende da força do sinal na sua área. Eu estou com um iPhone 4 na Vivo e o Fabio Bracht na Claro. Até agora, não tivemos ligações perdidas ou deterioração de qualidade em comparação com outros aparelhos e iPhone antigo, mas talvez porque moramos em áreas com o sinal forte. Como já havíamos falado antes, por mais estranho que possa parecer, o sinal da AT&T, única operadora que vende o iPhone 4 nos EUA, é pior nas grandes cidades que a maioria das operadoras nacionais.
Se não vimos perda de qualidade de ligações, pudemos perceber que a quantidade de barrinhas varia enormemente de lugar para lugar. Mas mesmo quando só há uma, o iPhone 4 ainda recebe e realiza ligações numa boa. Na verdade, a antena do iPhone 4 é melhor em segurar uma ligação mesmo com um sinal ruim.
Com dados via 3G a coisa é um bocado diferente. Em lugares onde a recepção é efetivamente ruim, segurar de forma errada (o famoso death grip) faz com que o iPhone 4 simplesmente deixe de acessar páginas ou receber e-mails instantaneamente. Fiz o teste no banheiro da minha casa – o único lugar do apartamento onde ele fica "mal" se segurado de forma estranha. Neste vídeo fica óbvio a degradação do sinal:
Solução?
Há duas soluções para o problema: segurar o celular diferente, como recomenda Steve Jobs – que basicamente é uma não-opção, a não ser que você seja um freak como o Bracht, que é cheio de dedos para pegar no seu iPhone inconscientemente -, ou colocar uma roupinha no celular, o famoso bumper. E ele – ou qualquer outro case – acaba sendo quase necessário, seja pela questão do sinal ou para proteger o aparelho, bastante frágil por causa da estrutura de vidro. Em nossos testes, a velocidade da conexão com ele não cai – e às vezes até aumenta.
Algumas lojas obviamente estão explorando um pouco essa necessidade: vi bumpers simples por mais de R$ 100 em revendedoras autorizadas da Apple. Este do teste aí em cima, bonitinho até, foi comprado por R$ 19,90 na Livraria Saraiva, que não é um lugar exatamente barato. Em um comércio popular de xing-lings da minha esquina, uma semelhante sai por R$ 12. Por poucos Reais, você transforma um aparelho de R$ 1.800 com defeito em algo perfeitamente funcional, ainda que mais feio – para deixá-lo mais bonito, é preciso pagar bem mais.
No fim das contas, há uma óbvia falha de design que na prática não é fatal, e que é consertada com um simples case. Na nossa opinião definitivamente não é algo que vai espantar os interessados em comprá-lo – e nem deveria. Afinal, muitos usuários de iPhone – como nós aqui do Giz – devem gastar menos de 10% do tempo fazendo ou recebendo ligações: ele é um cliente de redes sociais/checador de e-mails/videogame/navegador e um celular também.
Concordamos que é obrigação da empresa oferecer a solução gratuitamente, sim, e ainda temos esperança que isso aconteça. Mas a verdade é que não estamos vendo muitos donos de iPhone 4 no Brasil que estejam genuinamente insatisfeitos com o aparelho ou estejam correndo para trocá-lo por outras opções (eu não vi nenhum, na verdade). As pessoas que odeiam a Apple vão repetir aagora nos comentários a conversa de que os donos de iPhone 4 são idiotas – chamando, diretamente, o editor-chefe deste site e da matriz americana de idiotas – mas o fato é que como todo gadget, este tem altos e baixos. Ainda que a falha pareça – e é – primária, o iPhone 4 continua sendo um smartphone espetacular, que merece ser considerado como próxima compra.