Que visão gloriosa seria voltar aos meus tempos de natação mergulhando nesta piscina espacial. Esta imagem retrata quase que fielmente o quasar, com o singelo nome APM 08279+5255, que tem ao seu redor o equivalente a 140 trilhões de vezes toda a água nos oceanos da Terra. Pena que nesta água eu nunca nadarei.
Duas equipes internacionais de astrônomos descobriram o APM 08279+5255. Segundo Matt Bradford, que liderou uma destas equipes, quasares geralmente não produzem tanta água assim. A própria Via Láctea tem água rodeando a galáxia, mas o quasar ganha fácil: nele, a água é cinco vezes mais quente, e de 10 a 100 vezes mais densa – fora que ele tem 4.000 vezes mais água que nossa galáxia. Bradford diz que “esta é mais outra demonstração de que a água permeia todo o universo”.
E porque eu, em meu traje espacial, não poderia fazer nado borboleta nessa piscina? É que, mesmo a água sendo banhada por raios-X e radiação infravermelha que emanam do quasar, a temperatura da água fica em -53ºC. E este quasar está a 12 bilhões de anos-luz da Terra: isto quer dizer que a luz dele demorou 12 bilhões de anos para chegar à Terra. Ou seja, agora ele pode estar bem diferente, ou nem existir mais. Afinal, como sabemos, as imagens de telescópios são apenas retratos do passado.
Ainda há mais um detalhe. Você sabe o que são quasares, certo? Apesar de serem estonteantes como na imagem acima, eles são núcleos galácticos movidos por um buraco negro gigantesco, que consome eternamente o disco de gás e poeira ao redor, e que depois cospe uma quantidade enorme de energia. Como não estou a fim de ser devorado pela fúria de um quasar, vou nadar na piscina do clube, mesmo. [Caltech via Wired UK e Info]