Químicos domésticos podem causar obesidade, infertilidade e QI baixo, mostra pesquisa

Análise constatou que um número crescente de produtos químicos domésticos está ligado a desregulação endócrina e pode causar problemas de saúde generalizados.
Frigideira teflon fritando ovos
Crédito: Justin Sullivan/Getty

Uma nova análise publicada nesta terça-feira (21) na seção de diabetes e endocrinologia da revista Lancet constatou que um número crescente de produtos químicos domésticos está ligado a desregulação endócrina e pode causar problemas de saúde generalizados, incluindo infertilidade, diabetes e desenvolvimento cerebral prejudicado.

Os pesquisadores examinaram centenas de estudos publicados nos últimos cinco anos para chegar a suas conclusões, que também incluem uma lista de ácidos perfluorooctanessulfônicos (PFAS) como um disruptor endócrino.

Um conjunto crescente de literatura médica tem analisado como os produtos químicos do cotidiano afetam o sistema endócrino. Um grande catalisador para o crescente interesse em produtos químicos que perturbam o sistema endócrino foi um estudo de 2015 encomendado pela Endocrine Society, que levou à identificação de 15 diferentes problemas de saúde que foram ligados aos disruptores endócrinos.

Em 2017, as Nações Unidas publicaram uma lista de 45 produtos químicos que os estudos mostraram seres disruptores hormonais, incluindo os encontrados em pesticidas, no revestimento de latas de alumínio, cosméticos e produtos eletrônicos.

Mas nenhum desses estudos incluiu informações sobre um grupo de produtos químicos que os cientistas entendem muito melhor agora do que naquela época: os PFAS.

O grupo de produtos químicos conhecidos coletivamente como PFAS são usados para fornecer toneladas de artigos domésticos que vão desde panelas e frigideiras antiaderentes até embalagens de alimentos. Os produtos químicos já são um problema enorme porque estão sendo cada vez mais encontrados em algumas fontes de água potável e são comumente chamados de produtos químicos “eternos” porque não se quebram. A nova análise mostra que há amplas evidências de que os PFAS são disruptores endócrinos.

Os autores também procuraram outros produtos químicos que perturbam o sistema endócrino, incluindo vários produtos químicos usados em pesticidas, bem como os bisfenóis, que são um grupo de produtos químicos usados na fabricação de plásticos e outros produtos.

Eles descobriram que, nos últimos cinco anos, os cientistas relacionaram esses produtos químicos a uma lista de questões de saúde que está ficando mais longa. Nos últimos cinco anos, houve evidências ligando os produtos químicos a 17 outras condições médicas, incluindo a obesidade, endometriose e a síndrome do ovário policístico, que é uma causa significativa de infertilidade.

Os autores dizem que uma nova síntese também encontrou pesquisas emergentes ligando a exposição a PFAS, bisfenóis e alguns pesticidas à produção de sêmen infértil, enquanto outros estudos ligaram tanto os retardadores de chamas que perturbam o sistema endócrino quanto os pesticidas às preocupações com a saúde mental, como a perda de QI e o transtorno do déficit de atenção.

Tudo isso apenas fornece mais evidências de que precisamos ter o uso desses produtos químicos sob controle. Mas os Estados Unidos estão fazendo um péssimo trabalho. Em uma análise também publicada na terça-feira, os cientistas observam que os regulamentos atuais visam apenas limitar a exposição a grandes doses de produtos químicos, o que está longe de ser suficiente.

“Múltiplos estudos revisados por pares documentaram efeitos consistentes em níveis baixos”, disse Leonardo Trasande, professor de medicina ambiental e saúde da população na Faculdade de Medicina da Universidade de Nova York e principal autor das duas novas análises, em um e-mail para o Gizmodo.

Para remediar isso, os autores pedem que os Estados Unidos revisem sua abordagem para regulamentar esses produtos químicos. Trasande disse que o país poderia olhar para a União Europeia, que tem feito um trabalho melhor. Os países poderiam estabelecer um programa internacional para identificar os perigos. Dessa forma, o mundo pode regulamentá-los efetivamente antes que eles cheguem ao mercado.

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