No último domingo (21), o atacante Vini Jr. se tornou o assunto mais comentado no Twitter em todo o mundo. O atleta brasileiro do Real Madrid foi novamente alvo de ofensas racistas no Campeonato Espanhol. Desta vez no estádio Mestalla, durante a partida com o Valencia.
As informações são do portal Trends24, especializado em monitorar os assuntos em alta da rede social. Os dados do site mostram o nível de comoção que o caso gerou não só no Brasil, mas também em outras partes do planeta.
Em uma publicação em seu perfil no Twitter, Vini criticou a postura da Liga Espanhola e, pela primeira vez, deixou no ar a possibilidade de deixar o clube no qual se tornou o principal protagonista.
Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi hoje é dos racistas. Uma nação…
Muitos famosos e jogadores de futebol foram às redes sociais prestar apoio ao craque. Entre eles Neymar e Richarlison, companheiros de Vini na seleção brasileira, além de Ronaldo Fenômento. Além disso, o francês Kylian Mbappé e o ex-jogador inglês Rio Ferdinand também se manifestaram favoravelmente ao brasileiro. O perfil do Rei Pelé, coordenado pela fundação que mantém a sua memória, também se posicionou em solidariedade.
O que aconteceu
Parte da torcida do Valencia, que jogava em casa, no estádio Mestalla, insistiu nos cânticos de “mono” — macaco em espanhol — durante toda a partida. Ainda no primeiro tempo, o brasileiro denunciou alguns torcedores posicionados atrás de uma das traves que faziam insultos racistas.
O árbitro Ricardo de Burgos Bengoetxea chegou a notificar o restante da equipe sobre o caso, mas a partida continuou. De acordo com a imprensa espanhola, após o segundo aviso, o juiz chegou a avisar a Vinícius que a partida seria suspensa se houvesse um terceiro — o que seguiria a orientação da Fifa para casos do tipo.
A atuação de Bengoetxea passou a ser ainda mais criticada quando o árbitro foi chamado pelo assistente de vídeo para revisar uma suposta agressão do atleta brasileiro, no final do jogo. Vini Junior acabou expulso, enquanto o adversário — que lhe deu uma espécie de “mata-leão” — não recebeu a mesma punição.
Outro ponto que vem sendo alvo de críticas é o fato de o árbitro principal não ter relatado as ofensas racistas na súmula da partida — uma espécie de relatório de arbitragem sobre os eventos ocorridos em um jogo de futebol.
Postura de LaLiga incomoda Vini Jr. e Real Madrid
Ao final da partida, o treinador italiano Carlo Ancelotti, do Real Madrid, decidiu não falar sobre futebol. O técnico, bastante indignado com os acontecimentos, cobrou medidas efetivas para combate ao racismo para que cenas como as de ontem não se repitam mais no futebol espanhol.
O atacante foi ao Twitter e criticou a forma como a organização de LaLiga vem lidando com os recorrentes casos de racismo. O post já teve mais de 50 milhões de visualizações e, pela primeira vez, o jogador deixou sua permanência no Real Madrid em aberto.
Nesta segunda-feira (22), o Real Madrid também saiu em defesa do jogador brasileiro e fez uma denúncia de crimes de ódio e discriminação contra Vinicius Jr. ao Ministério Público da Espanha. Além de ir à justiça, o clube merengue divulgou uma nota repudianto os ataques raciais contra seu atleta.
O atacante também se reuniu com Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, que prestou sua solidariedade e apoio. O mandátario afirmou que a entidade irá até as últimas consequências para defender o jogador.
Campeonato Espanhol rebate brasileiro
No Twitter, o presidente do Campeonato Espanhol, Javier Tebas, rebateu as declarações no tweet do brasileiro, que é uma das maiores estrelas da Liga, e foi duramente criticado na rede social. Para muitos dos que se manifestaram contra Tebas, a publicação é um exemplo da conivência que a organização vem tendo com os frequentes casos de racismo.
O presidente da Federação Espanhola de Futebol foi contra Tebas e classificou o comportamento de LaLiga frente aos casos como “irresponsável”. Gianni Infantino, presidente da FIFA, também se solidarizou com Vinicius Junior e afirmou que não há espaço para racismo no futebol.
O Valencia emitiu uma nota oficial condenando os insultos, ataques e dizendo que tem total compromisso com o respeito no esporte. Mesmo com casos de racismo se repetindo frequentemente contra o jogador, o comunicado diz que o ocorrido no domingo foi um caso isolado. Por fim, o clube aforma que está investigando os acontecimentos e tomará medidas cabíveis.
Nota do Ministério das Relações Exteriores
Na manhã de hoje, o Itamaraty publicou uma nota oficial na qual repudiu os ataques racistas no Campeonato Espanhol e lamentou a falta de ações para evitar casos similares. O Ministério das Relações Exteriores ainda pediu que autoridades de estado e esportivas tomem providências necessárias para punir responsáveis adequadamente e evitar que atos como o do último domingo se repitam.
O Ministério das Relações Exteriores também convocou a embaixadora da Espanha, Mar Fernández-Palacios, para prestar esclarecimentos sobre as ofensas raciais proferidas contra o atacante brasileiro. A medida adotada pelo governo brasileiro pode pressionar autoridades espanholas e a liga local a tomar atitudes efetivas para combater o racismo. E, assim, para evitar um desconforto nas relações diplomáticas.
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