Reflorestamento da Mata Atlântica é feito com baixa biodiversidade

Estudo da USP mostra que apenas 8% da flora replantada na Mata Atlântica representa as espécies originais daquela região
Reflorestamento da Mata Atlântica é feito com baixa biodiversidade
Imagem: Renato Augusto Martins/Wikimedia Commons/Reprodução

Quando parte de uma vegetação é colocada a baixo, empresas preocupadas com sua pegada ambiental ou autoridades ligadas ao meio ambiente plantam outras árvores na região para compensar. No entanto, neste cenário, os responsáveis pelo método não consideram o contexto da região, ou seja, não colocam ali necessariamente as mesmas espécies que foram tiradas.

Isso é diferente de restauração ambiental. Nesse caso, os pesquisadores buscam recompor a vegetação a partir de informações do local previamente degradado. Pesquisadores da Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), em Piracicaba, resolveram investigar se isso estava acontecendo em áreas de Mata Atlântica.

A equipe analisou os registros de cada árvore plantada no bioma entre 2002 e 2018. Com isso, os cientistas perceberam que o processo de restauração florestal utiliza menos de 8% da flora arbórea original, levando a uma homogeneização homobiótica. Traduzindo do cientifiquês, isso significa que estão sendo plantadas sempre as mesmas espécies de árvores, sem levar em conta as particularidades locais.

Para chegar ao número, a equipe comparou os dados com aqueles existentes de florestas remanescentes. Dessa forma, os pesquisadores confirmaram a padronização das ações de restauração florestal. 

Reflorestamento na Mata Atlântica

As autoridades cultivam as mudas plantadas para recuperar os ambientes em viveiros. Conforme destacou o Jornal da USP, prioriza-se espécies de crescimento acelerado e com sementes disponíveis, sem reproduzir a diversidade vegetal.

As áreas de restauração florestal e as florestas remanescentes analisadas no estudo estão espalhadas pelos estados do Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.

A falta de variedades, por sua vez, pode não representar algo ruim. Na verdade, é possível que as árvores plantadas permitam a chegada de outras espécies diversas trazidas pelos meios naturais de dispersão de sementes, aumentando a diversidade vegetal. 

Mas claro que existe a chance das árvores plantadas criarem uma hegemonia, tornando a inserção de outras espécies imprescindível. De toda forma, os cientistas devem analisar esse comportamento de forma exclusiva para entender como o reflorestamento, quando feito de modo pouco diverso, afeta o ecossistema.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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