Relógio do Juízo Final se aproxima ainda mais da meia-noite, pois o mundo está mais perigoso
Faltam 2 minutos para a meia-noite. E isso é uma notícia péssima, se você é minimamente fã do planeta em que vive.
O chamado relógio do Juízo Final, um símbolo da proximidade do mundo ser totalmente destruído, moveu 30 segundos em direção à meia-noite, durante uma conferência de imprensa nesta quinta-feira (25). A última vez que o relógio esteve a 2 minutos da meia-noite foi quando os Estados Unidos e a União Soviética fizeram testes com uma bomba de hidrogênio em 1953.
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O Boletim de Cientistas Atômicos tem usado o relógio para representar a ameaça de uma destruição nuclear desde 1947. No ano passado, a organização moveu o relógio de 3 minutos para 2,5 minutos. O mais longe da meia-noite que o relógio já esteve (ou seja, o cenário mais seguro) foi em 1991, quando ficou a 17 minutos da meia-noite com o fim da Guerra Fria. O mais próximo da meia-noite ocorreu em 1953 e 2018.
Lawrence Krauss, presidente do conselho dos patrocinadores do Boletim de Cientistas Atômicos, notou que outros especialistas disseram que 2018 é mais perigoso que o tempo da Guerra Fria. “Chamar a situação nuclear do mundo de terrível é subestimar o perigo e sua urgência”, escreveu Krauss em um artigo publicado no Washington Post.
“O programa das armas nucleares da Coreia do Norte parece ter tido substancial progresso em 2017, aumentando os riscos para o próprio pais, outros países da região e os Estados Unidos”, afirmou Krauss. O relógio começou como uma resposta direta ao aumento do risco nuclear na década de 1940, e atualmente a organização cita os tuítes do presidente Donald Trump e a postura nuclear da América com a Rússia, Coreia do Norte e o Irã como algumas das contribuições para um cenário mais perigoso.
“Tivemos sorte de evitar conflitos intencionais ou acidentais, mas recentemente a postura e os falsos alarmes no Havaí e no Japão mostram que nossa sorte está prestes a acabar se não tomarmos alguma decisão rápida”, disse Beatrice Fihn, diretora executiva da Campanha Internacional para acabar com Guerras Nucleares (ICAN, na sigla em inglês), ao Gizmodo.
“Uma segurança baseada em sorte é imprudente e insensata; é exatamente o que os estados com iniciativas nucleares estão nutrindo. 122 nações votaram a favor do Tratado de Proibição de Armas Nucleares e outras nações precisam se juntar para que possamos parar de flertar com nosso auto-destruição e acabar de vez com o relógio do Juízo Final”, afirmou Fihn.Armas nucleares costumam ser o assunto mais discutido para mexer no relógio, porém não é o único fator.
“O relógio não responde a eventos individuais”, afirmou Krauss em uma conferência de imprensa. “Não existe um fator único, mas a situação nuclear é um fator relevante.”
Em 2007, a organização passou a olhar de perto outros tipos de ameaças, da automação até a mudança climática.
“Quanto à mudança climática, o perigo parece menos imediato que uma destruição nuclear, mas evitar o aumento catastrófico de temperatura a longo termo requer uma atenção urgente agora”, escreveu Krauss em seu artigo no Washington Post.
“Os países deverão reduzir significantemente as emissões de gases causadores do efeito estufa para atingir as metas do acordo de Paris. Até o momento, a resposta global tem sido fraca para atingir o que foi acordado.”
No ano passado, o relógio moveu apenas 30 segundo, algo que nunca aconteceu antes. A razão? Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos. Agora que ele já é presidente por um ano, a situação parece estar pior.
A organização sabe que o relógio é apenas um artifício. “Nós mostramos o relógio não tanto pela possibilidade de catástrofe, mas pela oportunidade do público discutir assuntos importantes”, afirmou Krauss.
Boa sorte para todo mundo, pois, provavelmente, vamos precisar.