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[Review] Assassin’s Creed Chronicles: China, quando assassinos se tornam ninjas em 2.5D

“Conhece-te a ti mesmo”, escreveu o filósofo e general chinês Sun Tzu na famosa obra A Arte da Guerra. Essa é uma lição que a protagonista Shao Jun precisa aprender em Assassin’s Creed Chronicles: China, lançado para essa semana para PS4, Xbox One e PC. Já eu, me conhecendo bem, sabia que iria querer jogar […]

“Conhece-te a ti mesmo”, escreveu o filósofo e general chinês Sun Tzu na famosa obra A Arte da Guerra. Essa é uma lição que a protagonista Shao Jun precisa aprender em Assassin’s Creed Chronicles: China, lançado para essa semana para PS4, Xbox One e PC.

Já eu, me conhecendo bem, sabia que iria querer jogar esse novo jogo, mesmo com Assassin’s Creed mostrando visíveis sinais de saturação com seus lançamentos anuais (esse nem é o jogo principal em 2015). Porém, com essa série spin off Chronicles — da qual China é o primeiro de três jogos — eu via uma forma de trazer algo novo, só não imaginava que o jogo faria isso ao transformar os assassinos em ninjas. Como ele fez isso? Sendo um jogo 2.5D com foco em stealth.

Shao Jun, a personagem que controlamos, faz parte da irmandade dos assassinos que protagoniza a série, mas também não deixa de ser uma ninja. A protagonista nunca chega a se auto intitular como tal, mas nem precisa, isso já fica óbvio pelas mecânicas e jogabilidade do jogo e é ainda mais enfatizado por tudo se passar no período do império chinês do século 16.

É possível perceber em AC Chronicles: China até mesmo outros ensinamento de Sun Tzu fora o que abre esse texto. Um exemplo disso, é mostrar que o cérebro é mais importante que a força bruta. No jogo, lutar diretamente é a última coisa que você vai querer fazer. O combate corpo a corpo, tão comum nos jogos principais da série, é propositalmente difícil e quase uma tática suicida. Morrer não demora mais do que dois golpes.

Somos forçados, então, a sempre sermos furtivos, seja ao andar pelo cenário ou matar oponentes, a observar o ambiente a procura de esconderijos e aprender o padrão dos inimigos. É nessa hora que a visão “de lado” se destaca. Essa caraterística casou perfeitamente com o estilo mais stealth que o jogo propõe.

Entre uma fase furtiva e outra, rolam ainda momentos de fuga, onde o importante é saber desviar de obstáculos o mais rápido possível, o que gera um dos melhores momentos do jogo.

Não é à toa que AC Chronicles: China lembra outro game de ninja que chamou a atenção há algum tempo: Mark of The Ninja. Não foram poucas as vezes em que me via fazendo as mesmas estratégias: andar devagar para não fazer barulho, usar itens de distração para despistar os inimigos e estar sempre longe do campo de visão (em forma de cone) deles.

“Hum, isso está me cheirando a cópia”, você poderia dizer. Não chega a tanto. Esse novo Assassin’s Creed tem sim seu próprio charme que é representado pelo sua arte. Os cenários de fundo, principalmente, são de encher os olhos, com paisagens que são praticamente pinturas vivas.

A arte do jogo é tão fascinante que não me fez perceber, por boa parte do tempo, o quanto o gráfico do jogo em si não é lá essas coisas. Se olharmos com mais atenção aos personagens e objetivos nos cenários, percebemos o quão simples eles são, não justificando em nada estarem em consoles como um PS4 e Xbox One, mesmo sendo um jogo com escopo menor.

Outra coisa que pode frustrar são as “lutas” contra os chefes. Não espere que o embate contra esses oponentes mais importantes sejam nada além do que você faz com qualquer outro inimigo. Pode até fazer sentido por todo a proposta furtiva do jogo, mas tira bastante o impacto no final.

Histórias do oriente

Esta pode ser a estreia de Shao Jun como protagonista de um Assassin’s Creed, mas não é a primeira aparição dela na série. Em 2011, a Ubisoft produziu uma animação de 20 min chamada Assassin’s Creed Embers, que introduziu a personagem.

Shao Jun vinha do oriente em busca dos ensinamentos de um já idoso Ezio Auditore, o famoso assassino dos primeiros jogos da série. AC Chonicles China mostra justamente a continuação da história dela após se encontrar com Ezio, onde Jun retorna à sua terra natal para tentar reerguer a irmandade dos assassinos por lá, que havia sido dizimada pelo templários da região, conhecidos como Tigres.

De decorrer do jogo, vamos descobrindo mais da história da personagem e como ela deixou de ser uma das concubinas do imperador chinês para se tornar a última representante dos assassinos. Ou, devo dizer, de ninjas assassinos.

O primeiro da trilogia

Apesar de ser tão diferente dos jogos principais, AC Chronicles: China ainda continua um legítimo Assassin’s Creed. Características como a luta de assassinos e templários, ambientações em lugares famoso (no caso, a Muralha da China e a Cidade Proibida) e o uso de figuras e fatos históricos reais ainda estão presentes.

Em vez de dez estúdio espalhados por todo o mundo, como aconteceu com AC Unity, Chronicles: China foi feito por um única desenvolvedora, a britânica Climax, que é mais conhecida por Silent Hill Origins e Shattered Memories. Isso resultou em um jogo com escopo menor, mas não um jogo ruim.


Justamente por saber de suas limitação e se focar em uma proposta específica, eles souberam exatamente o que fazer e como entregar uma boa experiência para o jogador. É a série Assassin’s Creed talvez começando a conhecer ela mesma. Sun Tzu estaria orgulhoso.

Vale lembrar que esse é o primeiro jogo da série Assassin’s Creed Chronicles, que ainda vai contar com India e Russia, a serem lançados nos próximos meses. Mas não se preocupe, China tem uma história contida em si e não deixa nenhum gancho que será necessário para entender o jogo seguinte. A Ubisoft garante que cada jogo funcionará de forma independente.

Algo que também é bom ressaltar é que o jogo está disponível de graça para quem comprou o Season Pass de Unity e, com apenas 3GB, vale a pena baixar e pelo menos testar o jogo. Fora isso, ele é vendido em cópia digital na PSN, Xbox Live e Steam/Uplay.

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