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[Review] Canon EOS 5D Mark III: A melhor DSLR para gravar vídeos

Já faz quase quatro anos desde que a Canon lançou a EOS 5D Mark II, a câmera que transformou as câmeras digitais em uma ferramenta acessível para cinegrafistas e cineastas independentes. E a próxima evolução foi definitivamente criada com essas pessoas em mente. Ao criar a 5D Mark III, a Canon ouviu a todas as […]

Já faz quase quatro anos desde que a Canon lançou a EOS 5D Mark II, a câmera que transformou as câmeras digitais em uma ferramenta acessível para cinegrafistas e cineastas independentes. E a próxima evolução foi definitivamente criada com essas pessoas em mente.

Ao criar a 5D Mark III, a Canon ouviu a todas as críticas e reclamações sobre a Mark II, refinando o hardware, funcionalidade, e capacidades da sua câmera insanamente popular. Isso pode ser mais uma atualização do que uma revolução, mas verdade seja dita: esta câmera é muito legal.

Porque é importante

A 5D Mark II, com preço de US$2,500, foi a primeira alternativa legítima e acessível às câmeras digitais de cinema das empresas que dominavam Hollywood: Sony, Panavision, e mais recentemente RED. Sim, no fundo, ela ainda era uma câmera fotográfica, mas os cineastas usaram a 5D Mark II para gravar cenas de ação no Capitão América, assim como cenas para TV em programas como House e Saturday Night Live. Mais importante que isso, os cineastas independentes usaram a sua grande variedade de lentes e habilidades HD para começar a criar vídeos sem o orçamento de estúdios. Ela era um veículo para inovação. Em um nível técnico, a 5D Mark II não podia competir com o equipamento digital usado em grandes estúdios de Hollywood – mas ninguém parecia de importar. Nas mãos certas, ela produzia alguns vídeos realmente bonitos.

Mas a 5D Mark II estava longe de ser perfeita. Conforme mais e mais cineastas e cinegrafistas começaram a usá-la, eles descobriram incontáveis maneiras que a câmera poderia ser melhorada. A Canon estava prestando atenção, e a Mark III amadureceu como uma poderosa arma para vídeos.

Usando o produto

O Hardware: Corpo robusto, belo display

As maiores diferenças entre a Mark II e a Mark III estão escondidas por dentro, mas o corpo e o layout dos controles exteriores da 5D Mark III também passaram por algumas melhorias. É melhor de segurar e mais fácil de usar. O botão de desligar, por exemplo, foi melhorado e movido para o topo da câmera próximo ao seletor de modos. É fácil de usar e mais difícil de acionar acidentalmente. Isso é pode parecer um refinamento pequeno, mas é um exemplo de coisa que deixava os usuários malucos.

O seletor de modos também está à prova de acidentes com o mesmo botão com trava aperte-para-girar encontrado na 60D. Agora é impossível mudar acidentalmente os modos de disparo quando estiver manuseando a câmera. Próximo ao botão do obturador, a 5D Mark III ganha um prático botão multifuncional, ao qual você pode atribuir diferentes funções, como mudar rapidamente a ISO.

Na frente da câmera, o botão de pré-visualização da profundidade de campo foi bastante aumentado e movido para o lado oposto das lentes, então é muito mais fácil de apertar usando a mão direita. Os controles de reprodução, incluindo o botão de zoom unificado, que funciona com o controle giratório, agora estão à esquerda da tela da Mark III. Um botão de avaliação permite que você dê nota às suas fotos, para que quando você estiver passando pelos seus cartões de memória, você possa rapidamente perceber quais imagens estão realmente boas, e ver as notas no seu computador. A informação está guardada nos dados EXIF de cada foto. Outro botão próximo acessa as novas opções HDR nativas da Mark III.

A carcaça de liga de magnésio é realmente muito resistente e com seu acabamento texturizado e fosco para dar mais aderência, precisaria de um tornado para derrubar a câmera. Nós gostamos especialmente do canal mais profundo na parte superior direita da traseira da câmera, que oferece um lugar para posicionar seu polegar e segurar bem a câmera. Mesmo a resistência às condições climáticas da Mark III foi melhorada, mas isso não significa que ela sobreviveria a uma viagem à floresta tropical (use a nova 1DX para isso).

Como a sua predecessora, a 5D Mark II, a Mark III irá aceitar cartões CompactFlash, e agora também poderá aceitar cartões SD também. Os dois slots ficam próximos, e a Canon oferece muitas opções sobre como usar os cartões em conjunto: Fotógrafos paranoicos podem configurar para que todas as fotos sejam salvas simultaneamente nos dois cartões para backups redundantes. Quando estiver usando cartões de capacidades muito diferentes, você pode fazer com que a Mark III salve arquivos RAW em um cartão e JPEGs no outro.

Também não é difícil gostar da bela tela LCD de 3,2” e 1.040.000 pixels, a mesma da 1DX. As imagens eram visíveis mesmo com sol forte. Como o painel é ligado diretamente à tela de vidro, o brilho não era um problema. A resolução da tela não é só para impressionar. No modo de reprodução, o fotógrafo com foco mais na técnica pode pegar duas fotos simultaneamente e compará-las lado a lado, mesmo com informações do histograma sobreposto.

As melhorias do hardware feitas à 5D Mark III são todas bem sutis, mas ao mesmo tempo, elas são definitivamente notáveis, e certamente bem-vindas. Você tem que apreciar as coisas pequenas – em como girar a roda de seleção simplesmente parece melhor. Ou como a câmera é mais confortável de segurar. Estes ajustes pequenos, mas bem vindos vão somando para tornar a Mark III uma atualização significativa.

Desempenho com pouca luz e ISO: menos ruído na escuridão

Além das suas capacidades de vídeo, uma coisa que diferenciou a 5D Mark II foi o seu incrível desempenho com pouca luz. A Mark III melhora bastante isso. Seu sensor full-frame de 22.3 megapixels pode ser apenas ligeiramente maior que o sensor de 21.1 megapixels da Mark II. Mas seu novo design usa pixels que funcionam melhor em condições de baixa luz, mesmo eles sendo menores do que aqueles na Mark II. Aparentemente não faz sentido, eu sei, mas o novo design inclui microlentes gapless – também presentes na 1DX – que basicamente permitem que mais luz chegue aos pixels do sensor. E isso é algo muito bom.

Enquanto a 5D Mark II chegava a um limite de ISO de 6400, a Mark III chega a um ISO de 26,500, com um ISO expandido que chega a impressionantes 102,400. A Canon alega que tirar fotos com ISO 3200 na Mark III produz a mesma quantidade de ruído de tirar fotos com ISO 800 na Mark II, e nossos testes confirmaram isso.

Ao fotografar com ISO 3200, o ruído era notável, mas parecia afetar apenas as áreas escuras de nossa cena de natureza morta – como a cor escura da xícara de café, ou o meio-tom mais escuro em áreas com sombra, nas áreas mais claras da cena o ruído só fica realmente aparente quando você força o ISO da câmera até 6400 ou mais. Detetives particulares e agentes secretos que passam seu tempo em becos escuros irão certamente apreciar a capacidade de poder aumentar o ISO da Mark III até 102,400, mas o resto de nós ficará feliz só pela câmera ainda produzir imagens usáveis com um ISO na faixa de 3200 a 6400.

Em termos de vídeo, o ruído na 5D Mark II ficava notável com o ISO na faixa de 800. Nos nossos testes na Mark III, ele não aparecia até ISO 1600 – e isso quando gravado a noite, sem iluminação dedicada. Dependendo da cena, da finalidade da gravação e da iluminação disponível, você pode facilmente forçar o ISO da Mark III até 8000 e ainda sair com uma gravação que é bem usável. Terá ruído, isso é certeza, mas vídeos são bem mais perdoáveis do que fotografias.

Autofoco: A melhor mudança

A Mark II foi criticada por sua capacidade limitada e lenta de autofoco, que ela herdou da 5D original. Então neste momento o sistema de autofoco de 9 pontos da Mark II tem quase dez anos de idade, e precisa de uma atualização. A Canon certamente percebeu isso. O sistema datado de auto foco de 9 pontos foi substituído pelo monstruoso sistema de 61 pontos  da 1DX. Combinado com o novíssimo processador Mark II o foco é assustadoramente rápido, mesmo quando não tem muita luz.

Com tantos olhos artificiais focados em uma cena e um processador rápido também tornam a 5D Mark III particularmente competente quando se trata de selecionar automaticamente um objeto para mirar ou focar em uma cena, e permanecer com ele. Profissionais podem ajustar e aperfeiçoar a sensibilidade e características de rastreamento da câmera conforme suas necessidades, mas pessoas normais podem ter resultados assustadoramente bons com as seis predefinições. Eles cobrem os cenários mais comuns: rastrear o objeto ou pessoa quando estiver se movendo erraticamente, acelerando e desacelerando rapidamente, ou até mesmo estar sendo coberto por outros objetos no enquadramento. Dizer que o sistema de autofoco da 5D Mark III foi apenas melhorado é pouco. Enquanto a maioria das atualizações da 5D Mark III podem passar como apenas leves refinamentos, o novo sistema de autofoco sozinho pode justificar a compra da nova versão, especialmente quando estiver fotografando coisas que não param quietas. Como atletas, ou crianças, ou cachorrinhos.

Vídeo: Basicamente uma reprise

A 5D Mark III no conjunto é definitivamente uma melhoria  em relação à Mark II. Mas a Canon não fez muita coisa para melhorar suas capacidades de vídeo, o que é estranho. Cineastas independentes adotaram primeiro a 5D Mark II, e depois Hollywood percebeu o seu potencial também. Desde então, a Mark II filmou incontáveis filmes e programas de TV. Eles até mesmo filmaram um episódio inteiro de House com ela. Você poderia imaginar que a Canon iria melhorar consideravelmente as capacidades de vídeo da 5D Mark III. Mas as melhorias são mínimas.

A Mark III tem praticamente os mesmos modos de vídeo e frame rate da Mark II (depois de uma série de atualizações de firmware). Uma novidade: Se você estiver filmando a 1280×720, você pode agora capturar gravações a 60 frames por segundo. Se você não estiver capturando áudio separadamente, a nova saída para headphone é uma melhoria bem vinda por permitir que você monitore o áudio enquanto grava. O botão de seleção giratório maior na parte de trás da Mark III também ganhou funcionalidade touch, permitindo que você ajuste configurações enquanto grava – como níveis de áudio, velocidade do obturador ou abertura do diafragma – sem fazer barulho por girar fisicamente o botão.

Infelizmente, ainda não tem como enviar um sinal de vídeo não comprimido a partir da 5D Mark III. A conexão HDMI é limitada a 720p com overlays de informação que tornam inútil para qualquer coisa que não seja monitorar a cena. Mas tem uma nova opção de codec com um algoritmo de compressão que processa e comprime cada frame individualmente, ao invés de comparar com frames vizinhos, o que torna o pós-processamento e edição mais fácil. E há relatos que as imagens capturadas pela Mark III ficam melhores na pós-produção ao fazer grading e ajustes de correção de cor extremos.

Provavelmente a maior desvantagem de gravar vídeo em uma DSLR é a questão do obturador eletrônico. Ele pode fazer com que objetos em movimento pareçam que estão tremendo e entortando durante movimentos de câmera rápidos. Um objeto se movendo rápido o suficiente irá acabar em uma parte diferente da cena antes que o frame inteiro consiga acompanhar. É um problema nativo das câmeras que usam sensores CMOS – como as DSLRs – mas diminuiu significativamente na 5D Mark III.

Você certamente pode ver isso acontecendo durante nossos testes extremos de panorama acelerado. Durante as pausas bruscas, tudo na cela parece pular de volta para o lugar. Mas em movimentos de câmeras menos bruscos, mal dá para perceber.

HDR: Faça isso no Photoshop

Imagens HDR e DSLRs andam de mãos dadas desde que as duas existem. Fotógrafos normalmente criam HDRs importando arquivos RAW ou uma série de imagens com exposição diferente, em softwares de pós-processamento. Com a 5D Mark III, tudo pode ser feito na câmera.

No modo HDR, a 5D Mark III irá tirar automaticamente três imagens separadas – uma com uma exposição padrão, uma subexposta e uma superexposta – e combinar as três em uma única composição HDR salva no cartão junto com as três imagens fonte. Não tem nem de perto tanto controle criativo quanto um fotógrafo teria usando uma ferramenta como o Photoshop, mas a Canon oferece cinco efeitos diferentes para escolher: natural, art standard, art vivid, art bold, e art embossed.

O modo natural dá uma composição final com um alcance dinâmico um pouco melhor do que se você estivesse fotografando uma única imagem. Como você pode ver nos nossos exemplos, os resultados estão bem longe de serem dramáticos. O art standard produz uma composição final com resultados mais notáveis, mas próximo às bordas de áreas grandes com alto contraste, você começa a ver o efeito HDR processado em exagero pelas quais as imagens HDR infelizmente começaram a ser conhecidas. Se a sua imagem tem muitos detalhes, estes efeitos colaterais ruins não são tão óbvios, e essa configuração pode entregar resultados bem usáveis.

Quanto às opções art vivid, art bold e art embossed, o efeito HDR é muito exagerado para ser usado para qualquer coisa que não seja só para brincar. E mesmo assim, os resultados são bastante exagerados.

Gostamos

Primeiramente, a 5D Mark III tira fotos lindas, e melhora uma câmera que já era fantástica. As pequenas mudanças no corpo tornam a Mark III ainda mais confortável de usar, enquanto os ajustes feitos ao posicionamento dos botões e o layout dos controles são melhorias lógicas que todo mundo irá apreciar. Pessoas que passaram bastante tempo com a Mark II, entretanto, irão ficar um pouco perdidas.

Enquanto o sensor da Mark III oferece apenas uma leve melhora na resolução, é um design completamente novo que melhora as habilidades da câmera com pouca luz. Ele realmente deixa você forçar o ISO da câmera até 3200 – e até mais – sem sofrer com uma quantidade absurda de ruído.

Não gostamos

Dada a popularidade da 5D Mark II entre as pessoas que gostam de fazer vídeo, nós gostaríamos de ver que as habilidades de vídeo da Mark III melhoraram um pouco mais. A adição de uma entrada XLR de microfone é provavelmente pedir demais, mas um modo 60P a 1920×1080 para capturar imagens em alta velocidade e full HD certamente seria apreciado. Enquanto as novas opções de codec para compressão de vídeo tornam editar e o pós-processamento da gravação um pouco mais fácil, a câmera ainda não tem uma maneira de enviar sinal HD não comprimido a partir da câmera. Essa habilidade sozinha tornaria a 5D Mark III um item indispensável.

Devo comprar?

Sim, você deve! Sim, a Mark II ainda é um ótimo negócio, mas a 5D Mark III é melhor. Os refinamentos a tornam uma ferramenta muito melhor para fazer fotos e vídeos. O sistema de autofoco sozinho é suficiente para justificar a escolha da Mark III ao invés da Mark II. Mas são todos os refinamentos – a soma das partes da Mark III – que a tornam a melhor câmera na qual você poderia gastar US$3.500.

Desde que a 5D Mark III foi oficialmente revelada, ela foi apontada como apenas um leve refinamento da 5D Mark II, com um preço maior. Isto é injusto. É mais como uma alternativa viável à Canon 1DX de US$7000. Desde o sistema de autofoco, até o processador e à gloriosa tela, as câmeras compartilham uma quantidade considerável de entranhas. Apesar de a 5D Mark III não sobreviver à um safari fotográfico em uma monção, você estará comprando algumas das melhores partes da nova principal câmera da Canon pela metade do preço. [Canon USA]

Canon EOS 5D Mark III
Preço: US$3500 (corpo)
Sensor: 22.3-megapixels, full-frame (36.0mm x 24.0mm) CMOS
Processador: Digic 5+
ISO máximo: 25,600 (padrão), 102,400 (expandido)
Tamanho máximo da imagem: 5,784 x 3,856
Vídeo: 1080p (24/25/30 fps), 720p (24/25/30/50/60 fps)
Tela: 1.04-milhões de pontos, tela LCD 3,2”

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