Review de Terminator Salvation: melhor que T3 (mas não muito)

No futuro, se você estiver andando por aí e encontrar um Exterminador, não saia correndo.

No futuro, se você estiver andando por aí e encontrar um Exterminador, não saia correndo.

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Grite o nome do seu modelo o mais forte que você puder, tipo “Têêêê OITOCENTOOOSS!!!” ou “MOTO-EXTERMINADOOOOR!!”, e daí saia correndo. Assim as criancinhas lá em 2009 podem Googlar o brinquedinho certo.

A franquia Exterminador do Futuro sempre foi inerentemente ridícula. Estamos falando de robôs assassinos que viajam pelo tempo – sem armas nem roupas, é claro – para não apenas destruir John Connor, líder da Resistência, como também apagar a sua mãe (destruir a mãe da mãe dele, ou a mãe da mãe da mãe dele ou qualquer outra coisa ao longo desta linha genealógica talvez fosse mais fácil, mas talvez um pouco forçado).

E este é exatamente o meu ponto. Nossas franquias ridículas prediletas com frequência atravessam o campo do absurdo e do risível, mas em vez de arriscar andar na corda bamba como fez Star Trek, Terminator Salvation dá um duplo mortal sobre um abismo em cima de uma moto.

Estamos falando de robôs de 20 andares de altura que conseguem se esgueirar por trás de você sem fazer nem um pio e personagens coadjuvantes que deselegantemente demonstram proezas físicas super-heróicas sem ninguém nunca se perguntar “MAS QUE PORRA É ESSA?”.

Há duas linhas de história no filme. Uma, a do John Connor, aka Batman. É sério, ele soava igualzinho ao Batman. Na verdade, ele se parece com o Batman apenas nas primeiras poucas cenas do filme. Depois, nas cenas que, de acordo com os storyboards que eu vi durante minha visita ao set, foram acrescentadas depois de renegociarem com Bale um papel maior, ele parece, sabe, um tanto quanto mais bem-ajustado. O ruim é que boa parte do enredo secundário de Bale, uma sequência na qual Connor esmeradamente desenvolve uma frequência que desativa robôs assassinos da Skynet, é terminada com uma resolução não-cumprida.

A outra história é de Marcus. AGORA ESTA PARTE SERÁ UM SPOILER CASO VOCÊ NÃO TENHA ASSISTIDO AOS TRAILERS. MAS COMO EU ASSUMO QUE VOCÊ VÊ OS TRAILERS, EU NÃO VOU ME SENTIR TÃO MAL DE DIZER.

Marcus é um Exterminador. Ó céus!

O problema do filme é uma parte excessiva da história é a respeito de Marcus. O outro problema do filme é que uma parte excessiva da história é o Marcus saltando de uma cena de perseguição chocha para outra cena de perseguição chocha. É um videogame de duas horas ligando uma série de sequências que têm pouca razão de existir além do estilo de direção repleto de ação do McG.

E não cheio de ação como As Panteras. É muito mais parecido com o muito menos charmoso As Panteras – Detonando.

Claro, o tomo sagrado Exterminador do Futuro 2 também pode ser considerado como um agregado de cenas de perseguição, mas cada cena de perseguição forçava você a prender a respiração. No Terminator Salvation, um gigantesco robô estilo Transformers persegue um caminhão guincho repleto de pessoas. Depois ele lança motocicletas Exterminadoras. Há vários cortes. Daí o caminhão roda de maneira que o guincho acerta um dos Exterminadores como se fosse uma bola de demolição. Sobre uma ponte. Ah, e tem um jato envolvido também.

Você se lembra no T2 quando o bom e velho cavalo de caminhão perseguia aquele moleque sobre uma moto? Cara, como era animal.

Mas acontece que apenas 2/3 de Terminator Salvation é tão depressivo assim. Quando as partes de Marcus e Connor finalmente se convergem em uma incursão louca para detonar a Skynet, o filme passa a apostar naquilo que fez com que o filme original e o T2 fossem tão bons: os bons e velhos Exterminadores, não novas oportunidades de merchandising ou demonstrações frívolas de potência.

Neste último ato, nós vemos Connor devidamente crescido, explorando todo o seu potencial como um soldado/hacker que acerta em cheio o equilíbrio ideal do absurdo previamente mencionado. Nós vemos Marcus, que apesar de não ser um personagem pelo qual desenvolvemos qualquer afeto, possui uma existência particularmente interessante e justificada (incidentalmente, Sam Worthington não atua mal no papel. É o script e a edição e o apagam). E tem um camafeu que sozinho já vale o preço do ingresso. Apaga isso: sem dúvida vale sozinho o preço do ingresso.

Em algum lugar, bem no fundo, Terminator Salvation pode ser um bom filme. Mas ele é tão obviamente Hollywood, tamanho construto de tantos estilos artísticos, enredos, cenas de perseguição, contratos e metáforas pesadas – sem mencionar o script terrível – que ele simplesmente se esqueceu de como ser bom. Em resumo, ele se ocupou muito em ser um filme que não teve tempo de ser divertido.

T3 foi um filme tosco, mas pelo menos o final fatalista dele grudou em você. Ao final de Terminator Salvation, eu saí da sala me perguntando por que eu sequer deveria me importar.

Para mais sobre Terminator Salvation, leia sobre a nossa visita ao set.

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