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[Review] Microsoft Surface 3: um tablet respeitável que pode sair caro como laptop

O Microsoft Surface 3 é um tablet excelente que pode funcionar bem como um laptop. Mas ele talvez seja caro demais.

A Microsoft acertou em cheio com o Surface Pro 3: ele é rápido, elegante e nos impressionou. Ele também é caro! E se ele fosse um pouco menor, e um pouco menos potente, para chegar a um nível de preço mais interessante?

O que é?

O Surface 3 tem todas as características da família Surface: apoio para mesa/colo, uma excelente nova capa com teclado e suporte a caneta stylus. Trata-se de um tablet de 10 polegadas a um preço mais baixo que roda o Windows 8.1 completo, mesmo sem ter um “Pro” no nome.

O processador Intel Atom x7 é menos potente do que o encontrado no principal tablet da Microsoft, mas ainda estamos falando de um computador de verdade capaz de rodar todos os aplicativos de Windows (tanto Metro como desktop). Em outras palavras, é um Microsoft Surface low-end que talvez você queira comprar.

Por que ele importa?

O Microsoft Surface 3 é muito mais do que um simples substituto para o tablet limitado pelo Windows RT: ele marca a entrada da Microsoft em uma nova categoria de computadores -máquinas pequenas, leves e finas equipadas com processadores Intel Atom e Core M.

Essa é uma categoria emergente com uma boa quantidade de tablets surpreendentemente potentes, pequenos dongles HDMI e PCs voltados para reprodução de mídia e sim, até o novo Apple MacBook com Intel Core M. O Surface está no meio disso tudo: mais potente do que os dispositivos low-end, mas muito mais barato do que o notebook da Apple.

Design

O Surface Pro 3 tem um corpo fino e de alumínio, bordas levemente anguladas, um kickstand classudo e um botão Windows mais natural e bem alinhado. Pegue tudo isso, encolha em um tablet de 10 polegadas, deixe-o levemente mais fino e você tem o Microsoft Surface 3.

Ele é quase igual ao principal tablet da Microsoft, mas algumas das pequenas mudanças tornam o tablet melhor em alguns aspectos (e pior em outros). Mas não se preocupe, as melhores coisas do Surface Pro 3 continuam aparecendo no Surface 3.

A porta USB 3.0 de tamanho completo (e não micro) que diferencia os tablets Surface de outros dispositivos com Windows continua na borda direita do dispositivo, assim como a entrada de fone de ouvido de 3.5mm e o plugue Mini DisplayPort. Logo abaixo do kickstand, você encontra um leitor de cartão microSD.

Uma pequena mudança feita pela Microsoft trouxe ótimas ramificações para o aparelho: a empresa desistiu do adaptador proprietário para o carregador e o substituiu por uma porta Micro-USB.

Isso é fantástico: significa que o Surface 3 é o primeiro tablet da Microsoft que pode ser carregado com um cabo padrão, e que um simples adaptador OTG dá ao Surface duas portas USB utilizáveis. Precisa transferir dados entre dois dispositivos USB, mas não quer copiar nada para o armazenamento interno do dispositivo? Com um simples adaptador, você consegue.

A tela é grande (para um tablet), brilhante e impressionantemente bonita. É um display de 10,8 polegadas com proporção 3:2 – o que significa que é um pouco diferente dos painéis widescreen que estamos acostumados. Os pixels extras são ótimos para usar a Surface Pen (mais sobre ela a seguir), mas o Windows e alguns textos ficam pequenos demais tem a escala certa dos objetos. É fácil ajustar isso nas configurações, mas sempre que uso um Windows conversível ele me faz pensar como seria bom ter uma combinação de teclas para dimensionamento de janelas, mas a Microsoft ainda não fez nada disso.

Ao menos a tela é estupidamente brilhante: eu achava perfeitamente confortável com menos de 50% de brilho, e nunca usei mais de 70%. Ótimo.

Nem tudo está melhor, no entanto. Por questões de custo, o kickstand do Surface 3 é um passo atrás em relação ao do ano passado. O Pro 3 conta com uma dobradiça de alta resistência que podia ser usada em praticamente qualquer posição. Isso abre mais possibilidades de uso para o Surface ao facilitar o uso no colo de uma pessoa, ou em diversas outras posições bizarras que uma pessoa fica quando está sentada. Era uma evolução versátil dos kickstands anteriores com um ou dois ângulos de abertura.

No Surface 3, isso foi embora. No lugar de um suporte flexível, ele tem um kickstand com três opções de abertura. É bom, mas não é ótimo.

Com essas três configurações, eu achei bastante confortável usar o Surface 3 na mesa, no colo ou como um tablet. Ele ainda fica em posição boa mesmo com suas pernas cruzadas. Mas se você precisar ajustar um pouco o ângulo da tela… bem, você não conseguirá.

Usando

O Surface Pro 3 se apresentava como “o tablet que pode substituir seu laptop”. O novo Surface 3 é bem menos ambicioso. Ele é “o melhor de um tablet” que “funciona como um laptop quando você precisa”. Eu preciso que ele seja um laptop na maior parte do tempo, então conectei a Surface Type Cover e posicionei o dispositivo no meu colo.

Para ser honesto, fiquei genuinamente surpreso com a qualidade do novo teclado. As teclas são suaves, tanto em textura quando na hora de pressioná-las. Não há muita distância entre elas, mas há resistência e feedback tátil o suficiente para eu me sentir confortável ao digitar.

As teclas são bem grandes, apesar do espaço limitado da capa. É muito bom de digitar. Para mim, funcionou bem. Não é como um teclado “real” de laptop, mas isso não me incomodou tanto durante o uso.

Mas a Type Cover às vezes dá uma impressão de ser barata e inferior. As teclas coloridas são boas, assim como o tecido, mas a retroiluminação LED quase não aparece no espaço entre as teclas. Parece até um defeito, um vazamento de luz, mas é um recurso do teclado – que você pode desligar.

Ainda assim, com a Type Cover o Surface 3 vira um laptop aceitável. Uma barra magnética no topo do teclado faz ele se posicionar próximo à tela, se prendendo sobre o vidro e dando ao Surface a ilusão de uma dobradiça de verdade. Fica autêntico o suficiente para que eu tentasse diversas vezes ajustar o “ângulo” da tela, só para perceber que eu estava preso às três opções do kickstand.

Então ele pode funcionar como um laptop “quando você precisa”, mas o desempenho dele é equivalente a um? Por incrível que pareça, sim! Não há absolutamente nada que eu precise fazer durante um dia de trabalho aqui no Gizmodo que o Surface 3 não aguente. Mensagens instantâneas? Sem problemas. Algumas dúzias de abas abertas no Chrome? Claro. Diversos arquivos abertos no Photoshop? Surpreendentemente, sim – demora um pouco para carregar, mas dá pra usar.

Uma coisa que eu não conseguia fazer, no entanto, era manter o fluxo de trabalho por períodos longos de tempo: a Microsoft diz que o Surface 3 aguenta até 10 horas de bateria, mas eu tive menos da metade disso em meus testes práticos – foram quase cinco horas. Nos testes padrão do Gizmodo, no entanto, ele se saiu um pouco melhor: mais de seis horas recarregando constantemente abas do Chrome, com o Twitter e emails ativos e streaming em tela cheia de vídeos em 1080p no YouTube.

O Surface 3 é bastante portátil: é fino, menor, se dobra com facilidade e faz praticamente tudo o que eu preciso. Não é tão estável em certos ambientes, mas é só aprender como dominar a arte do kickstand para você ter algo quase equivalente (com uma duração meio baixa de bateria).

Tem só uma coisa que o Surface 3 não aguenta muito bem: jogos. Eu sabia que não rodaria, mas não consigo resistir e sempre instalo o Steam nos PCs que surgem na minha mesa – não vale muito o esforço. Se você precisa jogar no seu Surface, vá atrás de jogos na Loja do Windows ou procure alguns títulos indie que não exijam muito do PC.

No entanto, o processador do Surface 3 tem certa potência gráfica: o Atom x7 é baseado na nova arquitetura “Cherry Trail” da Intel, que vende o processamento gráfico melhorado como uma das suas principais características.

Não é o suficiente para jogar, mas ajuda em outras áreas. O Photoshop é completamente usável. O Windows e apps abrem rapidamente com animações fluidas. O Surface 3 consegue até espelhar streaming de vídeo para a sua HDTV a um framerate aceitável – algo que já vimos tablets Bay Trail e máquinas Core M sofrerem para fazer.

Eu imagino que esse chip gráfico atualizado do Surface 3 ajude bastante no suporte à caneta stylus. Não é o primeiro tablet com Atom que eu usei e que tem uma stylus ativa (eu tenho um Dell Venue 8 Pro), mas é a primeira vez que vejo isso sendo feito direito.

A Surface Pen da Microsoft desliza pela tela do tablet sem nenhum lag perceptível, mesmo em programas pesados como o Clip Studio Paint da SmithMicro ou o Photoshop. Não sei se ela é potente o bastante para lidar com o trabalho de artistas profissionais, mas foi o suficiente para eu desenhar um momento constrangedor que passei com minha esposa na semana passada.

Em comparação com o meu Dell Venue 8 Pro, desenhar no Surface 3 foi muito mais tranquilo. A stylus fazia o que eu queria sem nenhum engasgo. Meu app de desenho não travou nem ficou lento. O kickstand consegue ser aberto em uma posição espetacular para desenhistas amadores. Eu esperava um suporte problemático para a stylus, mas felizmente a Microsoft entregou algo muito bem pensado e executado.

Trocar o teclado pela Surface Pen me fez começar a usar o tablet como um tablet, e novamente ele me surpreendeu. O kickstand do Surface resolve muitos dos problemas que tenho com tablets grandes: não é tão estranho nem cansativo segurar um tablet de 10 polegadas no seu colo quando o dispositivo fica em ângulos perfeitos para navegar na internet sentado no sofá. Claro, seria melhor se o Surface 3 tivesse mais posições no seu suporte, mas só a existência de um kickstand bem feito faz uma grande diferença.

Ajuda um pouco também o fato do Surface ter alto-falantes estéreo escondidos nas laterais, tornando-o um bom dispositivo para assistir a filmes. Não são muito altos, mas é uma experiência bastante aceitável.

Gostamos

Os botões do tablet estão nas posições perfeitas: a tecla Windows está na lateral direita, na mesma posição da barra de Charms do Windows 8, e os botões de ligar/desligar e volume estão na parte superior do aparelho. Todos são facilmente acessíveis quando o tablet está sendo usado como um “laptop” e se encaixam perfeitamente nos meus dedos quando uso o dispositivo no modo retrato. Fantástico.

Eu adorei o imã colocado na Type Cover que se prende à borda do tablet. Ele deixa o teclado em um ângulo muito bom, adicionando estabilidade e conforto.

Eu posso carregar o Surface com qualquer cabo microUSB que estiver sobrando em casa. Diga não aos conectores proprietários!

Não gostamos

Não sou fã de câmeras em tablets (sério, fotografem suas férias com outra coisa), e a presente no Surface 3 é no máximo medíocre. Cenas com iluminação média saem ok nas fotos, mas o sensor não é bom com cores brilhantes demais.

O teclado Type Cover é ótimo, mas o trackpad é meio problemático e pequeno.

Amei a Surface Pen. Odiei não ter um lugar para guardá-la quando não está em uso.

A Microsoft vende um dock de tablet por US$ 200. Fisicamente é maravilhoso – ele tem um mecanismo deslizante que se “prende” ao tablet – mas não vale o preço cobrado. O dock só adiciona uma porta USB e uma entrada Mini DisplayPort. Prefira comprar um hub USB em vez disso.

Devo comprar um?

No Brasil, vai ser bastante difícil comprar um; nenhum outro modelo do Surface chegou oficialmente ao país. Mas e se você tiver uma chance de trazer um de fora do país?

Bem, mesmo se você tiver US$ 500 sobrando no bolso e quiser muito em ter um tablet competente com o Windows, não vale a pena comprar. Mas se você tiver US$ 600 sobrando no bolso… bem, aí talvez.

Vou explicar: a versão básica do Surface 3 custa US$ 500, mas só vem com 2 GB de RAM e 64 GB de armazenamento interno – e isso me preocupa muito. É pouca memória, e você não pode colocar mais. Com o passar do tempo, isso pode não ser o bastante.

Eu testei a versão de US$ 600, que vem com 4 GB de memória RAM e 128 GB de armazenamento – mais ou menos o que você espera encontrar em um laptop dessa faixa de preço. É o preço de um iPad com metade do armazenamento, e você ainda pode rodar quase qualquer programa do Windows, incluindo o Photoshop!

Mas mesmo gastando US$ 600, você não conseguirá trocar um laptop pelo Surface 3: você precisa de um teclado extra, que custa US$ 130 a mais – mesmo que a Microsoft destaque fortemente esse acessório opcional como uma parte integrante do Surface. Quer a caneta stylus também? Ela custa mais US$ 50.

Em outras palavras, o pacote completo custará US$ 780, e isso é quase o que você paga para ter um Surface Pro 3, que vem com um processador Core i3 mais veloz e a caneta… mas, novamente, você vai precisar gastar mais pelo teclado.

E caso você se comprometa a gastar mais de US$ 800 em um computador… bem, muitas outras opções surgem. Você consegue um laptop fino com processador potente, mais portas USB e bateria que dura mais tempo. Ou também pode conseguir um híbrido de tablet e notebook mais potente.

Mas ainda assim eu amei o Surface 3. Ele é potente. É muito bem construído. É belíssimo. Eu posso desenhar nele. Faz mais sentido usar um desses do que alguns híbridos destacáveis que temos por aí. O suporte, a tela maior, os imãs bem posicionados e tudo mais ajudam na formação de um produto sólido e muito bom de usar.

Ele é realmente “o melhor de um tablet”, mas para funcionar “como um laptop quando você precisa”, o preço pode ser um pouco salgado.

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