A Xiaomi chegou no Brasil fazendo muito barulho, com preços agressivos e seu modelo de vendas diretas. No entanto, o primeiro smartphone da marca por aqui, o Redmi 2, é um modelo de entrada simples, que, apesar de interessante pelo baixo preço, tinha configurações modestas. O segundo passo da empresa por aqui foi justamente atacar isso, com o Redmi 2 Pro.
O Redmi 2 Pro é uma versão mais, digamos, recheada do smartphone que testamos em agosto, com um preço um pouco superior: R$649 à vista. O destaque fica com os 2GB de RAM, recurso que só está disponível num aparelho como o Moto G, por exemplo, a partir dos R$1.000. Além disso, a versão Pro do aparelho da Xiaomi vem com 16GB de armazenamento. O resto das especificações é idêntica às do irmão mais pobre:
- processador Snapdragon 410 com quatro núcleos
- tela IPS HD de 4,7 polegadas
- câmera traseira de 8 megapixels e frontal de 2 megapixels
- suporte a rede 4G nas duas entradas para chips
Paralelamente à chegada do Redmi 2 Pro no Brasil, a empresa chinesa lançou a versão 7 da sua MIUI, nome dado à personalização do sistema operacional Android feita por ela. Testamos brevemente um Redmi 2 Pro e comentamos estas novidades com você
Mais espaço, mais armazenamento
O Redmi 2 original tinha um desempenho razoável, mas com alguns engasgos aqui e ali, principalmente em apps mais pesados, como o Snapchat. O desempenho melhorou: com o gigabyte extra de memória, você consegue alternar entre apps com mais facilidade e rapidez, sem ter que esperar para ir de um app a outro.
Porém, ele ainda sofre com apps mais pesados: eu não tive problemas no Instagram, mas o Snapchat continua com respostas demoradas, por exemplo, e nem o recurso nativo de limpar RAM, presente na tela de multitarefas, resolveu a questão.
Outro ponto bastante criticado no Redmi 2 “básico” foi a memória: apenas 8GB de armazenamento interno, com possibilidade de expansão com cartão microSD. Isso é pouco, e em pouco tempo seu smartphone estará lotado, ainda que transfira arquivos como fotos e vídeos para o cartão.
Os 16GB parecem ser suficientes. Deles, 13,57GB estão disponíveis para o usuário. Depois de uma semana de uso, muitos apps, algumas fotos, cerca de 20 discos disponíveis em modo offline no Deezer, ainda sobraram 6,5GB. É um espaço considerável.
Além disso, a MIUI tem um limpador de cache e dados de aplicativos automático. Num teste, ele identifica mais de 400MB de lixo que podem ser excluídos. Claro, a tendência é que esse tipo de ferramenta vá perdendo a eficiência à medida que você vai usando o telefone e mais arquivos que não podem ser deletados vão sendo armazenados, mas é uma solução bem simples e prática para momentos de emergência.
MIUI 7
Outra novidade é a MIUI 7. Claro, ela não é exclusiva do aparelho — foi lançada recentemente e está disponível também para a versão básica do Redmi 2. Nos dois casos, o aparelho ainda vem com a versão antiga do sistema instalada, mas basta se conectar a um rede Wi-Fi para baixar a atualização.
Foi minha primeira experiência com a MIUI — nosso review do Redmi 2 foi feito por outro repórter. Eu gostei de usar o aparelho e o sistema. Visualmente, ele é mais bonito que o Android padrão. A tela inicial funciona como a do iOS e reúne todos os seus apps — nada de gavetas de aplicativos. O começo, para quem está acostumado com o Android, é meio estranho, mas depois você se acostuma com a ideia de deixar uma pasta “Outros” para os apps que não usa muito.
O sistema da Xiaomi traz alguns recursos interessantes e é bastante customizável. Na tela de multitarefas, há um botão para limpar a memória RAM, e você pode “travar” alguns dos apps recentes para eles não serem interrompidos.
Há perfis customizáveis de energia, em que você pode escolher se Wi-Fi, 4G e GPS, se o processador deve ser usado em sua plena capacidade, qual o brilho da tela, entre outras opções. Também dá para configurar trocas de perfis de energia de acordo com o horário ou com o nível de bateria — você pode configurar seu smartphone para mudar para um modo mais econômico à noite ou quando a bateria está no fim, por exemplo.
O controle de notificações também mudou nesta versão da MIUI, mas eu particularmente achei bem confuso. Alguns apps simplesmente não apareciam na tela de bloqueio, como acontecia nas poucas horas que usei a versão 6 do sistema, e eu ainda não entendi muito bem o que eu deveria fazer para isto acontecer.
As notificações em si também esbarram no sistema. A MIUI não permite que você expanda notificações para ver mais detalhes e botões de ação. Dar uma olhadinha no que é o email? Não pode. Usar o botão de arquivar para se livrar da mensagem sem precisar ir até o app? Também não dá. Isso é bem frustrante.
A MIUI 7 é baseada no Android 4.4 KitKat. Isto quer dizer que você não terá alguns recursos mais recentes do sistema do Google, como o Smart Lock, que desbloqueia seu smartphone automaticamente em certos locais ou situações, e os controles de volume com o novo modo “Prioridade”. Por outro lado, se você tem uma Mi Band, pode se dar ao luxo de “dispensar” estes recursos: ela permite desbloquear o aparelho sem precisar digitar senha e, ao dormir, ativa automaticamente o modo não perturbe.
A Xiaomi tinha prometido melhorias no uso de energia na nova versão do sistema. Parece que ela cumpriu: sem ter uma bateria especialmente grande, o Redmi 2 Pro teve energia suficiente para ficar ligado durante o dia inteiro na semana em que esteve comigo, sem sustos. Inclusive, me chamou a atenção como, em modo de espera, ele descarrega lentamente. Se você usa pouco o smartphone, a bateria deve durar bem.
Vale a pena?
Em resumo, o Redmi 2 Pro é um bom smartphone. Ele me serviu muito bem durante a semana em que o testei. A tela tem boa resolução, as dimensões do aparelho são boas e ele fica bem na mão, o desempenho fica entre razoável e bom. A câmera, apesar de 8 megapixels não ser um número que chama a atenção nos dias de hoje, é competente e tira fotos com bom nível de detalhe, apesar de o software ser simples demais para quem quer mais configurações. A bateria vai bem, obrigado.
Ao oferecer tudo isso por R$649 (preço à vista), o aparelho da Xiaomi se consolida como uma das melhores opções de compra no mercado brasileiro para quem não quer gastar muito. Ele não é um aparelho capaz de brigar com topos de linha, mas para quem está acostumado com aparelhos de entrada ou até mesmo intermediários de gerações anteriores deve ficar satisfeito com o celular.