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[Review] Realme Watch S: boa opção para quem nunca teve um smartwatch

Primeiro wearable da chinesa Realme traz uma proposta bem simples e fácil de usar, e pode ser ideal para iniciantes nesse segmento.

Realme Watch S Review. Imagem: Caio Carvalho/Gizmodo Brasil

Imagens: Caio Carvalho/Gizmodo Brasil

Além de smartphones, a Realme fez sua estreia no Brasil trazendo os fones Realme Buds Q e o relógio inteligente Realme Watch S. E seguindo a proposta de apostar no que é simples, o smartwatch promete tudo o que você espera de um acessório da categoria, podendo monitorar a saúde (batimentos cardíacos, exercícios, calorias e até sono) por um preço mais em conta do que concorrentes como Galaxy Watch Active 2, Huawei Watch GT 2e e Apple Watch 3.

No Brasil, o Watch S é vendido por R$ 699. Se ele vale tudo isso, é o que eu compartilho com você na análise a seguir.

Realme Watch S

O que é
Primeiro relógio inteligente que a Realme lança no Brasil

Preço
Sugerido: R$ 699. No varejo: em média, R$ 650

Gostei
Bateria que dura por duas semanas; ótimo design com uso confortável; sistema operacional consistente; mais de 100 mostradores pelo app Realme Link

Não gostei
Não é resistente a atividade aquáticas como natação; tela LCD fica abaixo de relógios rivais com AMOLED; dados de frequência cardíaca e sono não são muito confiáveis

Design e tela

Apesar de meu relógio de uso diário ser um Apple Watch Series 4, confesso que tenho preferência por modelos circulares por achar que eles ficam visualmente mais bonitos no pulso. Essa foi a primeira coisa que eu gostei ao usar o Watch S, uma vez que ele não fica tão grande até em pessoas com pulso meio magrelo, como é o meu caso. Além disso, o dispositivo é confortável e não pinica na pele, mesmo na prática de atividade física ou durante o sono.

Parte desse conforto se dá pela construção do produto, que tem uma caixa de 47 mm toda feita em alumínio e pesa somente 48 gramas. Nas laterais, só existem dois botões: o de cima para acessar o menu do relógio e o de baixo para selecionar um dos modos esportivos pré-configurados no acessório. No geral, é um aparelho bem bonito e que remete ao design de relógios clássicos – tanto é que a fabricante cravou algumas marcações ao redor da tela.

O que ficou em falta no lançamento aqui no Brasil são mais opções de pulseira, já que o smartwatch só vem na cor preta. Felizmente, a pulseira de silicone pode ser trocada por modelos de terceiros, desde que respeitem a largura de 22 mm. Outro detalhe importante: apesar de vir com certificação IP68 e resistência à água em até 1,5 metro, a Realme não indica o uso no banho ou em atividades aquáticas que coloquem o relógio em movimento.

O display tem LCD de 1,3 polegada com resolução de 360 x 360 pixels e proteção Corning Gorilla Glass contra riscos. Não que seja um painel ruim: apesar do preto ficar mais cinza do que o preto propriamente dito, ele exibe cores bem vivas e com ótimo brilho para ambientes com bastante luz, incluindo regulagem automática de acordo com a luminosidade. O que me incomodou é que, mesmo no brilho mínimo, a luz emitida pelo Watch S ficou mais forte do que o normal. Poderia ser uma tela AMOLED? Claro que poderia. Mas como se trata de um smartwatch de entrada, tudo certo ele ficar devendo nesse aspecto.

Performance e sistema

A Realme não informa qual processador vem equipado no Watch S. A boa notícia é que, ao longo de quase um mês, ele não apresentou nenhum problema de funcionamento ou travamento. Isso se dá porque o sistema operacional também é da própria Realme; e o software, por sua vez, se mostrou bastante fluido em qualquer tarefa, seja na abertura de apps e nas animações ou mesmo em mostradores – são mais de 100! – que parecem ser um pouco mais pesados.

Como dito anteriormente, são apenas dois botões de controle nas laterais, mas a tela em si é sensível ao toque. Ao ligar o display e arrastar para qualquer um dos lados na tela inicial, você alterna entre os widgets de resumo diário de atividades, clima, monitoramento de sono e outras funções; arraste de cima para baixo para ter acesso às mensagens; ou arraste de baixo para cima para revelar os aplicativos.

É possível visualizar notificações que chegam pelo celular, mas não respondê-las diretamente pelo Watch S. Há ainda controle de músicas e a possibilidade de comandar a câmera do smartphone pela tela do relógio. Apesar de ter notado um ou outro erro de exibição em mensagens do WhatsApp e do Facebook Messenger, a experiência com o sistema do smartwatch foi muito consistente.

Agora a parte chata: o Watch S não possui GPS integrado, o que significa que, para atividades que você queira ter um detalhamento mais completo (como uma corrida ao ar livre, por exemplo), será necessário levar o smartphone junto com você. Também é preciso conectar o acessório a um app chamado Realme Link, que reúne todas as informações coletadas pelo relógio. O aplicativo poderia ter uma interface mais amigável e otimizada, principalmente no iPhone. No entanto, vale destacar que essa falta de polimento não atrapalha o uso como um todo.

Saúde

Não que eu tenha mil e uma exigências com um dispositivo voltado a monitorar saúde e atividade física. Ainda assim, o Realme Watch S me surpreendeu pelo número de funções disponíveis. A começar pelos modos de exercício: são 16 no total, entre eles caminhada, futebol, corrida ao ar livre, basquete, yoga e atividade aeróbica. Todos os dados coletados durante alguma tarefa são enviados para o smartphone, onde pude acompanhar meu progresso ao longo das quase quatro semanas em que estou testando o produto.

O relógio também pode monitorar frequência cardíaca e nível de oxigenação no sangue, embora eu não tenha o hábito de usar esses recursos com frequência no meu dia a dia. Para o sensor de BPM, você pode definir a medição para cada cinco, dez ou 15 minutos, enquanto que para a opção de SpO2 será necessário abrir a função manualmente. Ambas funcionaram como esperado nos meus testes — o medidor de oxigênio ficou bem próximo a um oxímetro digital que meu pai usa quando se consulta em um posto de saúde perto aqui de casa.

O que me deixou encucado é que os números registrados, principalmente na opção de frequência cardíaca, me pareceram um pouco inconsistentes. Em pelo menos quatro dias, o monitor apontava que meus batimentos ficaram exatamente iguais por um longo período de tempo, sem nenhuma alteração.

Essa inconsistência se extende ao monitor de sono do Watch S, que mostra vários períodos de sono, incluindo leve, profundo e REM (a fase do sono que registramos maior atividade cerebral). Acontece que o registro de algumas noites também indicou uma frequência cardíaca fixa. E apesar de eu ter um sono bem pesado, dificilmente acredito que em algum momento da noite eu não tenha um período de inquietação. Logo, não digo para você confiar totalmente nos números coletados pelo dispositivo.

No mais, o Watch S ainda traz um app dedicado para medicação e lembretes periódicos para você ficar em pé e tomar água.

Bateria

Por ter funções de saúde com bastante foco em frequência cardíaca e monitoramento de sono, já era de se esperar que o Watch S tivesse uma bateria com dias de duração. De fato, ele é o tipo de relógio que você coloca no pulso e só tira depois de duas ou até três semanas de uso contínuo. E foi mais ou menos isso o que me aconteceu: em cerca de um mês, eu só precisei de duas recargas – uma após 13 dias e outra há dois dias antes de finalizar esta análise.

Segundo a Realme, o Watch S possui uma bateria de 390 mAh que pode durar até 15 dias com 100% da carga. Nesses 13 dias, eu vi a bateria cair diariamente para algo entre 4% e 8% com o brilho de tela automático ativado e praticamente todos os recursos fitness funcionando. Nem isso foi suficiente para drenar a autonomia de forma significativa. Então mesmo que o seu uso seja mais intenso, provavelmente você vai precisar de pouquíssimas recargas em um mês. O carregamento, inclusive, é por meio de um conector magnético que vem na caixa do gadget.

Vale a pena?

É fato que o Realme Watch S deixa a desejar pela ausência de uma tela AMOLED, GPS integrado e resistência contra água. Dados mais apurados dos monitores de sono e frequência cardíaca também poderiam ser mais confiáveis. Contudo, o relógio inteligente pode ser uma opção viável para quem não quer gastar muito com esse tipo de aparelho. No final das contas, ainda é um acessório bem completo para acompanhar seu progresso em atividades físicas e com a vantagem de não ter que se preocupar muito com bateria, um dos pontos fortes do produto.

Se mesmo assim você prefere investir um pouco mais em prol de funções mais robustas, minhas sugestões são o Galaxy Watch Active, Huawei Watch GT 2 e e Huawei Watch Fit. Todos possuem display AMOLED, com mais brilho e baterias que duram tanto quanto o relógio da Realme.

 

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