[Review] Xbox Kinect: um videogame novo

O periférico da Microsoft que controla os jogos por movimento no Xbox, se executado corretamente, pode muito bem ser o futuro dos videogames. Talvez até do Windows 8 e dos computadores em geral. Mas quão divertido é jogar com o Kinect neste momento?

O periférico da Microsoft que controla os jogos por movimento no Xbox, se executado corretamente, pode muito bem ser o futuro dos videogames. Talvez até do Windows 8 e dos computadores em geral. Mas quão divertido é jogar com o Kinect neste momento?

Detalhes:
Xbox 360 e acessório Kinect
Preço:
US$ 150 (R$ 599 no Brasil)
Jogos de lançamento: Lista completa aqui
Necessidade de espaço: o manual diz cerca de dois metros em relação à TV, mas na verdade é quase três
Preço dos jogos: US$ 50 (dez dólares menos que os jogos normais de Xbox 360)

O Move da Sony e o MotionPlus da Nintendo oferecem o mesmo tipo de jogabilidade, propondo que o jogador use um objeto em forma de bastão para representar algum objeto em um espaço tridimensional dentro do jogo. O Kinect da Microsoft é o único que integra ativamente voz, câmera e sensor para o corpo inteiro aos jogos e também ao uso do videogame.

Apesar de um lançamento cheio de jogos casuais, infantis, de festa e de exercícios — coisas que atraem mais o jogador casual —, é fácil imaginar esta tecnologia adaptada para melhorar qualquer tipo de jogo. Ou, melhor ainda, para criar experiências novas que não são possíveis em qualquer outro videogame, como no caso do Dance Central.

Este é o Dance Central. É um jogo de dança, mas não um daqueles que te faz parecer um daqueles caras que chacoalham bastões para ajudar aviões a pousarem. Isso é algo que não se encontra nem nos arcades mais avançados da atualidade. O fato de você e os seus amigos ficarem ridículos enquanto jogam é só um bônus, assim como o potencial de aprender algumas habilidades aplicáveis no mundo real, como o "Dust-Off" e o "Keyboard Cat".

O Kinect precisa ter um monte de jogos casuais e de minigames, já que o mercado ainda associa controles de movimento com este tipo de coisa. Eu provavelmente compraria um ou dois deles para jogar com visitas não-gamers, mas a verdade é que eles não são mais divertidos do que as suas contrapartes para Wii, apesar da tecnologia permitir mais coisas.

Também é importante perceber como o Kinect contribui com a computação como um todo, tornando possível navegar pelo Xbox usando movimentos e voz.

A navegação por gestos consiste em mover um cursor na tela usando a sua mão no ar, segurando-a no lugar quando quiser selecionar algo. Funciona e tem boa precisão, mas o lado ruim é que as coisas ficam menos ágeis do que se você selecionasse tudo com o controle. A voz, por outro lado, funciona de modo praticamente perfeito em inglês, mesmo com a limitação de apenas poder falar comandos que estejam escritos na tela. Graças aos seus microfones direcionais, ele funciona muito bem mesmo que você esteja assistindo a um filme cheio de diálogos. Se eu tivesse que escolher entre voz e gestos, escolheria voz sempre que possível.

Ah, e também tem chat por vídeo, compatível com o Windows Live Messenger.

* O Gizmodo US tem mais alguns vídeos exclusivos que você pode querer dar uma olhada. 

A experiência é genuinamente nova. Se os jogos de movimento até agora eram comparáveis ao boxe, o Kinect é como kick-boxing. Você pode usar as pernas! Your Shape: Fitness Evolved é como um Wii Fit que realmente sabe se você está fazendo os exercícios direito ou se está apenas trapaceando sentado no sofá. O vôlei do Kinect Sports sabe quando você pulou para uma cortada. O simples fato de você puder usar algo além dos braços para jogar já é motivo de comemoração.

Eu também gosto do que isso significa para os jogos e para a computação em geral. Apenas o fato de você poder navegar pelos menus do Xbox, pelas músicas, filmes e jogos, usando o seu corpo e a sua voz já é uma grande mudança. Uma revolução do tipo que é geralmente guardada para a estreia de um novo console. Eu odeio usar os velhos clichês de Minority Report e Blade Runner, mas poder acenar para uma máquina ou falar com ela e observar os resultados desejados na tela é a realização da ficção científica. Imagine fazer isso não apenas com os seus jogos, mas também no seu desktop, alternando do email para o MSN com um aceno de mão; ordenando "computador, abra o YouTube". Sai pra lá, passado, que o futuro chegou MESMO.

E eu realmente gostei muito do Dance Central como o epítomo da plataforma. Aprender a dançar é constrangedor, e em aulas de dança você passa vergonha na frente de 15 a 30 pessoas. Mas com isso, a coisa fica entre você e a sua sala de estar. Talvez seja um jogo de nicho, atraente apenas para quem gosta de dançar, de jogos de dança, música ou ritmo, mas também mostra o que os desenvolvedores conseguem fazer quando tiram proveito completo da tecnologia que o Kinect oferece. Pense em todas as coisas que você ainda vai poder aprender no conforto da sua cueca em casa.

A maior fonte de problemas do Kinect é estreito campo de visão da câmera. Isso reduz a área útil a um quadrado de cerca de dois metros à frente da TV, e mal consegue acompanhar duas pessoas gesticulando freneticamente uma ao lado da outra. Frequentemente uma das duas sai do campo de visão da câmera e precisa voltar. De fato, para aumentar um pouco essa área de visão, alguns lugares dizem para você colocar o Kinect em cima da TV. Ótima ideia! Pena que é preciso comprar um suporte especial para afixá-la de modo seguro na sua TV. E se você se empolgar e chegar perto demais da câmera, ela vai te lembrar disso, rispidamente, pedindo para que se afaste. A impressão que dá é que, se pudesse, o Kinect te empurraria.

Isso nos traz ao nosso segundo maior problema: você realmente precisa de bastante espaço pra jogar com o Kinect. O apartamento do Matt em Nova York não se mostrou grande o bastante para uma boa experiência, e mesmo a sala de estar da minha relativamente grande casa suburbana pareceu um pouco pequena demais. Eu fiquei o tempo todo desejando tirar o sofá de trás de mim para ter mais espaço. Pessoas com salas de apartamento terão uma experiência pior do que o ideal com o Kinect. E quem quer pagar 150 dólares para uma máquina ficar dizendo que você precisa de uma casa maior?

O fato de você precisar fazer algumas configurações antes de cada jogo, toda vez, é meio chato, mas não tanto quanto o fato de não haver um padrão para navegar pelos menus. Cada jogo faz algo diferente neste quesito. Até mesmo o gesto para chamar o Kinect Guide (uma espécie de menu de pausa) é meio esquisito. No fim das contas, configurar o sistema e fazer com que os gestos funcionem corretamente em múltiplos jogos não é divertido, e nem sempre funciona.

Estou em dúvida. Apesar do potencial da plataforma ser evidente, ainda não está claro como jogos mais mainstream como Gears of War, Dead Rising ou Fable poderão usar estas novas mecânicas. Usar as suas mãos para serrar alienígenas com moto-serras imaginárias? Dar tchauzinho para os seus súditos nas ruas de Albion?

Também não é fácil justificar o preço do negócio, ainda mais sabendo que é necessário comprar no mínimo mais uns dois ou três jogos de 50 dólares para realmente aproveitar o Kinect. E você também precisa de muito espaço — bem mais do que o Wii ou o PS Move —, e isso é um problemão.

O fato de apenas um entre os 17 títulos de lançamento fazer algo realmente novo e envolvente denuncia um lançamento bem fraco, especialmente para quem nem se imagina jogando um simulador de dança. Neste exato momento, se alguém me perguntar "e aí, você está se divertindo com o Kinect?", a minha resposta infelizmente terá que ser algo do tipo "não muito". A não ser que você goste de jogos de dança.

O potencial está presente, mas é preciso pensar no Kinect como um novo console: espere até que os jogos que você realmente queira estejam disponíveis. Ou talvez até a próxima geração.

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