Texto: Rita Stella / Arte: Beatriz Haddad* / Jornal da USP
Secas, inundações, ondas de calor, nevascas. Apesar da perplexidade diante das tragédias ambientais, a compreensão da estreita relação entre ação humana e a natureza parece distante. Mas, bem próximos das cidades, rios contaminados por resíduos de corantes podem afetar o desenvolvimento da estrutura ocular de peixes, como foi verificado em estudos com animais em laboratório. A culpa, segundo resultados de pesquisa recém-publicada, é de corantes vermelhos, compostos químicos utilizados em grande escala pela indústria têxtil.
Esta é a primeira vez que se observa a cegueira por ação de corantes químicos e o alerta vem de grupo de pesquisa da USP em Ribeirão Preto, que avaliou efeitos de três corantes vermelhos – o Disperse Red 60 (DR 60), o DR 73 e o DR 78 – em larvas e embriões de zebrafish, espécie ornamental de peixe também conhecida como paulistinha, mantidos em laboratório. “No caso particular do DR 60 a possibilidade de afetar diretamente os olhos das larvas é de grande preocupação ambiental, mas também do ponto de vista da saúde humana”, afirma Bianca de Arruda Leite, uma das pesquisadoras responsáveis pelo estudo, que realiza seu doutorado sob orientação da professora Danielle Palma de Oliveira, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP e com a colaboração do professor Carlos Gravato, da Universidade de Lisboa, Portugal.