Rivalidade ou cooperação? China e EUA serão vizinhos ao pousar na Lua

As agências espaciais dos países pretendem chegar ao polo sul lunar nos próximos anos – e, por enquanto, não entraram em qualquer acordo
terra vista da lua

A Lua deve se tornar um ponto cada vez mais movimentado no Sistema Solar. Nos próximos dois anos, mais de 10 países pretendem realizar ou participar de missões até o satélite. Uma região particularmente cobiçada é o polo sul, porque há água congelada por lá – que poderia ajudar a sustentar uma base lunar com tripulação e tudo.

Este é o principal alvo dos atuais programas espaciais da China e dos Estados Unidos, que identificaram algumas das mesmas áreas de pouso em potencial para suas missões Chang’e 7 e Artemis 3. A missão chinesa, planejada para 2026, pretende pousar um rover e levar um orbitador; a missão americana, prevista para 2025, pretende enviar astronautas de volta ao satélite pela primeira vez desde 1972.

Dada a coincidência nos objetivos das agências espaciais, está no ar a questão de se (e como) as agências podem coordenar seus planos. Em setembro, o administrador geral da NASA, Bill Nelson, disse em uma conferência internacional que a possibilidade de cooperação no espaço “depende da China”. “Deve haver uma abertura lá, e isso não aconteceu.” 

Na ocasião, ele também observou que as duas agências espaciais haviam coordenado recentemente questões sobre órbitas de espaçonaves em Marte, mas afirmou que haveria uma falta de transparência do lado chinês.

Em e-mail ao Space.com, um porta-voz da NASA disse que “alguma sobreposição [nos locais de pouso pretendidos pelas agências espaciais na Lua] é esperada e não é uma preocupação.” Segundo ele, a NASA estaria “se envolvendo ativamente com [seus] parceiros internacionais para entender seus objetivos e interesses em participar de futuras atividades na superfície lunar”.

Entretanto, em janeiro deste ano, Bill Nelson declarou: “É fato: estamos em uma corrida espacial. E a verdade é que é melhor tomar cuidado para que eles [a agência espacial chinesa] não cheguem a um lugar na lua sob o disfarce de pesquisa científica.”

Na mesma época, o porta-voz da embaixada chinesa em Washington (EUA) rebateu as acusações americanas dizendo que “o espaço sideral não é um campo de luta”. “A China sempre defende o uso pacífico do espaço sideral, se opõe ao armamento e à corrida armamentista no espaço sideral e trabalha ativamente para construir uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade no domínio espacial”.

Um dos vários obstáculos à cooperação entre os países na Lua é a Emenda Wolf, uma lei aprovada pelo Congresso americana em 2011 que restringe a NASA de trabalhar diretamente com organizações chinesas devido a preocupações sobre um possível roubo de tecnologia.

Alguns especialistas, entretanto, estão otimistas sobre a possibilidade de uma futura cooperação no espaço entre a CNSA e a NASA. É o caso de Roger Handberg, professor de ciências políticas da Universidade da Flórida Central. Em entrevista à jornalista Ling Xin, ele lembrou que o processo da exploração espacial é difícil, complicado e caro – e disse que “mesmo os dois poderes podem achar o fardo pesado”.

“Há tempo para se encontrar uma solução que corresponda às expectativas originais do Tratado do Espaço Sideral [de 1967, para a exploração e uso pacíficos do espaço, assinado por mais de 110 países]”.

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