O que você precisa saber sobre o Ryzen, processador da AMD que veio bater de frente com a Intel

Lançamento da AMD é potente, mais em conta e, com o dobro de núcleos, ganha dos concorrentes da Intel, mas há duas pegadinhas

Às vezes, parece que os computadores alcançaram seu ápice de velocidade. Frequentemente, vagando por vídeos no YouTube ou jogando uma partida rápida de Overwatch, as limitações de desempenho parecem ligadas a alguma outra coisa. Sua internet é muito lenta, ou você precisa de uma nova placa de vídeo. Os processadores ficaram mais rápidos — a cada ano a Intel revela uma microarquitetura com afirmações esbaforidas de melhorias poderosas de performance, mas as CPUs não dão um verdadeiro salto há algum tempo. Entretanto, os novos processadores Ryzen, da AMD, chegam muito perto de mudar o jogo.

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Nos últimos anos, a AMD meio que se tornou o primo feio de competidores como Intel e Nvidia. Embora a AMD abasteça o Xbox One e o PS4, a empresa definhou no mercado tradicional de computadores. Pelo lado dos gráficos, a Nvidia pisou na AMD para ficar com a maioria da fatia de mercado — as placas da Nvidia são encontradas em maior parte dos notebooks gamers e em muitas estações de trabalho também. Pelo lado da CPU, a Intel é praticamente unânime quando o assunto é computador. Ver o pequeno adesivo da AMD em um bom notebook é hoje a exceção, não a regra. A AMD desesperadamente quer mudar isso, e o CPU Ryzen é o primeiro passo.

O processador Ryzen, da AMD, é baseado na nova microarquitetura Zen da empresa. O Zen tem quase a metade do tamanho da última microarquitetura da AMD, o Bulldozer, de seis anos de idade. E o Ryzen, rodando no Zen, é muito, muito mais rápido. Não apenas mais rápido que os chips rodando no envelhecido Bulldozer, mas também significativamente mais rápido do que muito do que a Intel tem a oferecer.

Hoje, apenas três chips Ryzen estão disponíveis. E eles funcionam apenas com computadores de mesa. Tem o 1700, que você encontra por cerca de R$ 1620, o 1700x, por R$ 2000, e o 1800x, por R$ 2575.

É quase uma aposta para a AMD lançar sua nova microarquitetura com CPUs de desktop. Os ambientes profissionais estão cada vez mais indo em direção aos notebooks, e isso é o que maior parte dos consumidores procura quando vai às lojas comprar um novo computador. Mas a aposta faz sentido quando você vê como o topo de linha Ryzen 1800x se coloca contra a melhor CPU Kaby Lake da Intel, o i7-7700K. Ele voa ao renderizar imagens 3D no Blender ou vídeos no Handbrake, ou até mesmo o jogo Rise of the Tomb Raider. Em todos os três exemplos, ele se saiu quase duas vezes melhor que o i7, apesar de custar apenas US$ 150 dólares a mais (embora no Brasil a diferença seja significativa, de cerca de mil reais entre os dois).

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Muito da velocidade do Ryzen vem do número de núcleos de processador que vêm dentro da CPU. Tem oito deles, capazes de rodar 16 threads ao mesmo tempo. O i7-7700K tem apenas quatro núclos que rodam oito threads simultaneamente. Então o Ryzen consegue lidar com duas vezes o número de processos simultâneos, o que é especialmente útil quando você precisa renderizar pedaços gigantes de mídia em programas como o Blender e o Handbrake. De acordo com a Intel e a AMD, o processador mais comparável ao 1800X é o i7-6900K, mas ele roda na arquitetura mais antiga Broadwell-E e, bom, está saindo por mais de R$ 5.800.

Isso significa que o Ryzen 1800X entrega o mesmo desempenho por mais da metade do preço. Dinheiro economizado! Mas também tem que significar que existe alguma pegadinha aí. No caso dos novos processadores milagrosos e ultra rápidos da AMD, há duas pegadinhas. A primeira é relacionada à velocidade: o Ryzen ainda é lento em vários exemplos. A Intel dominou tanto o mercado de computadores que muitos desenvolvedores de software otimizaram seus produtos para rodar especificamente bem em CPUs da Intel. Razão pela qual levou duas vezes mais tempo para o 1800X renderizar imagens no Photoshop e pela qual ele esteve pau a pau com o i7-7700K nos benchmarks tanto de WebXPRT e Civilizations VI. É também por isso que ele fez apenas 2.000 pontos a mais no Geekbench 4, apesar de ter o dobro de núcleos.

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Até que os desenvolvedores de software comecem a otimizar suas criações para o Ryzen, ele só conseguira marcar terreno na conquista de disputas de teste de desempenho. E os desenvolvedores de software podem nunca fazer isso, a não ser que a AMD consiga ganhar mais fatia do mercado de CPUs. Embora os representantes da AMD tenham assegurado ao Gizmodo que os desenvolvedores logo conseguirão incorporar muitas otimizações em potencial sob medida para o Ryzen.

Mesmo assim, isso não ajudará com o outro problema do Ryzen: a GPU integrada. As CPUs Ryzen não têm uma. Não há como reproduzir vídeo. Se você quer ver qualquer coisa no seu computador — navegador, sistemas operacionais, até mesmo BIOS —, você precisará gastar dinheiro extra com uma placa de vídeo.

Isso não é um problema para os gamers ou editores e designers renderizando arquivos enormes. Eles já terão investido em uma placa de vídeo. Mas é um problema para os montadores de PC conscientes com orçamento. E continuará sendo um problema até que a AMD lance suas Accelerated Processing United (nome dado pela AMD às suas CPUs com placas de vídeo integrada) ainda neste ano.

As APUs e outros chips que funcionam bem com celulares são certamente o horizonte para o qual estão mirando — a AMD prometeu isso, mas agora o que ela entregou são velocidades incríveis que irão beneficiar apenas uma pequena parcela dos usuários de computador. O que é uma grande pena. O Ryzen roda esquentando menos que o Kaby Lake ou o Skylake e suga menos energia. E é mais rápido. Em quase todos os aspectos que contam, o Ryzen parece superior ao que a Intel está oferecendo atualmente. Mas precisará de mais do que apenas velocidade bruta se quiser ganhar. O custo-benefício em questão de potência do 1800X quase me convenceu de que a AMD têm algo para virar uma competidora — agora coloque isso em um notebook que saia mais barato que a versão da Intel e talvez tenhamos um vencedor.

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